quarta-feira, 14 de julho de 2010

Que friL, tchê!

O prédio em que dou aulas à noite é, durante o dia, uma escola estadual. Ou seja, todas as salas têm janelas quebradas. O fato de só podermos usar as salas do segundo andar ainda contribui com as ditas janelas para que experimentemos, durante a aula, todo o frio que está fazendo lá fora. O lado bom: não morro de frio quando saio para a rua. O lado ruim: corro risco de morrer de frio a cada momento em aula. Grande incentivo para pôr em prática uma pedagogia agitada e dinâmica. Se parar, congela.

Mas, como a maioria das aventuras em que nos envolvemos sem muita noção do que estamos fazendo, descobri também coisas boas nessa experiência que jamais teria me imposto conscientemente (dar aulas a 0 graus Celsius ou menos - sensação térmica). Por exemplo, descobri que sobreviver ao congelamento dá superpoderes.

O que um professor congelado pode fazer:
  • tocar na água com conforto: a torneira libera água mais quente que sua mão;
  • pisar descalço no chão do banheiro (ao chegar em casa): seus pés efetivamente aquecem expostos ao chão;
  • reunir antissociais aos grupos: qualquer aluno admite que é melhor sentar perto dos outros que longe;
  • passar pelo fogo: não adianta fazer café, então é melhor usar o fogo embaixo da chaleira, que não o fere;
  • sobreviver sem oxigênio: entre respirar fora das cobertas e ficar sem ar embaixo, o corpo aprendeu que é melhor ficar embaixo mesmo, já que não sabe quando a mente sadomasoquista do professor o forçará a voltar para a sala de aula.

5 comentários:

Carla M. disse...

Ainda bem que tu sobrevive!

Tigre disse...

Bom saber que é boa notícia. rs

Fê Bellini disse...

Bah, eu tenho super poderes! Gostei de ver que aplico uma prática pedagógica tão cheia de vigor! Será que Freire iria achar o "se parar,congela" libertador?

Tigre disse...

Sofrimento transformado em ferramenta pedagógica? Tenho que ele certeza que ele nos olha do Além e sorri... :P

Carla M. disse...

Claro que é boa notícia, fico menos preocupada com o fato de que tu tenha esquecido o cachecol, rs.