terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Idiossincrasias de Montevidéu

Eu devo dizer que Montevidéu (e o que peguei do Uruguai) é um lugar com elementos pitorescos que exigem comentários. Primeiro, no entanto, um aviso: este não é um post para elogios de viagem, por mais que eu tenha curtido o local. Assim, assumam que concordo com os elogios clássicos ao Uruguai, com exceção do que se diz sobre o "povo acolhedor e muito simpático". Eles não são ruins, mas me parecem absolutamente normais. Aliás, as pessoas que me trataram de forma digna de nota eram turistas ou naturalizados. Vamos dizer assim: se o Uruguai merece notas altas em receptividade, então o Brasil é realmente anormal em sua hospitalidade.

O primeiro elemento curioso é que eles vão muito além de usar as praças, como se fala. Eles usam a rua, ocupam-na mesmo. Ela é lugar para tudo, até para cochilar. Não se trata de um que outro, nem de doido ou morador de rua. Por essa naturalidade, em toda rua parece ter pelo menos um sujeito sentado tranquilamente na soleira da porta. Mulher com cachorro, amigos conversando, velho cansado, o degrau da porta é para todos e todas.

Segundo elemento: o domínio sobre a água. Que chuveiros bons! Ok, eu usei de hotel, de pousada e de um apartamento, mas todos são fantásticos tanto para aquecimento quanto para controle da quantidade de água. A água da torneira também é boa! Francamente não sei por que temos tanta dificuldade nessa área - ou, sei lá, o motivo para o mercado de chuveiros ser tão mal servido no sul do Brasil...

Além de tudo, Montevidéu parece estar à venda (a parte de dentro da muralha, em Colônia de Sacramento, também). Com tantos prédios renovados de forma genial, tanto local antiquíssimo mantido e reutilizado com máximo conforto, a quantidade de prédios à venda e de ruínas com plaquinhas de que estão sendo renovadas é um tanto chocante e provoca certa pena. Fico sem saber se posso acreditar que esses locais se tornarão outros tantos bons de se conhecer como os que vi, ou se passei por um resquício de investimentos que morreram.

Por fim, as moscas. O país é medianamente limpo, os restaurantes não parecem dever nada aos nossos, mas há sempre, no mínimo, uma mosca em todo lugar. Sua presença é tão chata que fiquei imaginando as propagandas de Turismo com o escudo de Montevidéu, ou a imagem do Artigas, e uma mosquinha sempre pousando no logo - Ok, há uma exceção, um café chamado "Ouro do Reno", em que não vi mosca alguma...

Como isso parece uma crítica mais pesada do que realmente é, vou terminar com um elogio um tanto clássico: a carne é ótima. Como acontece com o café em Natal, qualquer birosca tem carne boa de verdade! Nossa, que diferença para o mercado cada vez mais complicado do Rio de Grande do Sul, onde a gente sofre tanto no orçamento para conseguir ainda comer carne, que sempre se revela não ser lá essas coisas.