segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Entre a palmada e a realidade

Hoje eu vi uma sequencia de cenas que me lembraram demais a lei contra a palmada.

Estávamos três, nitidamente não moradores da vila, num bar e entraram dois garotos de mais ou menos 15 anos. Um comprou um cigarro, o outro uma cerveja. Acenderam e abriram ali mesmo, saíram bebendo e tragando. Na hora de pedir a tal bebida, aliás, o diálogo foi este:

- Me vê uma bebida aí, X.
- Pode ser "guaraná", cara?
- Pode.

A nomenclatura veio por nossa presença, suponho. Muitas coisas pareciam fora do lugar por nossa conta, os estrangeiros, como sempre acontece em vilas (ou em shoppings, invertendo o público), bem se sabe. 

Mesmo assim, foi curioso que esse pessoal, muito ressabiado a nosso respeito, foi unânime ao falar sobre violência na região: a grande fonte são questões domésticas. Duas posturas: não se meter ou pensar que mais policiamento seria bom. 

É óbvio que a polícia só aparece lá se chamada, horas depois, claro. No resto do tempo, não há ronda, visita, ou mesmo delegacia perto. Faz-se de conta que esse região, bastante violenta, vive na paz das árvores e morros que existem na volta.

Aliás, essa vila, marcada pela violência doméstica, acaba de derrubar a administração da creche estadual que existe bem na sua entrada. Motivo? Violência com as crianças. Pode-se imaginar uma postura hipócrita como "no meu filho só bato eu", mas, pelas descrições, não foi nada disso...

É claro que o tráfico também contribui com a violência no local. Trata-se de uma região controlada agora por uma gangue originária (e sediada) num bairro bem distante: se fosse possível seguir em linha reta entre os dois pontos, ignorando morros, ruas e quadras, poderíamos dizer que há 8km entre eles. De ônibus, num trânsito bom, leva-se duas horas entre as duas vilas. Mas eles chegaram lá, brigaram e venceram (rapidamente).

No entanto, o governo fez a sua parte contra a violência. Proibiu a palmada.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Sê útil!


Juro que esta notícia, em que "serviços comunitários" são o que o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira faz no Fórum Criminal da Barra Funda, implica para mim que o serviço político não ajuda a comunidade. O político está sendo punido tendo de ser útil à sociedade.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Carnaval: por que foi bom ignorar

Eu nunca tive muito interesse pelo Carnaval, mas o valor de nosso salário (ou o fato de ganharmos algum) determina muito o quanto podemos nos esquivar de um fenômeno socialmente importante. Foi há poucos anos, portanto, que minha distância do Carnaval passou a ser digna de nota. A recente onda terrível de calor, no entanto, me excluiu de tal forma do mundo que essa distância atingiu o nível absoluto nos últimos dias. 

Ainda a contragosto, quando o tempo voltou a ser suportável, vi algumas manchetes online a respeito do assunto, e as inevitáveis fotos de madrinhas da bateria. Acredito que essa crescente falta de contato, no entanto, deu um sabor de novidade, ou de surpresa, à triste e previsível constatação de que o Carnaval seguiu piorando.

Bom, a questão é que estou surpreso com o peso de silicone, plásticas e músculos que fazem uma "mulher" no Carnaval. As poucas que ainda parecem bonitas são de uma geração anterior às que brilham no centro do mercado. As "mais velhas", em geral, estão mais cobertas, ou por toneladas de lantejoulas e armações que não revelam, realmente, nada que uma roupa normal esconderia; ou por roupas de fato normais, como saias e camisas. Até a semi-nudez está restrita às obras faraônicas da cirurgia. Não barateiem minha crítica imaginando que falo isso para exigir mulheres bonitas peladas pela rua. O Brasil em nada depende do Carnaval para isso. Apenas essa restrição da semi-nudez me parece ser uma indicação bastante clara de que o corpo feminino como objeto puramente sintético não é apenas um mas o único objeto de mercado que se tem em mente para todo o filão que o Carnaval promove (é verdade, muito se alimentando, ou retro-alimentando, o mercado do funk, de seus antecessores e dos derivados).

A Ellen Roche, na verdade, é a mais jovem, a última, portanto, que ainda dança profissionalmente no Carnaval e lembra a forma feminina que eu tenho mais ou menos em mente quando a palavra "mulher" me é mencionada. Ok, ela não é uma boa representação da média, mas ela LEMBRA a média do corpo feminino, o que hoje em dia é muito! Para dar uma ideia, nessa indústria obviamente da juventude, Ellen Roche já tem 32 anos! Seu estouro redundante foi na Playboy de 2001 (cf. Wikipedia, pessoal, não se assustem)! Lá se vão 11 anos. (Perspectiva nerd: quando ela posou para a Playboy, Senhor dos Aneis ainda não tinha estreado no cinema.)

Eu não acho que o Carnaval brasileiro tenha grandes razões defensáveis para existir, moralmente falando. Aceito, caso queiram, a acusação (é a palavra) de que este post tem uma motivação moral. Mas o fiz mesmo por um motivo bastante egoísta. Toda vez que um determinado nicho de mercado se define por um padrão aberrante de beleza, ele vira argumento para mulheres que não conseguem emagrecer acusarem os homens de só quererem aquele padrão de beleza que tal nicho vende, como se ele fosse representação real e universal do gosto masculino e não o resultado de uma superespecialização de determinado tipo de tesão exagerado a níveis montruosos. O efeito colateral que acompanha este, claro, é o de gerar propagandas que dizem defender uma beleza "natural" contra esse padrão que supostamente vem dos homens.

Bom, eu tenho a dizer apenas que os músculos siliconados e repuxados que vi nas fotos deste Carnaval em nada me lembram não apenas mulheres bonitas, mas "mulheres" pura e simplesmente. Não há corpo ou rosto ao menos aceitáveis para o adjetivo "bonito" naquelas avenidas. E tais fotos apenas reafirmam que ignorar totalmente o Carnaval foi uma opção de estranha sabedoria, pois só mesmo um caso extremo como esse para me fazer acatar, mesmo que de forma ultralocalizada, o ditado "ignorance is bliss".

PS: A quem achar este texto machista (imagino que alguém que desconheça o blog e esbarre acidentalmente, daqui a alguns anos, neste texto), minhas desculpas, mas há espaço para comentar e explicar o porquê. Apenas aviso que as mulheres aqui são tratadas quase que só pela beleza física porque esta é a proposta do Carnaval tal como o sofremos midiaticamente, e não há sentido pedir teses interessantes sobre física quântica de mulheres que se propuseram inicialmente a serem medidas unicamente pela habilidade de dançar peladas movendo menos carne e pele que as rivais.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Estado Laico

Texto velho e um tanto longo (pra internet), mas claro e bem informado a respeito do "Estado laico". Mais do que isso, ele destaca exatamente o aspecto que me parece mais importante e que é mais ignorado nas discussões a respeito até hoje. Isso é fundamental, já que este blog é meu: o que "me parece mais importate", aqui, é muito importante ;)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Filosofias de uma noite de verão

Há quase um mês, a cidade esfria um pouquinho.. e torra de novo, esfria um poquinho... e torra de novo. Os dias de insistente e irritante calor são bem mais numerosos que os de calor suportável. Para quem não pode apelar ao ar condicionado, ou o pode apenas em circunstâncias muito restritas, a busca pelo vento se torna quase obsessiva.

Percebe-se imediatamente que, na maioria dos dias quentes, as folhas das árvores não se mexem, as roupas nos varais não balançam, nada se sente quando se sai à rua. Não há vento lá fora. Dentro de casa, o mormaço é irritante e fala por si: não há vento aqui dentro.

Mas nas janelas sente-se algo. Pequeno frescor. Um movimentozinho de ar um pouco mais agradável, um vento entre o ar parado da rua e o ar parado da casa... Impõe-se a conclusão de que as janelas mentem muito.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Mortes em perspectiva

As aulas estão voltando e, por algum motivo, elas me inspiraram um cálculo: turmas brasileiras costumam ter mais ou menos 30 alunos (em geral mais, ok). Isso significa que, durante os poucos dias de greve (ou motim, se preferem) da polícia baiana, morreram o equivalente a 6 turmas inteirinhas de uma escola qualquer.

Bom Carnaval.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Mercadante soluciona a educação

A profissão do político é fazer promessas e não as cumprir. Mercadante, portanto, começou bem seu exercício como ministro da Educação. Uma de suas primeiras atividades foi fazer promessas impossíveis. Fossem elas possíveis, teríamos motivos para duvidar de sua seriedade de homem público. Ele, de fato, não parou nas promessas inúteis, fez propostas para solucionar os problemas educacionais do país. Vamos nos divertir um pouco:

Começou por se pronunciar a respeito da importância de se formar as crianças "na idade correta", em vez de fazer programas para recuperar os alunos depois. Temo dizer que aqui ele expõe sua situação de recém-chegado. No caso do governo, quem acha que precisa dizer uma coisa dessas nitidamente descobriu ontem que existe Educação. Trata-se apenas do problema mais velho que ainda persiste na educação formal democrática (aquela que diz ser para toda a população). Mercadante começa apenas a engatinhar no problema... de forma alguma algo que queremos num ministro da Educação! Mas, é o que temos. Vamos adiante!

O outro problema da afirmação é que "a idade correta" é uma expressão que serve ao governo ou empresa que controla a escola. De forma alguma ela serve ao aluno, que respeita o corte por idade apenas porque lhe é imposto. Nada na medicina, na filosofia ou na religião parece indicar que as pessoas aprendam as mesmas coisas sempre nas mesmas idades. Por que isso é relevante? Porque o ministro acha que a escola deve ser "interessante" para o aluno, de 4 a 17 anos, que insiste em abandoná-la.

Ora, se ESSE é o problema, tem-se realmente uma tragédia neste país! Para começar, o que cada aluno acha interessante varia muito, mesmo numa mesma faixa de idade. Tornar a escola interessante para todos, em todas as idades, pode contradizer em muito as milhões de bandeiras que lutam por um espaço dentro dela (Igreja, ONGs, Movimentos Étnicos, Feminismo...). E se as crianças acharem interessantes assuntos ou posições que não estão na moda? E se elas não acharem interessantes a bandeira da vez?! Contradiz, com certeza, a organização das escolas seriadas, ainda que os Ciclos não resolvam esse problema também. E agora? Acabar com as séries (em nome do interesse do aluno) atrapalha a ideia do sr. ministro de formar as crianças no prazo de validade estipulado em sua política... "Interessante para o aluno" e "conforme a agenda do ministro"? Complicado.

E por que o corte de idade tão baixo? Não é só que o "interesse" pela escola costuma ser problema significativo depois de os alunos terem uns 10 anos (algo útil para o ministro da Educação saber, devo dizer); antes disso, mesmo que o sujeito não queira ir à aula, não há muito o que ele possa fazer a respeito... Há quanto tempo Mercadante não vê uma criança de 4 anos para não lembrar disso? Será que é seguro alguém tão enclausurado coordenar a Educação do Brasil? É claro que, em famílias extremamente desestruturadas (com 16 crianças dormindo numa salinha, ou uma em que os pais proíbam as crianças de ficar em casa a não ser para dormir, por exemplo), uma criança deixa de ir à escola com qualquer idade. Especialmente se os outros braços do governo, como o (quase extinto) conselho tutelar, não funcionam direito. Mercadante está disposto a cuidar das famílias carentes e fornecer apoio a todos os problemas que as escolas diagnosticam, em vez de deixar que elas sigam sendo ignoradas, tendo de lidar com os males que afetam sua comunidade em completo abandono?

Ops, estou fugindo do assunto!

Afinal, por que Mercadante falava mesmo sobre idade de alfabetização? Qual era a questão? Ah, porque ele quer premiar escolas que alfabetizem todos os alunos até os 8 anos!

Será que ele sabe que os alunos de uma mesma série nem sempre têm a mesma idade? Será que ele sabe quão atrasados os pais conseguem que certos filhos cheguem ao ensino formal? Será que ele sabe que nenhuma escola pública brasileira atingiria essa cota sem mentir (a menos que haja uma revolução educacional gigantesca no país, uma que Mercadante, claramente, não faz ideia qual é)? Será que ele sabe que algumas mentiriam? Será que ele sabe que isso pode facilmente excluir os alunos com deficiência que conseguem cursar a escola tradicional? Será que ele sabe que é feio nem contar esses alunos, quando o governo mesmo insiste sobre a importância de sua formação em ambientes tradicionais, sem dar verbas, estruturas ou profissionais para que isso seja feito?

São muitas dúvidas, mas elas devem se multiplicar sorrateiramente em nossas mentes, porque nossa atenção deve redobrar quando o ministro afirma como vai conseguir realizar essa façanha falaciosa. Como mesmo? Ah, sim! Ele vai premiar as escolas que conseguirem isso.

Sabem de uma coisa? Eu sempre suspeitei que as escolas estavam mesmo por um fio para alfabetizar todos os seus alunos. Só faltava uma boa desculpa. No momento em que Mercadante promete um bônus para as escolas, com certeza todas pararão de esconder suas fórmulas mágicas e resolverão o problema da alfabetização. Sem distorções, sem mentiras, sem escolha ilegal de alunos, sem exclusão de parte deles para os testes. Nada. Essa ajudinha financeira vai resolver tudo. Como não se pensou nisso antes? Ah, esses alfabetizadores que escondem na manga como salvar a nação... 

Como sempre, aliás, a verba vai para o milagreiro, não para o doente. Mercadante não pensa que quem deve precisar de ajuda é o pescador se afogando; o prêmio vai mesmo para o amigo dele que jura caminhar nas águas. Como sempre, o governo confunde sua posição. Ele acha que é cliente da escola, não sabe que o problema também é diretamente seu! Que a responsabilidade é sua. Nosso ministro ainda não entendeu (pobrezinho, como disse, chegou há pouco, entendam...) que está dentro da escola, ou deveria estar. Não é sua posição dar tapinhas nas costas do melhor! Sua posição é descobrir (ou perguntar qual é) o problema e fazer o possível e o impossível para resolver. Se há uma crise, idealmente um ministro da Educação ajuda ou afunda junto. Políticos são tão acostumados a abandonar o barco que nem percebem as responsabilidades que (retoricamente) tomam para si. 

Vamos torcer que aprenda rápido qual sua posição e o quanto o MEC está devendo. Coitadinho, tão inexperiente, já chefiando a Educação.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Baianos morrendo para o governo ganhar negociação

Vou falar de longe em relação à greve dos policiais da Bahia, no calor do momento, então me perdoem qualquer equívoco, mas queria comentar umas coisas que me parecem bizarras na história toda.

Para início de conversa, comentou-se muito sobre seis dias de greve terem provocado tantos porcento das mortes que aconteceram em Salvador, no ano passado. O que não vejo ninguém comentar é que isso indica, de fato, que houve 175 homicídios no mês de fevereiro de 2011. Como diria o Faustão, "pora, meu!". 

É mesmo o caso de se supor que, se a polícia parar, vai feder. E fedeu. Tudo bem que muitos casos de vandalismo estão sendo contados como provocados por agitadores, baderneiros, comparsas e até grevistas. Vamos supor que sim: e daí? Isso não quer dizer que os grevistas ou comparsas sairiam por aí matando pessoas por Salvador, só para fazer pressão. A criminalidade aumentou absurdamente, o que é de se esperar com ou sem ajuda consciente do movimento. A posteriori, isso seria relevante, num país com polícia moderna. Como não é o caso...

Eu, pessoalmente, sou muito cético a respeito de grevistas sendo acusados. Particularmente porque eu sei bem quão baixas e falsas são as acusações que políticos e comparsas (sim, todos os têm) fazem quando qualquer grupo de trabalhadores pára a fim de exigir o óbvio ululante. Meu ponto, no entanto, é que, mesmo que as acusações fossem verdadeiras, existem questões mais terríveis a serem focadas.

Por exemplo, quantos dos 175 assassinatos de 2011 foram desvendados? Quantos assassinos foram presos? Quantos vocês acham que serão investigados e concluídos dessa vez?

O crime, em amplo espectro, aumentou. Como o governo reage? Da MESMA FORMA que reage quando absolutamente qualquer profissional pára: acusações clássicas, ofertas ridículas (para fingir negociação) e exigências de quem se coloca no lado forte da queda-de-braço. 

Em termos de disputa, beleza, o governo precisa sempre se manter retoricamente como figura forte. Qual o problema nesse caso então? O problema é que a cidade, no mínimo, está sendo violentada e quase 100 pessoas já morreram. E o governo responde com táticas de negociação de greves de professores (retórica irritante também nesse caso, mas, digamos, com efeitos colaterais menos trágicos)! "Vamos negociar se pararem a greve", "oferecemos o reajuste que sabemos que vocês não querem", "estamos preocupados com a nossa segurança"...

Isso sem contar, claro, o que nunca consigo perdoar em nenhuma situação de greve: que os políticos deixam uma crise virar paralisação. Sindicatos estão sempre negociando com o governo. Em geral, é possível prever uma greve há muitos meses de distância, se se está dentro da brincadeira. Mas o governo deixa rolar, se faz de forte, brinca de roleta russa com a cabeça do trabalhador em questão, de suas famílias e da população.

Nisso, preocupações emergiais do governo baiano (e federal): turismo empacado e imagem ruim para a Copa... E a população morrendo? A população que morra! 

Nada de novo no front.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

As verdades relativas dos direitos humanos

Olhando por essas lentes...

Li há pouco uma daquelas grandes não-notícias que marcam nosso jornalismo: "O governo cubano negou a autorização para que Yoani Sánchez saísse do país".

Não é uma notícia já que não há aí qualquer novidade, qualquer resultado imprevisto, qualquer consequência diferente das 18 vezes anteriores. Como não é notícia Dilma não ter feito nada a respeito (ou mesmo se pronunciado a respeito, que me conste). Yoani disse que ficou decepcionada com a presidente ter ido a Cuba ignorando quaisquer temáticas de Direitos Humanos, mas preciso crer que é mais uma afirmação política obrigatória da blogueira do que sentimento verdadeiro de surpresa. 

No entanto, é preciso assumir que, da política externa à Comissão da Verdade (ridícula do batismo à maturidade), Dilma demonstrou como é forte: poucas pessoas poderiam passar por luta armada (direta ou indiretamente) e pelos "porões da ditadura" para depois (tão consistentemente) se abster das causas humanitárias e do problema do sigilo de informações da história do país. 

A "abertura" das atividades políticas contemporâneas (fora da categoria "segredo de segurança") que sancionou é também ela uma vergonha, porque óbvia - ainda que sejamos tão paupérrimos politicamente que devamos agradecer quando qualquer presidente chove no molhado, tentando garantir por lei direitos que já temos. A ação atestou que é preciso ser lei para que os políticos assumam que trabalham para o público, e que o povo tem o direito de saber o que diabos eles fazem quando folgam dos desvios e discursos vazios para cuidar um pouco da coisa pública.

Yoani precisa expressar um desapontamento com o óbvio; jornalistas precisam "noticiar" silêncio de Dilma... É como o clima. Precisa estar na primeira página, para o editor do jornal se sentir bem. Mas nem por isso é notícia. Chocante, interessante, instigante, seria mesmo o contrário de tudo isso.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Porto Alegre e o cinema

Um dia, queria ouvir o anúncio na TV:

"Ele cumpria as leis... até que um dia sua mulher e seus filhos foram tomados pelo calor. Então ele decidiu abandonar as regras e abrir fogo contra a temperatura alta! Pela primeira vez na televisão, filme que concorreu ao Oscar de Melhores Efeitos Especiais: Fucking Heat - um policial da gelada! Com Kurt Russel. Domingo, no SBT"

Seria pura catarse...