domingo, 17 de julho de 2011

Príncipe Encantava

Para onde foi aquela mulher de quadris largos que vai me dar um herdeiro digno de seguir aumentando minhas terras e comandar tantos servos?

O príncipe encantado não lava a louça, não arruma a cama, não limpa a  casa, não organiza suas coisas nas prateleiras, não recolhe roupa nem guarda o que é seu, e ninguém sabe como se sai depois das preliminares, ainda que "viveram felizes para sempre" possa ser lido como um eufemismo. Tirando o último elemento, portanto, e apenas se formos leitores maliciosos, nada mais do clichê atual da perfeição se encaixa com aquele dono de terras belicoso. Aquele cara faz o favor de matar a madrasta de sua pretendente, espantar as rivais e, em muitos casos, matar um monstro, mas não exibe grandes méritos do que se esperaria num homem moderno. Por que, então, ele segue sendo símbolo de expectativas idealistas femininas?

Contrapondo, lembremos que um homem que resolva seus conflitos na porrada, ande armado e cante uma mulher o quanto possa unicamente baseado em tê-la achado bonita é considerado péssima notícia. Nem por isso, no entanto, esse cara, mesmo que bonito, teria seu comportamento creditado a lendas remotas ou contos infantis. Seriam culpados imediatamente os genes masculinos ou uma simples e genérica estupidez de neandertal. Não é culpa da TV ou da carochinha, é que ele é homem.

O pobre príncipe encantado não dá mais conta dos desejos femininos. Por mais que a grana dele continue sendo cobiçada por muitas em seus partidos, isso mesmo está restrito demais comparado com o uso da expressão. Deixemos o coitado em paz. O idealismo não vem da Disney há muito tempo.

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