domingo, 18 de julho de 2010

Trabalho hebreu de inspiração divina, baratinho... Quem quer?

Oh, you're selling religion... I'm sorry, I bought some Islam yesterday.
House MD

Quando vi na tela uma imagem (mal) gerada em computador da Arca da Aliança e, no canto da imagem, o logo do Polishop, tive de aumentar o volume rápido e ouvir de que diabos eles estavam falando. Qual o primeiro comentário do "convidado" a respeito da Arca? "Você já imaginou o valor de um objeto desses?" Primeira consideração (mesmo sem volume, vi que quem falava antes era o "apresentador", não o convidado)! O valor histórico veio em seguida, comentado separadamente. É verdade, será que a mão-de-obra encareceu muito a construção? Será que o ouro aguentou as vezes em que a Arca foi levada em saques, ou o tempo de viagem na época nômade dos hebreus? Detalhe ainda mais triste: descobri que a propaganda que eu estava assistindo é de 2009 ou antes, ou seja, por mais de um ano a porcaria anda solta por aí.

Sempre é legal quando pessoas que lucram com religião admitem que é exatamente essa sua profissão, não? Claro, se questionado a respeito, ele comentaria no outro sentido, mas, sendo falar desse lucro a coisa mais próxima de uma confissão que se tiraria dele na TV, aceito-a. Ele e o "apresentador" iam naquele caminho "evangélico" de falar (ou neo-protestante, como prefiro chamá-los). Aquela paz entre as estratégias midiáticas modernas e a beatitude humanisticamente esclarecida (dentro do possível). No caso, a Arca tinha aparecido porque eles vendiam ali 13 DVDs com filmes baseados em cenas da Bíblia. Eu francamente não aguentei assistir o suficiente para entender se os DVDs ofereciam comentários "científicos" problematizando as possibilidades paranóicas de que a Bíblia representasse fatos reais comprováveis em suas histórias, mas parece que sim.

Enfim, o comentário sobre o valor de mercado que teria uma Arca coberta de ouro e enfeitada com querubins foi apenas a surpresa de se ver a ponta do iceberg. Lembrou-me imediatamente de um amigo neo-protestante que me falou que deveríamos (todos) recuperar a capacidade de nos impressionar, que todos estamos muito apáticos frente ao mundo. Talvez eu esteja no bom caminho, então, porque me surpreende que encontrar manifestações claras das pessoas que vendem religião ainda possa me surpreender.

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