sexta-feira, 23 de julho de 2010

Eleitor é brasileiro, mas não tanto!

O engraçado da retórica é que ela é uma força quase independente do falante que a utiliza. Sempre parece ter vida própria. Por exemplo, Serra acusou mais e mais ontem, em Porto Alegre, que as FARCs estão ligadas ao narcotráfico... Hmmm! O desvio, dando ênfase ao óbvio e menos à questão FARC-PT, fez com que praticamente exigisse de Dilma uma explicação sobre a ligação dos colombianos com o tráfico, e não do problema de uma ligação disso tudo com o partido. Sei que pode ser tratado como se a ligação com o PT estivesse implícita, pois todos sabiam de que ele falava, mas é política básica aproveitar o fraseado resumido para contra-atacar retoricamente o adversário. Claro, se ele quer argumentar que a supervalorização da declaração do Indio é uma tática do PT para desviar do assunto de quebra de sigilo do Seu EJ, entregar uma resposta retórica de bandeja para a Dilma faz sentido, mas não estou certo de que a ênfase desviada para um problema que não afetará de verdade a campanha da Dilma (FARC-tráfico) não seja o descrédito do próprio Serra de que essa acusação devesse vir, justo agora, de novo à baila.

Mas, animada por essas acusações ditas de forma meio torta, a retórica ganha inércia (de movimento) e deslancha. Assim, leva do comentário ponderado à hipérbole em segundos, fazendo o candidato até a dizer uma coisa destas: "O nosso vice foi escolhido por suas virtudes, não foi nenhum troca-troca de cargos."

Bah! A gente tem memória curta, mas não exagera.

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