quarta-feira, 14 de julho de 2010

A habilidade de não saber dar nos dedos

Serra deixou a internet sem o seu programa, no dia em que prometeu, para poder antes ler o documento, já que "não assina nada sem ler", como já disse 40 vezes desde quarta passada (pelo menos). Muito responsável, a não ser na hora de cumprir prazo, pelo jeito. É estranho como os presidenciáveis são tristes em seus comentários laterais. No caso do Serra, achei que ele não soubesse fazer gracejos (ninguém confia, é claro, no "senso de humor" de Dilma), mas acho que o caso é ainda  mais grave do que parecia. Suas colocações insistentes sobre ler antes de assinar, a meu ver, são um tiro retórico pela culatra. Se destacam algo, notabilizam que não deixava de fazer críticas a Dilma até aqui porque "sua campanha não era de ataque, mas de apresentar propostas", como afirmou algumas vezes. Pelo contrário, parece até que não achava muita coisa para falar contra, tendo de se apegar agora a essa piadinha que, em uma semana, já ficou velha. Não é que não fizesse nenhum ataque antes, mas quantos se dirigiam, na verdade, à campanha de Lula em 2002 (o que também indicaria falta de críticas ao governo)? É por isso mesmo que precisa retoricamente reforçar que Dilma é o Lula travestido. Não por constatar um fato, mas porque, caso contrário, muito do que criticou até agora perde totalmente o valor. Não estou dizendo que ele não tem crítica NENHUMA aos últimos oito anos de governo, mas que esse caminho traçado por comentariozinhos está para além de triste. Já se sabe de outras eleições, é claro, que Serra não é bom em debate, sendo essa retórica lateral ineficaz outra manifestação de sua inabilidade para dar nos dedos.

Enquanto isso, as tais das propostas "finais" não vêm. Tudo bem! Estamos seguros: ele está lendo...

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