segunda-feira, 12 de julho de 2010

Dilma & Serra - ou Reescrevendo Minhas Opiniões

Peço desculpas pelo post sobre as mudanças de programas da Dilma. Nele, eu ignorava um detalhe sobre Serra, apesar de minha conclusão ter sido acertada. Não é que o "presidenciável" não tivesse criticado Dilma por ter trocado de programa no TSE, era apenas que minha semana atribulada tinha de alguma forma me desviado dos lugares em que a mídia divulgou essa parte. Tudo bem, ele vai mesmo mudar de programa, como eu suspeitava, e vai conseguir fazer pior ainda, do meu ponto de vista: pediu ideias de contribuições dos internautas.

Pior ainda? Bom, minhas críticas a respeito, naquele post, tinham por base a crença de que um programa, para convencer que é sério, precisa estar pronto antes de a campanha oficial começar, além de ser seguido pelo menos no começo do governo (abramos exceção para um contexto que mude radicalmente a situação do país, como uma invasão de macacos cientistas ou um surto de valorização da educação). Mas eu preciso revisar minhas crenças. Mesmo sendo opositores, FHC e Lula indicaram que é unanimidade entre governantes que se é presidente do Brasil por 8 anos. Durante os primeiros quatro anos, na verdade, aprende-se onde são os prédios, a que secretários pedir o que, quantas passagens aéreas de graça se ganha e quantas podem ser reembolsadas, além da importante adaptação às horas de trabalho, descanso e viagem. O programa de governo da campanha, portanto, é apenas para constar, e pode ser apresentado até no dia da eleição. Informa, obviamente, medidas que seriam implantadas apenas após quatro anos de mandato, quando se é reeleito para finalmente governar de verdade. É claro que, na nova eleição, novos planos precisam ser criados, já que em quatro anos ALGUMA coisa acontece, sendo necessariamente a situação do país outra, então.

Peço, novamente, desculpas, pela reação despropositada naquele post. Até parece que não nasci no Brasil. Mas voltei a mim e estou até pensando em propor pelo twitter que Serra faça um quadro no Faustão para podermos contribuir e concorrer a prêmios ao mesmo tempo. Dilma podia participar: para ela a equipe vermelha, pelo Serra a equipe azul, claro. Dessa forma, ainda que indireta, pelo menos esse "Programa do Governo" beneficiaria alguém.

3 comentários:

Clark disse...

Bem, aqui vai um comentário que é bem parcial, já que eu, sabidamente, tenho lado nessa disputa, então faça as ressalvas apropriadas em sua leitura.

Realmente acho que a questão do "pedido de contribuições" é mais estratégia de marketing do que tentativa de construir algo inexistente.

Desde a invenção do "orçamento participativo" (que eu ainda não tive a chance de esculhambar no blog), o paradigma do "vamos construir juntos, com a sua opinião" é meio que uma necessidade para se tentar provar que o político é "democrático".

Mas ontem mesmo Roberto Freire, do PPS, respondeu a alguém, no twitter, apontando o que considera diferenças: "o plano de Serra já existe, com propostas gerais. O q ele pede são contribuições de questões mais pontuais".

Independente da comparação entre as propostas de ambos os lados, eu tenho essa impressão sobre a candidatura de Serra por mim mesmo, por estar, desde abriu, rabiscando no bloco de notas algumas coisas que ele tem dito em entrevistas.

Pelo que ele tem falado, eu diria que as linhas gerais do plano de governo dele são:

1) Valorização da meritocracia no serviço público (na linha do plano de carreira dos professores de SP e — creio — do governo de Minas)
2) O governo federal assumir a responsabilidade de coordenação do combate à violência/criminalidade.
3) Políticas públicas para a melhoria da vida de deficientes físicos.
4) Melhoria da malha de transporte para o barateamento do transporte da produção, inclusive com investimento em ferrovias e hidrovias.
5) Investimento e incentivo à formação técnica, como tem sido feito em SP [comentário meu: o Brasil acha que educação é dar diploma de licenciatura]
6) Relacionar o Bolsa Família à formação profissional.
7) (Tá, tem várias coisas mais práticas, em saúde, que ele falou várias vezes, mas minha memória se concentrou apenas nas diretrizes)

Em determinados lugars, entretanto, ele tem feito aquelas promessas tradicionais que todo e qualquer político faz — "sim, eu vou construir a ponte tal, o hospital tal, etc).

O que se pode, efetivamente, é pelo plano de execução dessas diretrizes. Mas esses, para mim, têm sido os elementos do "Plano de Governo Serra".

Clark disse...

* O que se pode, efetivamente, PERGUNTAR é pelo..

Tigre disse...

Sim, eu entendi que o Serra tem um plano. Não quis implicar que estava fazendo do zero segundo as intervenções. Acontece que tomei por pressuposto demais o que eu tinha dito no outro post: que essa possibilidade de alteração, ou o fato de ser feita durante a campanha, sem data-limite, nulifica o sentido do documento, já que, de alteração em alteração, não precisa sobrar nada quando chegar a hora de governar (potencialmente). Quanto ao twitter, achei a medida engraçada por ser, como tu mesmo aponta, mais marketing que consideração política, mas um marketing triste, sem o qual eu passava melhor essa campanha. Por outro lado, Serra não pediu acréscimos ou adendos. Pelo que li de frases dele, deu a entender que estava aberto a alterações, o que me incomoda tremendamente.

Quanto ao plano de execução das diretrizes, é isso que me preocupou no fim deste post. Essa execução depende de um jogo político que efetivamente se dá durante o mandato, o q eu acho preocupante, mas, ainda assim, acredito que um planejamento dessa execução pode (deveria) ser esboçada ANTES de se pedir o voto de alguém. Agora, se o programa em si flutua, esse planejamento da execução fica para quando?