segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Dali e a segurança pública de Porto Alegre

Afirma-se no Correio de segunda-feira: "Um sargento da BM, mesmo usando colete à prova de bala, foi atingido por arma de fogo..." Pudera! Já inventaram colete que faz desviar de balas? Aquela manobra do Matrix não era tecnologia, rapaziada, é que o Neo era the One. E, não, "atingir" não é verbo que priorize ser humano, o que excluiria o colete da jogada e impediria a confusão. A menos que exista algum jargão de notícia policial, caso em que era bom a sessão vir com manual. Custava ter usado "ferido" ou alguma outra opção? Ou tinham imaginado um itálico no "atingido", o cara foi atingido mesmo, pra valer, atravessou o colete!

Mas não foi isso: o tiro não atravessou, simplesmente foi em cheio onde não havia proteção. Até aí, portanto, o fato de o policial estar de colete parece irrelevante. O que nos leva à outra ideia bizarra dessa notícia, o fim, onde só então se descobre por que diabos o colete é mencionado na primeira linha (gancho narrativo?): o presidente da Associação dos Servidores de Nível Médio da Brigada (nome que abreviei aqui, porque é gigante) disse que os coletes não têm proteção lateral (motivo por que o sargento foi ferido em duas costelas e no intestino pelo tiro - mas sobreviveu). O jornalista completa: "Segundo ele, essa é uma falha de fabricação, destacando a necessidade de se adotar outro tipo de colete". Peraí! Faltar lateral não é falha de fabricação. E, se fosse, não seria preciso adotar outro tipo, bastaria comprar as versões decentes. Pode "faltar pedaço" por projeto (conversíveis não têm teto) ou por falta de verba para reforma (a Letras não tem teto), mas uma produção inteira de coletes não ter a lateral por acidente só parece verossímil se for totalmente made in China (porque pode se imaginar facilmente algo semi-made in China). Agora, pela paráfrase, ficou confuso quem se perdeu, se o presidente dos servidores brigadianos, se o jornalista. Façam suas apostas.

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