domingo, 3 de abril de 2011

Happy Port Redemption



Acabo de voltar da Redenção e devo dizer que algumas mudanças, ainda que anunciadas, chamaram minha atenção quase como se fossem puras novidades.

Por exemplo, o fumo passivo de maconha definitivamente atingiu os mesmos níveis do fumo passivo de cigarro a que se está exposto no parque (ambos baixos só porque tem muito vento e muita árvore). Cães e crianças seguem correndo felizes (quem sabe mais felizes agora?), só que o número de cachorros já promoveu o desenvolvimento de uma sociedade canina de complexidade inovadora. A civilização canina se diverte com os humanos passantes, mas não lhes dá mais o mesmo nível de atenção que antes, absorta em seus próprios afazeres e problemas.

As tribos que sempre estiveram representadas aceitaram os emos pelo jeito como membros definitivos. Todos os grupos seguem, claro, tão misturados quanto ignorando uns aos outros, o que significa que a convivência pacífica de sempre segue imperando. Se se está na Redenção, pertence-se à Redenção, ao que parece. Basta chegar lá e se é aceito como se sempre fizéssemos parte da paisagem. As pessoas ainda são procuradas pela polícia se vão lá resolver suas brigas adolescentes à bala, mas, fora isso, tudo é aceito.

Mesmo a bebedeira, devo dizer. Nunca vi tanta gurizada bêbada por lá. Os adultos chegados numa cachaça ou em largas quantidades de cerveja seguem comparecendo, mas no mesmo número de antes. Agora, a piazada trocando as pernas definitivamente aumentou de número. Tinha até gente se achando o Tom Cruise em Cocktail.

Há muito que a burguesia MAIS burguesia abandonou a Redenção por academias e condomínios fechados (e um cara mijando na árvore me lembrou o porquê dessa migração), mas ainda há algo de "burguês" em passear ali, apesar de ser mesmo uma região hippie/emo/punk/família, em que cada grupo coloca suas drogas (maconha, cerveja, cigarro ou chimarrão) em pé de igualdade. Acho que esse ar "burguês" ainda resiste porque, mesmo em flagrante, todos ali são inocentes. É a Redenção, e não o Estado ou o Sistema, quem diz o que é aceitável nela. E foi isso o que me lembrou Shawshank.


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