sábado, 30 de abril de 2011

Cultuadores do soco, frágeis à linguagem

Tive de discutir normas da escola com alunos de 11 a 14 anos (na verdade com duas exceções de 16) e presenciei um cuidado curioso da parte deles. Trata-se de uma escola pública típica daqui, no sentido de que os alunos estão sempre se batendo e se xingando, mesmo entre amigos. Isso é um pouco menos comum entre as gurias, mas não chega ser raro, assim como a violência mesmo física representa algo como 50% da relação entre homens e mulheres ali. Talvez um pouco mais. Os guris, pelo menos, não se tocam sem ser de forma bastante violenta. Nem apertos de mão acontecem.

Bem, retomando regras estabelecidas no ano passado, em contato com os alunos, toda a escola estava envolvida numa certa revisão e melhoria, de modo que eles podiam propor também novas. O que me chamou a atenção é que, aí, o poder que eles atribuem a insultos se manifestou mais claramente. Aqueles que conversavam comigo levantaram (espontaneamente, eu nem estava pensando a respeito na hora) os apelidos maldosos como formas de agressão, e os colocaram no mesmo patamar que os ataques físicos, sendo que estes tinham sido proibidos no ano passado quase que por imposição unilateral da escola. A sanção ao ataque verbal que os alunos propuseram tornava-o, em último grau, caso de polícia, e essa seria a punição imediata em caso de reincidência. O critério para determinar quais os apelidos "maldosos" seria o julgamento do endereçado.

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