quinta-feira, 26 de maio de 2011

Ato reflexo



Os grevistas ainda precisam ficar incomodando na frente da prefeitura, já que o Buzatto não apresenta nada de novo. Então, lá estava a galera, municipários fazendo barulho, trazendo novas notícias dos andamentos nas secretarias e recebendo médicos vindos das manifestações no HPS e apoio de ainda mais cidades que se preparam para entrar em greve.

Como em todos os dias em que houve manifestações na frente do Paço, lá estavam vários guardas municipais (que estão em greve - mesmo os em serviço estavam com os mesmos adesivos que os manifestantes) na frente da porta da prefeitura, o que não deixa de ser engraçado. Os grevistas não tinham a menor intenção de invadir. São muito comportados, infelizmente. Às vezes alguém usava o banheiro da prefeitura, inspirados com certeza no melhor uso que políticos conseguem dar ao prédio, mas, fora isso, lá estavam todos, manifestando-se ultrapacificamente.

Eis que, pelo fim da manhã, surgiu um grupo um tanto inesperado, que vinha fazer sua própria manifestação, instalar-se na prefeitura, e tanto pedir quanto oferecer ajuda aos grevistas na pressão ao governo: famílias ligadas ao Movimento Nacional de Luta pela Moradia. Vieram com cartazes, discurso claro e bem informado (ainda que, perdoem, não fosse na norma culta...). Como muito dessa greve, a crise das famílias começou devido às mudanças na cidade para a Copa (a greve dos municipários também estourou por isso, mas explico em outro post).

No caso, são 48 famílias. Algumas foram desalojadas e mantidas agora sem água, luz e saneamento no Lami (situação "temporária" que dura 6 anos - além do prazo, é tão significativo que alguém possa ser "temporariamente" deixado sem esses serviços de forma declarada pela Prefeitura...). Outras vivem em condomínio na Restinga construído para o Minha Casa, Minha Vida. Aí, o problema é que o governo não restringiu o esquema da Auxiliadora Predial, que agora cobra um condomínio abusivo tanto para o local em que moram quanto para um programa popular de moradia (R$ 300 mensais). Outras famílias ainda (não contadas nas 48) vivem em local também "provisório" há 4 anos e serão novamente deslocadas para as obras da Copa. A prefeitura encaminhou início das obras, só faltou preparar para onde pretender "mover" a galera.

Enfim como eu disse, eram crianças, velhos, mães, famílias mesmo. Eles foram lá fazer uma manifestação junto dos municipários, sendo (é óbvio) recebidos e agregados imediatamente. Mas, assim que chegaram, os guardas municipais que estavam na frente da prefeitura fecharam uma das folhas da porta principal. Imediatamente um grupo bem maior de outros policiais fechou apenas o lado da entrada em que as famílias recém chegadas estavam posicionadas.Os municipários gritarem que a polícia abrisse a porta e os tratasse de forma igual (sem pressupor que eles tentariam algum tipo de violência) obviamente não gerou efeito algum. A polícia não abriu a porta. 

Cá entre nós, por que abririam? Tudo que os municipários fariam seria mesmo gritar e seguir sua manifestação ultrapacífica. Grevistas ainda não aprenderam que nenhum governo tem medo de cara feia. Por que sua polícia teria?

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