sexta-feira, 3 de junho de 2011

Fuzilando e apedrejando enquanto o governo dorme

Pode ser preconceito, estatismo ou esquerdismo da minha parte, mas eu sempre achei que certas instituições são interceirizáveis. Segurança, por exemplo. Do meu ponto de vista, o governo existe para que a população possa ser gerida e organizada, tendo-se em vista o bem da própria população. 

Tenho certeza de que esta definição é absolutamente demodé e totalmente contrária às crenças de políticos eleitos ou nomeados, mas é mais ou menos a que usam para justificar seus próprios cargos, ao que me parece. Como é impossível manter o povo com paz e trabalho sem que alguém garanta a proteção dessa mesma população contra uma série de ameaças, muitas vindas de seus concidadãos, é imprescindível que o Estado forneça segurança. Logo, esta é um "serviço fundamental" de qualquer nação, não podendo ser confiado a poderes e responsabilidades terceirizadas. Mesmo porque qualquer problema gerado por esses mesmos grupos terceirizados teria de ser resolvido por pessoas igualmente armadas e preparadas para violência, ou seja, a única forma de conviver com força armada terceirizada é ter uma força armadada estatal que consiga controlá-la.

Pois bem, educação também é um "serviço fundamental", conforme a própria definição da lei, não? Em parte pela importância dos jovens para qualquer país. Então segurança para educandos é duplamente "fundamental", certo?

Então por que os alunos da Escola Estadual de Ensino Médio Oscar Pereira precisaram bloquear por duas horas a Avenida Oscar Pereira hoje de manhã, a fim de provocar alguma reação do governo a respeito de atiradores que atacaram a escola de moto e carro, além de apedrejamentos e ameaças de invasão?

É óbvio que deveria haver uma investigação a respeito do que diabos está acontecendo lá, o que será encaminhado, espero, por diretora, vice ou alguém do tipo. Ninguém mais se mobilizará adequadamente. Mas, além disso, estando a situação montada, por que esse tipo de ataque foi possível à escola? Porque o (ÚNICO) guarda da escola era terceirizado. A empresa contratada pelo governo do estado decretou falência, de modo que a escola ficou sem seu (ÚNICO) guarda. Mas, conforme a Secretaria Estadual de Educação, tudo bem: um outra "prestadora de serviços" foi contratada por uma licitação "de urgência" (o que implica, infelizmente, tanto pressa quanto corrupção). Na semana que vem, a escola deve receber algum guarda de novo. E ponto final para a história, no que diz respeito à publicidade da situação. Não, é claro, um ponto final para a história no que diz respeito a seus alunos e profissionais.

2 comentários:

Carla M. disse...

Nas aulas de história moderna, aprendi que Estado Moderno é aquele que tem o monopólio da violência...

Acho que estamos retorcedendo.

Tigre disse...

Pois é. Não sei se é uma lógica positiva, mas, no nosso sistema, um Estado sem monopólio da violência é um Estado que não se dá o devido respeito.