quinta-feira, 15 de abril de 2010

Ilegal, não, mas alegal?

O colocador de pronomes, personagem de Monteiro Lobato, morreu tentando corrigir os erros de português de toda placa ou mensagem pública que via pela frente. Tecnicamente, ele morreu de tentar, freneticamente, que todos seguissem a gramática. Policarpo Quaresma, Dom Quixote e quantos mais quiseram são exemplos de personagens ridicularizados por tentar seguir literalmente um código de conduta teórico. Lei e prática nunca engrenam de forma perfeita, e pululam na arte e na tradição heróis como Robin Hood, que são adorados exatamente quando quebram a lei (é óbvio, a forma como a quebram é fundamental).

Por outro lado, tudo tem seus códigos, e muita gente vive em paz, bem ou até muito feliz seguindo esse código. Essas pessoas vão tentar defender o código que as satisfaz sempre que possível. Existe muito interesse em se defender a lei. Regras são reconhecidas mesmo como bases de qualquer civilização, qualquer sociedade. Até mesmo a gramática normativa sobrevive, odiada, até hoje. Mesmo que seja possível escrever bem sem saber (toda a) gramática, é preciso entendê-la bem para se passar em concursos que prometem salários medianos, que fará no Rio Branco. Pior do que isso, não se conhecer uma lei não isenta ninguém de ser cobrado por tê-la quebrado, e certas omissões frente a infrações podem ser duramente cobradas pela polícia.

Não defenderia o rigorismo ridículo nem as faltas que sejam, na verdade, meras desculpas para incompetência, porém o problema é: até onde se deve seguir a lei, afinal?

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