terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Nós na quadra - e o mundo de pernas para o ar

"Peguem a bola e joguem futebol."

O famoso resumo maldoso do que seria uma aula de Educação Física há algum tempo me atraía - para fazer na minha aula mesmo (Port/Lit/Red). Aqueles seres humanos que mal entraram na adolescência têm tanta vontade de se mexer simplesmente por fazê-lo (ou só não enxergam como seria uma existência sem movimentos bruscos e constantes) que eu vivia pensando em formas de adotar isso em Português ou simplesmente armar um esquema que me permitisse largar a frase acima e deixá-los só se mexer, um dia sem textos ou mesmo pensamento sobre linguagem nem no horizonte mais distante. Nada de reler o jogo como uma atividade estruturada ("indicando uma sintaxe") nem de pensar que ali também comunicação é fundamental. Não! Joguem futebol, e vôlei, e fim (sem querer aludir, por "fim", à estrutura narrativa).

Hoje pude realizar essa vontade. Na verdade, meu alívio foi tanto por tudo ter dado certo para isso que eu não falei nada. Joguei as bolas de cada jogo de longe, para que chegassem ainda antes de mim, e eles imediatamente começaram a se organizar.

Infelizmente, como não poderia deixar de ser, a coisa não foi tão simples. Não permitir que certas atividades paralelas fossem realizadas (sendo que eu, diferente de um professor de Ed. Física, nem precisava insistir para que todos realmente jogassem, deixando uma gurias ouvir suas musiquinhas e falar sobre as últimas incríveis novidades), fazer os chatos respeitarem regras e brigar com os alunos de outras turmas que resolveram aproveitar o clima de licenciosidade do fim das aulas para atrapalhar o jogo dos menores, todas foram incomodações suficientes para eu confiar que não curtiria dar essa aula de verdade, ainda que tenha a vantagem de ser uma matéria que envolve tanto exercício e agitação. Fazer os alunos assim soltos pensarem sobre determinadas regras e atividades diferentes, conter os pedidos insistentes por futebol ao longo do ano todo e motivar as lesmas crônicas... não deve ser fácil.

Mas não adianta: foi ótimo fechar o ano podendo (contra as minhas suspeitas) realizar finalmente essa ambição.

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