segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Honra, pra que te quero?

"Eu vou falar. Ela não tá aqui agora, mas tudo bem, porque se tivesse eu falava também, porque eu não tenho problema em falar na frente..."

Vocês não reagem com desconfiança quando alguém faz esse tipo de apresentação? Agora, mesmo que a pessoa esteja sendo sincera, sendo realmente capaz de se expôr caso a dita ausente estivesse presente, qual o mérito de se jactar da coragem de fazer um ato burro? Ora, certas coisas se diz pelas costas ou não se diz, porque falar bobagem pelas costas pelo menos tem menos consequências do que a besteira de se dizer o que não se deve na frente da pessoa. Claro, se expor pode parecer honra ou coragem, mas ambas só fazem sentido numa sociedade que seja informada por esses valores. Não é o caso da nossa (aviso caso o leitor nunca tenha ouvido falar em dinheiro).

Certas coisas nós não seguramos, precisamos dizer, mas isso sai muito mais por questões de nossas personalidades do que verdadeiramente de um sentimento de honra, e, nesses casos, acabamos dizendo na hora errada mesmo, não anunciando que o faríamos caso a hora errada se apresentasse. Valores ou obsessões tão firmes quase que agem por si e não implicam burrice tática. E é claro que a honra pode ser algo válido e muito bonito em determinadas situações, particularmente quando leva a comportamentos construtivos ou a besteiras de pouca relevância social ou monetária, mas no auto-elogio é muito mais fácil encontrá-la encobrindo não apenas vaidade, mas burrice.

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