segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Sangrando a profissão

Para mim, quanto mais rápido e definitivo é o fim de um relacionamento, melhor. Assim foi meu pedido de demissão. Ainda que o desligamento legal demore um pouco, o fim estava claro, declarado e admitido em menos de um dia. 

É claro que é mais fácil seguir tais preceitos se temos absoluta certeza de que decidimos pelo caminho certo, mas no caso de meu antigo (eh!) emprego, não pode haver dúvida. Não é apenas porque fui daquela para melhor, mas porque esta (a melhor) põe em perspectiva clara todo o sofrimento passado naquela. E o processo de desligamento legal ainda permite enxergar mais absurdos da minha ex (empresa-contratante).

O exemplo de ridículo de hoje me veio por uma funcionária que segue lá. Imaginem que uma guria é a testa-de-ferro de tal empresa, representando sozinha aqui todas as que eles, lá em outro estado, armam para a gente. Hoje fui assinar a recisão (pelo que ela também fica responsável) e eis que meus antigos empregadores ainda me deviam mais dinheiro. Sabem como é, graças aos deuses (e a Getúlio Vargas), sair de um emprego em geral envolve ganhar ainda um pouquinho de dinheiro. Enfim, as coisas básicas e "pequenas", como me reembolsar o dinheiro gasto com o exame médico demissional, foram, para variar, esquecidas pela empresa, e a tal testa-de-ferro já estava sem dinheiro de cobrir essas faltas ali mesmo, pessoalmente. Entendem isso?! Aquela guria, responsável por todas as facetas da empresa, também precisava cobrir por ela a falta dos caras, ou os prazos não seriam cumpridos e dá-lhe mais dinheiro e atraso. Eu entendo eles quererem que os professores sangrem sua profissão, já que reproduzem sempre o papinho da vocação de educador, mas fazer uma multi-secretária pagar pelos erros deles é atestado cabal de incompetência para além de qualquer ideologia racionalizadora. É óbvio que ela podia simplesmente exigir que o pessoal tomasse vergonha na cara. Mas tanto ela quanto nós sabemos bem que essa vergonha nunca viria, e que a resposta daquela empresa para um empregador que quer fazer tudo direito é a porta da rua. 

Aliás, lá por março eu fiz um post sobre uma colega minha mandada embora por isso mesmo. Naquele texto eu comentei que algumas demissões valiam ser postas no currículo por orgulho. Pois bem, é daquele emprego que eu saio agora, com outra natureza de orgulho: o de encontrar a porta da rua quando foi melhor pra mim e ruim pra eles. Infelizmente, outros ainda ficam a cobrir pessoalmente a incompetência alheia.

Um comentário:

Carla M. disse...

Tem uma uma satisfação nisso tudo e ela se chama multa rescisória, aiai.