quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Brasília sob críticas internacionais

Há pouco tempo, dois blogs que leio traziam comentários sobre Brasília (já que seus autores estiveram por lá). No mesmo dia em que li o material, li sobre a cidade num livro em que buscava uma famosa interpretação do Fausto de Goethe!

Bom, o texto que mencionava Brasília era o prefácio à edição de 1988, e o livro talvez não seja muito proveitoso para nenhum desses blogueiros, mas a coincidência foi tamanha que encontrei mesmo um parágrafo que ia de um ponto a outro dos que mais me chamaram a atenção no que lera em seus blogs. Como agora é possível, e estou com paciência para posts pendentes, aqui vai o trecho que achei mais curioso. Quem sabe algumas ideias até sejam úteis para os descobridores de nossa capital, se decidirem ir atrás do texto depois. O trecho que vou citar vem após algumas críticas bem pesadas e algumas respostas de Orcar Niemeyer e seguidores.

"Num ponto Niemeyer estava certo: quando foi concebida e planejada, nos anos 1950 e início dos anos 1960, Brasília de fato representava as esperanças do povo brasileiro, em particular seu desejo de modernidade. O grande hiato entre essas esperanças e sua realização parece dar razão ao homem subterrâneo: para homens modernos, pode ser uma aventura criativa construir um palácio, e no entanto ter de morar nele pode virar um pesadelo.

"Esse problema é particularmente crucial para um modernismo que impede ou hostiliza a mudança - melhor dizendo, um modernismo que busca uma única grande mudança, e depois não aceita mais nenhuma. Niemeyer e Costa, tal como Le Corbusier, acreditavam que o arquiteto moderno deve usar a tecnologia para concretizar certas formas ideais, clássicas, eternas. Se isso pudesse ser feito na escala de uma cidade inteira, ela seria perfeita e completa; suas fronteiras poderiam se estender, mas ela jamais deveria se desenvolver a partir de dentro. Tal como o Palácio de Cristal imaginado por Dostoievski, a Brasília de Costa e Niemeyer não deixava a seus cidadãos - e aos outros brasileiros - 'nada mais a fazer'."

Marshall Berman - Tudo que é Sólido Desmancha no Ar.

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