quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Antropologia da cafajestagem

Numa aula sobre Dom Juan, discutindo o texto de Molière, ainda se pensando no de Tirso de Molina e prevendo-se o de Mozart, presencia-se uma daquelas cenas simbólicas sobre nossa cultura. As mulheres falam mal de D. Juan com gosto. Suas tramoias são referidas por elas com sorrisos sinceros nos lábios. Uma leitora se apaixonou por D. Juan numa cena, a outra, na cena seguinte. Algumas concluem, invariavelmente, que todos os homens são como ele, o que é dito naquela ambivalência de quem critica, mas, implicitamente, "precisa" se conformar e aceitar-nos como somos. Comentários como "nenhum homem se torna homem socialmente sem um pouco de dom-juanismo em algum momento" são recebidos como grandes verdades. Pra completar, quando olhamos uma cena de um filme de D. Juan, as mulheres nitidamente reagem ao vê-lo em ação, mesmo que tenham achado antes o ator muito gordo, muito velho ou seja lá o que for.

Enfim, para os homens, parece ser o de sempre: Toda cafajestagem será recompensada...

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