domingo, 6 de janeiro de 2013

Ser ou não ser idiota

Às vezes, quando cometo um erro idiota, como trocar uma palavra por outra por associação no post anterior (agora corrigi), e ninguém me avisa, eu fico com uma pulga atrás da orelha. Pode ser que o erro fosse idiota o suficiente para todos pensarem que foi um ato falho, portanto indigno de nota, e também é possível que tenham passado por cima do erro e o cérebro deles tenha cometido o mesmo ato falho ou simplesmente corrigido o que eu escrevi errado, de modo que não notaram o problema ali.

Por outro lado, eu sempre imagino que algumas pessoas notaram, e fico pensando se acharam que meu erro não era mesmo digno de ser comentado, mas era um erro verdadeiro. Ou seja, se pensam que eu realmente não sabia a diferença entre uma coisa e outra. (Podem ainda atribui-lo à pressa de escrever, o que sempre é verdade no meu blog nos últimos anos.)

Essa suspeita (de me acharem idiota ou ignorante para além da verdade) surge porque me parece comum que as pessoas pensem que somos mais burros ou mais inteligentes do que somos. Isso é especialmente perceptível nos implícitos de conversas que temos cotidianamente. Geralmente, aliás, as pessoas acham que somos mais burros do que somos, mas grandes imagens gerais de nossa personalidade podem ser um retrato de que somos mais inteligentes do que na realidade.

Nunca observei se todo o mundo faz isso, mas sei que eu reforço sem querer uma ideia de que sou mais idiota. Faço isso especialmente de duas formas: fazendo perguntas pressupondo um ponto de vista que não é o meu, para testar o quanto as pessoas sabem sobre determinado assunto e se podem me acrescentar algo pontual, mas nunca esclarecendo realmente qual era o meu ponto de vista; e deixando me acharem mais idiota quando percebo isso implícito numa resposta ou conversa, se estou com preguiça ou desinteresse de esclarecer o que estava pensando ou entrar de fato na conversa.

Na maioria das vezes, é verdade, considero vantajoso que nos achem idiotas. Quando necessário, se for, podemos pegar as pessoas de surpresa, e elas abaixam a guarda em muitos aspectos se acreditam que somos menos espertos, perspicazes ou ligados que de fato somos. Ser tratado como idiota, portanto, muitas vezes tem vantagens, mas é preciso cuidar da imagem em um que outro contexto. E às vezes essa imagem não traz ganho algum, então acaba cansando. Mas às vezes, claro, simplesmente somos mesmo idiotas.

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