sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

As verdades relativas dos direitos humanos

Olhando por essas lentes...

Li há pouco uma daquelas grandes não-notícias que marcam nosso jornalismo: "O governo cubano negou a autorização para que Yoani Sánchez saísse do país".

Não é uma notícia já que não há aí qualquer novidade, qualquer resultado imprevisto, qualquer consequência diferente das 18 vezes anteriores. Como não é notícia Dilma não ter feito nada a respeito (ou mesmo se pronunciado a respeito, que me conste). Yoani disse que ficou decepcionada com a presidente ter ido a Cuba ignorando quaisquer temáticas de Direitos Humanos, mas preciso crer que é mais uma afirmação política obrigatória da blogueira do que sentimento verdadeiro de surpresa. 

No entanto, é preciso assumir que, da política externa à Comissão da Verdade (ridícula do batismo à maturidade), Dilma demonstrou como é forte: poucas pessoas poderiam passar por luta armada (direta ou indiretamente) e pelos "porões da ditadura" para depois (tão consistentemente) se abster das causas humanitárias e do problema do sigilo de informações da história do país. 

A "abertura" das atividades políticas contemporâneas (fora da categoria "segredo de segurança") que sancionou é também ela uma vergonha, porque óbvia - ainda que sejamos tão paupérrimos politicamente que devamos agradecer quando qualquer presidente chove no molhado, tentando garantir por lei direitos que já temos. A ação atestou que é preciso ser lei para que os políticos assumam que trabalham para o público, e que o povo tem o direito de saber o que diabos eles fazem quando folgam dos desvios e discursos vazios para cuidar um pouco da coisa pública.

Yoani precisa expressar um desapontamento com o óbvio; jornalistas precisam "noticiar" silêncio de Dilma... É como o clima. Precisa estar na primeira página, para o editor do jornal se sentir bem. Mas nem por isso é notícia. Chocante, interessante, instigante, seria mesmo o contrário de tudo isso.

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