quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Polícia - ainda o problema da educação

O caso do Bruno vai seguir um caminho conhecido: será contestado por conduta inadequada na investigação. George Sanguinetti, assistente técnico da defesa, vai levantar uma série de problemas técnico-burocráticos. O que me faz pensar: uma grande vantagem de melhorar a educação no Brasil será tornar bem mais comum que possoas que se responsabilizam por encontrar culpados sejam tão minuciosas, obsessivas, dedicadas e irritantemente profissionais quanto o pessoal que busca defender acusados. Então, nos casos realmente polêmicos e complicados, finalmente será possível confrontar provas e versões e não ficar discutindo se o delegado devia ou não ter pedido desculpa por ter espirrado antes de fazer tal pergunta. 

Não é que as contrariedades que o Dr. George vai levar sejam picuinhas, mas é extremamente cansativo essa coisa de toda pessoa rica, famosa e acusada de crime hediondo (técnica ou popularmente), seja violência física ou política (corrupção, formação de quadrilha, espionagem, censura), seja inocentada porque as condutas técnicas e legais não foram seguidas de forma adequada. Para traduzir em termos que no Brasil importam: imagine-se que gols fossem perdidos por juízes cometendo infração técnica. Goleiro e atacante, bola e rede fazendo seu serviço, anula tudo porque o juiz estava com chuteira ilegal.

Compare-se com o caso da família Nardoni, também contestado pelo mesmo George. Acabou em punição à revelia das críticas do médico, mas justamente foi uma situação em que ele questionou a ciência criminal. Ele discutiu Física, não procedimento de investigação. Aí ele (ou seu argumento) perdeu. Não só isso, claro, a família não tinha ninguém famoso, e as dúvidas de Sanguinetti eram sobre o autor específico do crime, a forma como a criança seria lançada... coisas que deixavam margem demais para outras interpretações. Veremos o que acontece com o Bruno. E se, capaz de duvidar da culpa, ele será capaz de provar inocência (desnecessário pela nossa lei, mas seria um avanço sobre os argumentos burocráticos e poderia pelo menos convencer de que não estão soltando um assassino violentíssimo).

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