segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Perdido na livraria

Existem duas livrarias por estas bandas: a Cultura e a Internet. No entanto, sem pouso para meu corpo num dia em que todas as ideias úteis eram travadas por acidentes do destino, me vi forçado a "não fazer nada" em algum lugar, de modo que entrei numa outra livraria, por que estava passando. Não era qualquer livraria, é verdade. Tratava-se de uma em que eu lembrava de ter tido boas surpresas, até sua adaptação mais recente, talvez em resposta à proximidade da Cultura, terminar de destruí-la. 

Apesar do pessimismo, ainda fiquei impressionado. A literatura estrangeira não está meramente tomada por bestsellers/filmes, até mesmo os bestsellers tradicionais pegaram cacoetes daqueles, como capas inultimente brilhosas, cores sem nenhuma variedade (a volta de um amante, a vida de um espião e os melindres de um vampiro inseguro, pelo jeito, merecem o mesmo tratamento gráfico) e frases de efeito que... bem, talvez isso tenha sido mais influência dos clássicos nos modernos. A prateleira de "Literatura Brasileira" não tem apenas livros desinteressantes ou de culinária, estão lá também livros de piada (não de crônicas, de piada), manuais de vestibular disfarçados e, dominando o conjunto, biografias! O livro do Boni, aliás, tem grande destaque.

A grande surpresa foram mesmo as histórias em quadrinhos! Lá não havia apenas super-heróis, mas clássicos da literatura, da ópera, histórias originais (de humor, tragédia ou o que se quisesse) sobre história de império chinês, grandes heróis de diferentes culturas, dramas cotidianos modernos. Tudo, diga-se de passagem, com arte variada e interessante. A sessão de histórias em quadrinhos era a prateleira mais interessante e rica da loja. Logo ao lado, aliás, da grande sessão de Arte, que acabou me levando a escolher um livro sobre a obra do Dali e sentar para curtir um pouco. Um tanto a mais de estímulo intelectual e prazer do que geralmente meu dia encontra, é verdade, o que talvez indique que fui um pouco injusto no começo do post, falando sobre essa livraria, mas devo dizer que as histórias em quadrinhos e a arte não me diminuíram a incomodação com a parte sobre literatura estrangeira e brasileira. Entenderia uma variedade com certo foco em vendas, mas piadas, biografia (o que menos havia, algo como 30%, era literatura) e SÓ bestsellers na estrangeira? Tinha um Tolstoi lá no meio, é verdade. Pequeno e mirrado. Pobre, o que pode ser irônico, mas com certeza muito injustiçado.

É urgente que sejam criadas as sessões "Livros que Recontam Filmes" e "Coisas Escritas no Brasil". Se não querem literatura, assumam! O público, pelo jeito, nem vai notar a ausência.

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