Partia eu para encontrar um líder comunitário do Leopoldina. Para chegar lá, precisaria passar por um bosque notoriamente violento de minha já muito violenta vizinhança, um bosque que faz entender bem como eram perigosas as estradas medievais, solitárias e cercadas por árvores. Apesar de essa passagem ficar a duas quadras de minha casa, encontrei, é claro, o guardião no meio do caminho: aquele personagem de contos fantásticos que é velho, conhece o mundo como ninguém e avisa o personagem sobre os riscos de sua aventura. Trata-se de um dos primeiros moradores daqui.
Pois o simpático senhor veio me justificar por que não pudera nos encontrar há poucas noites e, explicando isso, falou a respeito de alguns problemas de sua filha. Esses problemas tinham a ver com a violência da região, de modo que a conversa propiciou frases do tipo "Entre eu abrir aquela minha venda em 1983 e fechá-la em 2001, fomos assaltados 44 vezes" e "Uma vez entraram na nossa casa e seguraram minha filha, então com 5 anos, pelos cabelos, colocando o cano da arma na boca dela". Quando a agradável conversa teve fim, dirigi-me soturnamente à minha oportunidade de virar novamente protagonista de uma das infinitas histórias do Leopoldina.
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