Há um tempo se desenvolve uma querela para se demarcar território na área da saúde. Basicamente, os alternativos ganham espaço, e alguns dos clássicos não querem que se pressuponha seu aval a tais tratamentos ainda que não proponham (não teriam a coragem) que os modernosos voltem para seus tradicionais cantos. "Podem vir, mas que não se confundam as coisas". O problema, como é de praxe hoje em dia, são os termos. Dizer que um tratamento aromático é medicina chinesa causa, argumentam os críticos, confusão, pois "medicina" implica ciência e método científico, coisas no mínimo duvidosas quando falamos dos cuidados de saúde tradicionalmente ditos "alternativos".
A querela se resolve, porém, quando o Globo Repórter (alcançando ainda um número assustador de casas brasileiras e sem nenhuma discussão do problema acima) fala justamente em "medicina chinesa" no meio de sua matéria sobre meio ambiente. Numa frase, pronunciada com a maior simplicidade por uma jornalista, a naturalização do termo é mantida e reforçada contra quaisquer discussões legais a esse respeito.
Enquanto eu presenciava esse momento ao mesmo tempo trivial e significativo, houve tempo ainda de algumas pérolas, das quais seleciono a seguinte: uma das que vende ervas conforme sua mistura de didatismo mercadológico e discurso ambientalista falou sobre a relevância dos tratamentos alternativos para que valorizássemos nossos órgãos internos dentro da gente. Calma, não é eufemismo: tenho certeza de que ela estava apenas falando que é importante que demos o devido valor à colocação de nossos órgãos, já que eles estarem fora de nós é nocivo à saúde.
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