domingo, 1 de novembro de 2009

Fechando o diário de bordo

Enfim, fechemos as referências à viagem de formação, esperando que Porto Alegre e o Brasil (agora novamente de longe) sigam a fornecer matéria verbal curiosa o suficiente para manter este blog atento e sorridente. Vejamos, como referido antes, aquilo que não cai no mero administrês, língua em si risível, que, portanto, não pode ser referida como estranha ou ridícula neste ou naquele ponto: nada há ali de sério. Vamos a curtas anotações:

Mantendo o tema das gradações mencionadas alguns dias antes de eu partir, o pior palestrante (eleito por unanimidade) buscava nos apresentar alguma visão sobre os alunos. Na tentativa de saber se dizia uma bobagem ou não, ele foi graduando, de modo que seu objeto ficou assim: "a maioria, ou a grande maioria, ou todos" (têm dificuldades naquilo que sabemos). Não adiantou graduar tanto, ele continuava sem ter noção sobre o que falava.

Estivemos em determinado momento atentos a expressões estranhas, em particular a redundâncias. Mas, como não pode deixar de ser, quando se cuida um tipo de expressão, buscando-se evitar certos "erros de linguagem", produz-se em demasia outros. Nesse momento de não se dizer a mesma coisa duas vezes, naquele autopoliciamento pontual de que o administrês tanto gosta, o tiro pela culatra foi que não se dissesse coisa com coisa. A expressão que contei como a mais utilizada, por exemplo, foi o "detalhe importante", bastante frisado, mas nunca flagrado em sua contradição.

As frases desnecessárias flutuaram do clichê à estupefata constatação do óbvio. Ou seja, de "Não é porque é minha filha..." a "Esse peixe tem espinha!" - juntas aqui porque foram ditas pela mesma pessoa, num intervalo de dois minutos!

Aprendi, aliás, outra forma de dizer prova: "(número ordinal adequado) momento privilegiado de estudo". O pior é que acreditei que a inventora desse longo nome realmente o segue de forma construtiva, talvez se servindo dele para manter sua ética profissional um pouco melhor. Mesmo assim, fica o eufemismo registrado, para os muitos usos vazios que ele ainda há de receber.

Por fim, preciso falar sobre o "espírito crítico". Uma alma rebelde, maravilhada ainda com as possibilidades da retórica, logo alguém perdido naquele campo onde a tal retórica se torna vazia (uma alma, enfim, excluída pela Razão, que deve ser auxiliada e incluída), afastou-nos ainda mais de toda forma de descanso e lazer para se contrapor a uma palestrante tangenciando o assunto e se baseando em "dados reais futuros". :S E ele era das "ciências duras"... Falem das Humanas, falem.

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