Médicos em geral se incomodam com amadorismos intrometidos de pessoas que acham que entendem determinadas doenças, determinados remédios ou a fisiologia humana sem terem nunca estudado Medicina (e sem falarem, em geral, coisa com coisa). Professores costumam ter reação semelhante até mesmo a respeito da opinião de profissionais ligados à educação se estes não entram em sala de aula. O mesmo parece ser verdade para cientistas, advogados, pedreiros e juízes de futebol. A ideia de que "todo brasileiro é (implicando acha ser) técnico de futebol" é uma crítica comum à autoridade mal embasada da maioria para falar mesmo do esporte que é acompanhado de perto por tantos.
Parece que os especialistas costumam ter razão nesses assuntos: amadores (ou só interessados) costumam saber bem menos do que imaginam a respeito de qualquer coisa sobre a qual estejam opinando. As propostas e soluções de problemas apresentadas pelos amadores podem ser descartadas com facilidade pela maioria dos profissionais minimamente competentes.
A única área em que essa proporção entre erro amador e acerto profissional me parece ser inversa é na política. Não na política em si (a mera luta por poder e votos), mas naquela parte que envolveria decisões técnicas e administrativas. Quando chega a hora de administrar a máquina pública, políticos tendem a ser assustadoramente incapazes. Isso porque dão tanta atenção para a política de verdade (as trocas de favores, os apertos de mão, as passadas de perna, os contratos ilícitos, as distorções legais) que esquecem mesmo regras óbvias de administração. O simples senso comum, ou a opinião do profissional envolvido diretamente com o trabalho são infinitamente mais competentes que a opinião do político que deveria dirigir determinado serviço, secretaria, departamento...
Na política, o senso comum, amador ou prático (ou o simples bom senso) conseguem ser quase sempre mais competentes que o sujeito responsável pelo serviço prestado. A coisa é assim tão ruim!
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