terça-feira, 6 de outubro de 2009

Livre-associação, bricolagem, descaso, coincidência?

Assim como acusava seus opositores de perseguição, argumentando de forma perigosamente parecida com a paranoica/hipócrita "perseguição nazista" de Sarney, Yeda passou também pela linguagem lulista, collorista e agora chega à de Zelaya. Uma de suas argumentações imbecis de ontem foi trazer à tona que seu governo é "reconhecido nacional e internacionalmente". Isso, num malabarismo sobre o Nada, deveria valer como ponto de apoio para dizer, enfim, que a população do RS quer a investigação de seu governo, mas não o Impeachment, o que distorce o fato distorcido, é claro, de que a investigação sobre a fraude no Detran existe apenas para realizar legalmente o tão longamente sonhado Impeachment da governadora. E o tal Impeachment é justamente uma ferramenta para se derrubar governos reconhecidos, até então, "nacional e internacionalmente", portanto seria estranho se se estivesse mobilizando a parafernália burocrática contra um governo de outra natureza. Talvez a Yeda gostasse de acrescentar a que outros tipos de administração pública está acostumada para ter de atestar o óbvio ululante pela milionésima vez.

É claro que ela nunca abandona a sarneyística mania de apresentar como grande argumento sua própria afirmação de que o povo gaúcho a queira no governo. Se a governadora diz, deve ser verdade, mesmo que ela não possa reunir absolutamente nenhum fato para comprovar sua palavra. De qualquer forma, esse uso constante do discurso de quem está nas manchetes, seja PTista ou PMDBista, brasileiro ou hondurenho, faz pensar quão pouco o atual governo do Estado gasta neurônios com o que vá dizer. Mais ainda, a total sinceridade com que indicam essa saudável tranquilidade antiestressante. Afinal, basta olhar a primeira página do dia para se descobrir qual será a retórica da próxima defesa da governadora. Não abandono, é claro, a possibilidade de que simplesmente muito pouca retórica cabe em nossa estreita mentalidade política, de modo que os argumentos só podem se repetir ad nauseam, coincidindo entre políticos mais cedo ou mais tarde... e de novo.

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