Hoje a Ipiranga contraiu engarrafamento quilométrico. O veículo que chefiava a fila mais próxima à calçada era o ônibus em que estava este que vos escreve. A posição era chave, é claro, para ver claramente o que causava o transtorno, e tratava-se de militares fazendo cooper. Pelo jeito correr no mesmo lugar, esperando sua vez no trânsito, é permitido para joggers civis, mas o exército tem de manter o deslocamento contínuo. É a segurança nacional em jogo.
Quase todos no ônibus, é claro, mais cedo ou mais tarde ficaram irritados com a situação. Não apenas víamos a causa, mas podíamos enxergar cada um que vinha lá de longe, de uma descida que terminava cruzando a Ipiranga bem na nossa frente. Pelo jeito o único sujeito mais de uma hora adiantado para o próximo compromisso era eu. Mesmo assim, por espírito cívico, tentei encontrar saídas para inidicar ao motora, assim como a maioria dos presentes. Não havia, no entanto, realmente o que fazer. Nada lógico ou realista, pelo menos.
A irritação refreada e a procura de uma solução alugam o cérebro, como bem se sabe, e este usa como válvula de escape de um mínimo de sua energia os famosos clichês, que não lhe exigem muito e sempre encontram apoio popular, levando ao prazer e reconforto de um grupo de pessoas dizendo o de sempre e concordando entre si. Os últimos quatro minutos de tranqueira foram, assim, uma competição para ver qual tripulante falava mais vezes por minuto "Imagina se fazem isso em São Paulo" e "É por isso que o Brasil não vai pra frente" - particular injustiça, aliás, pois, mesmo que o trânsito precise parar para isso, o Exército vai! A pé... mas vai!
2 comentários:
é, porque o principal motivo pelo qual o Brasil não vai pra frente, é o trânsito.
hahahah ADORO esses palpiteiros, têm a solução pra qualquer grande problema mas estão sempre descabelados, rengos, reclamando de problemas de saúde ou da vizinha.
Postar um comentário