Na Zero de domingo (em termos de blog meu domingo não acaba fácil - muito material!), uma das matérias de capa, bem destacada inclusive entre estas, era "Taís vai marcar a história da TV na próxima novela". A Taís aparece embaixo numa foto de desfile. Pouquíssima roupa e naquele momento mágico do passo em que o pé que vai à frente já toca o chão, ressaltando o quadril como a torcida gosta. Frase e foto são para dizer simplesmente que a Taís Araújo é a próxima Helena daquele cara que cansou de inventar nome de personagem, resolvendo o problema pela transformação do nome Helena numa marca-registrada. Quem vai pegar a Helena, é claro, é o José Mayer (a Mel Lisboa já não foi pedofilia que chegue?). Ou seja, nada de novo além da cor da pele da mulher.
Nesses casos, dizer uma frase metida a besta dessas, ainda mais na primeira página, não tá valendo como preconceito? Podem fazer propaganda da novela (afinal, ninguém da imprensa finge mais ser isento - donos de cada jornal são declarados por todos os lados), mas escrever que uma personagem-clichê ser negra 'marca a história', a essa altura do campeonato, quando Taís já foi a primeira heroína negra da Globo, Obama já é presidente e Michael Jackson já levou suas operações frustradas para a cova? O pessoal, não só do marketing, nunca se preocupa quando usa tons celebratórios ou elogiosos, sempre achando que estes são plenamente imunes a expressar preconceitos... Essa postura francamente me parece muito idiota, ainda que, no caso dessa manchete, o lado marketeiro fale tão alto que eu esteja nitidamente apenas a utilizando para trazer esse comentário à tona.
Enfim, como eu gosto da Taís, acho boa atriz, boa gente e boa, parece-me o caso de encontrar uma racionalização para pensar que ela tem razão em agarrar essa oportunidade dúbia. Então, cavo na minha experiência acadêmica esta desculpa: algumas bobagens a gente faz já que vão ficar bem no currículo...
Nenhum comentário:
Postar um comentário