Primeiro, uma notícia que não traria nada de novo: um confronto entre o MST e a polícia na fazenda Southall, no RS, deixou um morto, do MST, e 13 feridos: 4 policiais e 9 MSTais - nenhum apoio a mortes; apenas que essa situação não muda há tempos, não muda.
O bizarro é que a notícia foi dada de forma extremamente similar tanto por revoltados quanto pela imprensa "profissional". A única diferença marcante é que os jornais disseram que o "colono" foi "morto por um policial" (provável bode expiatório em futuro próximo, acrescento) e os revoltados disseram que "um trabalhador" foi "assassinado pelo governo Yeda Crusius".
Além disso os pró-MST afirmam que ele foi morto pelas costas, o que nas circunstâncias perderia a significação, pois quase ninguém mencionou que o tiro teria sido dado quando a situação estava controlada (essa vai ser difícil comprovar). Na realidade, a busca desesperada de causar impacto pela menção do tiro ter entrado pelas costas do sujeito chega até a diminuir o efeito da morte em si nos textos que "criticam" a ação da polícia. É quase de se pensar que considerariam a morte muito melhor se o policial tivesse atirado pela frente, "feito homem!" O "pelas costas" ganha tanta importância que nem mencionaram os feridos (nem do MST), por sua vez listados pelos jornalistas, naquele cumprimeno protocolar de notícias informativas (fulano estava lá, ciclana fez assim, a governadora falou blá blá blá...). Tá certo, os jornais mencionam o total de feridos e citam os policiais. O número de MSTais machucados fica pela matemática do leitor.
Enfim, é estranho o fato ser mencionado com bastante destaque na imprensa oficial, com tanta proximidade com os textos revoltados. Mais ainda, há até indicações sutis de crítica, como o eufemismo pouco discreto do Correio ao dizer que a Brigada Militar entrou na fazenda "decidida a cumprir a reintegração de posse". Agora, até a Zero Hora (!), que não deixou de xingar os atos de ocupação de ilegais, falou mal da ação da polícia!
Sério, atirar no colono (Elton Brum) deve ter envolvido alguma ação MUITO equivocada. Sim! Trata-se na verdade do descumprimento de uma medida presente no Manual de Diretrizes Acionais para Execução de Mandato Judicial de Reintegração e Manutenção de Posse, resumidamente o MDAEMJRMP, sacam? Ele prevê que não se use armas de fogo nesse tipo de ação (reintegração). O documento não tem valor de lei, e a BM do RS (não o policial, a Brigada!) foi a única do país a não aderir às normas estabelecidas pela Ouvidoria Agrária Nacional. Repito: Brigada fora, documento sem validade de lei. Mas o ouvidor já disse "Vamos solicitar às autoridades que façam a apuração com maior empenho possível para responsabilizar o autor do homicídio". Hm... Eu falei em bode expiatório, né?
PS: Nenhum teórico da conspiração falou que talvez a Yeda só estivesse precisando que as manchetes mudassem. Estranho. A tentação é tão grande com ela não saindo das capas, sempre "agindo pelo Rio Grande", desde que a CPI do Detran começou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário