Estou cansado do senso comum preguiçoso que assola a cultura namorística de nossa sociedade. Essa mania de todo o mundo repetir que namorar é difícil, exige muito esforço e grandes sacrifícios. A única irônica exceção em todas as manifestações pops mais recentes é o seriado How I Met Your Mother, que atesta que, ok, é preciso fazer algumas decisões menos egocêntricas (numa leitura superficial) e que certos esforços são necessários, mas nada disso é sentido como esforço ou sacrifício se se está num namoro decente.
Ora bolas, namoros, como todas as nossas outras ações, custam energia, algum esforço. Vocês sabem, como comer ou andar. Mas se estamos saboreando um Nestlé Toll House ou se estamos caminhando para sair de uma formação continuada, não sentimos essas ações como gastos de energia.
Namorar pode até ser mais complexo (em parte porque praticamos caminhar muito mais do que namorar), mas o interesse é sempre inversamente proporcional à sensação de energia gasta. A nossa percepção da realidade é absolutamente suspeita para falar sobre a realidade. Ela fala mesmo é de nosso humor. Um namoro bom é fácil não porque pensamos que os "sacríficios" valem a pena, mas porque nem se entra em grandes cálculos de perdas e danos. Lida-se com a vida, tem-se a felicidade de ambos em mente, e o resto é o resto.
Agora, tenho achado a aritmética do sofrimento que tenta mensurar os lucros de cada indivíduo no suposto casal particularmente irritante, porque, não só em namoros, as pessoas andam mesmo muito preguiçosas! Eu me achava preguiçoso, até voltar a conviver com pessoas de áreas mais diversas e de idades mais variadas do que há uns anos atrás. Tem gente que acha namoro difícil porque, justamente, acha difícil até caminhar. Nossa, andar duas quadras, quanto esforço!
Que nem os complexados egocêntricos em namoros de verniz nem os preguiçosos de plantão venham incomodar o resto com seus universais. Vão os primeiros trocar de relacionamentos e entender que o problema são eles, não o "namorar"; vão os segundos pegar um sol, fazer exercícios, assim que tomarem umas vitaminas para levantar a bunda.
Namorar não é difícil nem é fácil. É como tudo: se está difícil, o problema é teu e és tu!
3 comentários:
Lembro-me de um namoro q tive, na adolescência, q muito me fazia chorar. Certa vez, estava numa pizzaria c/ meus pais e recebi uma ligação do namorado q me fez chorar muito. Saí da pizzaria e fiquei sentada num banco do lado de fora. Chorava tanto, com uma tristeza tão grande, q uma senhora veio me ajudar. Eu mal conseguia falar e ela perguntou: esse choro é por causa do namorado, é? Eu fiz q sim c/ a cabeça. Ela sorriu e disse: aproveita, minha filha, enquanto esse é o único motivo do seu choro.
Eu nunca me esqueci dessa cena.
Isso vale tmb p/ esse "trabalho".
Quem diz q namorar dá trabalho é pq nunca enfrentou dificuldades reais nessa vida.
Eu tendo a ver como resultado de uma desesperança. As pessoas acham que não podem ou que é impossível melhor do que aquilo num relacionamento; não concebem o quanto um relacionamento pode ser bom.
Talvez seja falta de perspectiva dos dois lados: ou não se sabe como a vida pode ser boa, ou não se sabe o quanto ela pode ser ruim...
forgive me for my bluntness, mas essa choramingação, e a cultura da preguiça em geral, são fruto dessa idéia de que tudo vem de mão beijada. se tiver que mexer dois dedos pra conseguir alguma coisa, "não vale a pena", "é muito difícil", "é impossível".
eu sou da opinião de que bons relacionamentos requerem dedicação (não só relacionamentos entre casais, mas também entre amigos, etc.), assim como o trabalho exige dedicação e muitas outras coisas na vida exigem dedicação. o problema é que hoje em dia parece que não tem muita gente disposta a se dedicar ao que quer que seja.
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