sábado, 2 de julho de 2011

A mágica dos dias ruins

Mistério da existência: por que uma barreira no nada, do nada, estúpida e teimosa?

Nem medo da morte, nem conforto para grandes perdas, nem o mistério da existência; nenhuma dessas três clássicas desculpas são o que mais me atiça a necessidade de soluções metafísicas para a vida. O que mais me provoca a necessidade de um pensamento mágico/religioso ou o sentimento de falta deste é ter um dia muito, muito, muito ruim! O tipo de dia que reúne acidentes dos mais bizarros, azares grandes e pequenos, além de consequências ruins que precisamos até de alguns dias posteriores para descobrir o quanto os acontecimentos daquele fatídico dia foram ruins.

Não se trata de humor nem de outras coisas que poderiam ser explicadas por psicólogos; não havia padrões de acontecimentos que pudessem ter alguma interpretação matemática ou estrutural; não parece haver nenhuma relação necessária que explique o acúmulo e a sinergia dos acidentes. E claro que não há, por que haveria? Afinal, a vida não faz sentido. Mesmo assim, uma confluência tão grande de "azares" dá a impressão de que haveria algum sentido. Por que diabos coisas tão ruins ficariam concentradas num único dia? Desde quando "dia" é medida de alguma coisa, a não para alguns seres vivos, como nós? 

Toda a existência, todos os fatos, não terem sentido, é uma coisa. Outra, mais estranha, é dizer que uma série de fatos com determinado valor (ruim, no caso) não têm sentido. Valor implica sentido, de alguma forma. Seu acúmulo parece provocar a crença num significado em comum subjacente aos fatos. Dias melhores virão, suponho, dias que não angustiem a ponto de provocar instintos metafísicos.

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