Todo mundo escreve "pra" pra parecer natural, coloquial, cotidiano. Agora, se até os livros de escola são todos feitos com "pra", de nada adianta o velho argumento de que "a escrita é uma coisa, a fala é outra" quando apresentamos "para" pro aluno (qualquer aluno, mesmo adulto)! Ora, as pessoas estão justamente negando o princípio (ou pelo menos afirmando o contrário dele) sempre achando que precisam evitar a forma escrita "para" pra alguém pronunciar "pra".
Como "porque esta é a regra" não é argumento que se sustente na educação brasileira, e como todo o mundo pode escrever "pra", mesmo nos livros usados para ensinar crianças a ler e escrever, por que ninguém oficializa essa mudança logo?! Poxa, já faz mais de um século (pelo menos) que se usa a grafia não-oficial no Brasil! Mas, não: vamos tirar o acento de Odisseia, derrubar tremas... e fingir que ajudamos alguém mantendo o maldito "para" sempre no bolso, pronto para ser usado contra o texto de todos.
Observe-se uma grande vantagem: a queda do acento diferencial para o verbo parar conjugado ("pára", que virou "para") trouxe nova incongruência à escrita, pois não se está usando aí um acento para diferenciar o verbo da ralé sintática, o que acontece com "é" e "e", "pôr" e "por", "dê" e "de" (não regidos por acentos diferenciais, mas por um muito conveniente argumento de tonicidade). A oficialização do "pra" resolveria o problema, deixando dois "a"s pra palavra que importa mesmo: o verbo!
Revolução! Abaixo o primeiro "a" de "para"!
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