Estava eu trabalhando em turno inverso na escola para lidar com burocracia. Fiquei sozinho na sala dos professores (tinha até outra professora lá, mas ela estava com a preguiça do almoço e não abria a boca por nada no mundo), e a chatice rendia bem. Num determinado momento, a dorminhoca que estava ali sentada foi para a porta e, saindo, cumprimentou duas pessoas que responderam com voz ostensivamente educada. Os dois entraram. Eram PMs. Deram um solene "Boa tarde" para mim e já se serviram do café. Começaram a conversar... sobre trabalho. Malharam a Brigada Militar tudo que puderam. Ou melhor, malhOU, porque eram aquela dupla clássica em que um chato não para de falar nunca enquanto o outro mantém apenas a expressão facial afirmativa para que o primeiro possa fingir que ambos contribuem para formar um "diálogo". Falou, falou, falou sobre emprego, produtividade, posturas de empresas, problemas administrativos, e em nenhum momento suspeitou que aquele professor cercado de folhas e checando documentos de todos os lados para canetear este e fechar aquele estivesse TRABALHANDO.
Enfim, depois de semi-atrapalhar (por algum motivo, consegui manter a concentração mínima necessária) meu trabalho falando sobre qualidade de trabalho, foi convidado pelo amigo para que fossem embora. Não resisti, então, a contabilizar o que eles tinham feito ali: entrado na sala dos professores, tomado café, comido bolachas e ido embora. Não tinham feito nem uma social com a diretora, nada. Não passa uma enorme sensação de segurança saber que os dois policiais na área vêm apenas fazer um lanche num estabelecimento público (muito cuidado no sentido desse "público") e vão embora sem mais? E ainda me disseram depois que é um comportamento típico em qualquer escola pública. Eu nunca tinha visto. Sorte?
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