Forno Alegre é uma cidade fantástica. Como exemplo disso ao estrangeiro, podemos dizer que a cidade apresenta todos os climas em um dia. Além disso, uns ônibus carregam o inverno dentro de si, enquanto outros levam o verão. Porém, mesmo acostumado com a cidade, nada me preparara para o aconteceria naquele dia, em pleno Mercado Público.
Esperava eu um companheiro de profissão que comprava queijo nas bancas tradicionais do Mercado. Uma mulher de uns 70 anos ou mais pisou perto de uma nota de 50 reais. Um dos comerciantes (imaginem, um comerciante!) chamou a atenção dela e indicou que ela havia deixado cair a nota. A mulher agiu como quem acha isso muito estranho, mas pegou o dinheiro e colocou na carteira. Aparentemente tranquilo com a situação, o vendedor seguiu conversando com seu amigo. Eu havia recém saído de uma reunião administrativo-pedagógica, portanto meus sentidos estavam afinados demais com tudo que há de surreal, de modo que a cena me afetou gravemente. Fiquei preocupado com o axis mundi, o que ainda me permitiu assistir ao final da problemática quando a velha voltou e disse ter contado o dinheiro na bolsa: a nota não era dela. Não apenas eu, mas o vendedor, o amigo e três pessoas ali naquele espaço reagiram com surpresa ao ver o ato honesto do homem ser respondido pelo ato (se possível) ainda mais honesto da mulher.
Juro que essa história tão assustadora é real, e que, apesar de isso ter acontecido há já alguns dias e a cidade de Forno Alegre ter apenas coisa de milhão e meio de habitantes, eu nunca mais encontrei essa mulher...!
3 comentários:
Forno Alere me faz sofrer...
garanto que tu escreve esses post ouvindo aquele cdzinho do Porto Alegre é demais da prateleira!depois eu que sou bairrista...
Nossa! Incomodei o espírito encarnado da cidade. Perdão, ó Avatar de Porto Alegre, eu nunca disse que não gostava daqui (e foi Vossa Eminência que me gravou a expressão "Forno Alegre" na mente, se bem se lembra... rs).
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