Eu entendo que os marketeiros e sensacionalistas tenham, desde 2000 (mesmo que o século tenha começado em 2001), começado a eleger já os "maiores do século XXI" frente a qualquer porcaria que acontecesse. Usaram particularmente a palavra "revolução", que perdeu seu sentido já no séc. XX devido justamente a seu uso abusivo por propagandas e partidos, associada a qualquer coisa, uso prático para invenções tecnológicas (como cada função a mais num celular - não um grupo de funções, cada). Qualquer número alto, fosse de vítimas, de quilômetros degelados ou de grãos de arroz vendidos viravam logo o recorde sob o qual o século XXI inteiro iria viver. Não descontemos, é claro, os TOPs qualquer-coisa, que já se propunham de antemão a declarar a perpetuidade de seus resultados.
Isso tudo eu posso até aceitar. Afinal, pega mal achar imbecil quase toda a produção midiática cotidiana. E eu sou alguém que me importo tanto com minha imagem... É preciso ter critérios pouco exigentes e acreditar que mais pessoas do que se suspeita têm senso crítico por aí.
Mas, francamente, quando os grandes jornais e revistas passam a entrar na onda e a fazer retrospectivas que tratam nossa primeira década como definidora do século XXI (com um vazio "talvez" agregado para não soarem totalmente imbecis) é já exagero. Entendo que os terroristas tenham tido um ano meio manso para o gosto jornalístico, de modo que recuperar a década agora permite mostrar mais vezes as imagens das Torres Gêmeas caindo (algo para o que acredito que tenham cota por ano), mas, se ficar perto de besteiras faz mal, grandes empresas de notícias transformarem o discurso marketeiro em conteúdo jornalístico não é só um problema mercadológico de revistas e jornais, é problema de saúde pública.
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