sábado, 16 de outubro de 2010

Processo eleitoral pelo ralo

A discussão religiosa, nessa forma forçada para dominar o segundo turno, não acrescenta à política porque colocar Deus na roda e não querer que os candidatos passem a se portar hipocritamente (não há outra forma) como santos é desconhecer religiosos, políticos, ou ambos.

PS: Sim, estou sendo politicamente incorreto aqui. E os religiosos com a cabeça no lugar tenham consciência de que a minoria fundamentalista (ainda que em um ou dois quesitos) ainda é gente demais para ser ignorada pela publicidade eleitoral.

16 comentários:

Clark disse...

Eu só queria saber o que é ser fundamentalista...

Tigre disse...

Para mim, quem obedece, rigorosa e literalmente a determinado conceito, independente de todo o resto, reagindo raivosamente a qualquer possibilidade de se questionar esse conceito, ainda que o questionamento não necessariamente fosse levar à uma derrubada do preceito que está sendo defendido de forma fundamentalista.

Tigre disse...

Detalhe importante: o "raivosamente" pode ser manifestado também por hipocrisia ou cinismo.

Clark disse...

95% da população mundial.

Tigre disse...

E?

Tigre disse...

Sério, acho que nossas premissas são tão diferentes que não entendi se é um "comentário" ou uma "crítica".

Clark disse...

Minha premissa é: em que as reivindicações de quem recebe o rótulo de “fundamentalis” são menos legítimas do que as dos que se auto-rotulam “humanistas”?

Estes também, muitas vezes, não estão dispostos a se quer discutir as suas idéias e, não raro, quando contrariados, atribuem a posição contrária a meros dogmas... religiosos. Como se a posição “humanista” fosse simplesmente “neutra”.

Carla M. disse...

E viva os humanistas.

Tigre disse...

A minha premissa é que os que EU considero fundamentalistas têm reivindicações menos legítimas que o resto da humanidade. Ou tu escuta muito quem tem apenas o argumento "tal coisa é assim e essa coisa é assim, porque ela é assim"?

Agora, quem tu tá chamando (ou se chama) de humanistas? Eu não falei neles (e imagino que estaríamos nos referindo a pessoas diferentes). Nem falei em neutralidade. O problema do fundamentalismo não é o interesse envolvido, mas que esse interesse negue a possibilidade de qualquer outro.

Mas, sobre o teu outro comentário, se 95% da humanidade é fundamentalista pela minha definição da palavra, o Brasil responde por pouco dessa porcentagem. Além de que as pessoas são fundamentalistas defendendo seu time, outros defendendo um tipo de carro ou a galinhagem como fundamento genético do homem. Não acredito que, mesmo pelo meu conceito, aches que 95% dos brasileiros sejam fundamentalistas religiosos, e são apenas estes que eu estava considerando (neste post).

Leo disse...

uma sugestão pra ti: sai da faculdade e demais centros "intelectuais" e vai perguntar pras pessoas "comuns" se são a favor do aborto, da pena de morte e da união homossexual. e pergunta se essas opiniões são fruto de alguma orientação religiosa. depois a gente conversa.

Tigre disse...

Eu nem piso em centros "intelectuais" há um ano, pelo menos. E eu não estou reclamando de pessoas não serem a favor do aborto ou da união homossexual. Eu estou falando que os políticos precisam ter em vista um determinado argumento exagerado contra essas duas coisas, e que, por isso, a discussão fica contraproducente.

Eu não estou dizendo (nem vejo muito por que se pensar que eu estaria) que quem discorda de mim é fundamentalista, nem que todos os religiosos o sejam, tanto que no PS eu me dirigi a "religiosos sensatos", os quais caracterizei como maioria. Por que o post pareceu para vcs tão pró-Dilma, ou mesmo pró-aborto?

Tigre disse...

Para tirar isso de lado: eu sou a favor do aborto (mas não indiscriminado), contra a pena de morte e a favor do casamento de homossexuais (não apenas de uma "união legal", apesar de que eu não considero que a Igreja C.A.R. devesse ser forçada - nem poderiam - a sacralizar esse casamento)

Leo disse...

não entendi. se a lei permite a união homossexual e as igrejas não podem ser forçadas a casar gays, o que é que tu acha que devia existir? uma igreja só de gays em que eles pudessem casar?

Tigre disse...

Falei a Católica Apostólica Romana. Existem várias outras que casam (bom, talvez não sejam várias, não sei, proporcionalmente ao número que existem, se são muitas). De qualquer forma, não se existem muitos homossexuais interessados em casar pela Católica Apostólica Romana. De qualquer forma, essa questão é paralela ao post, certo?

Leo disse...

tá, mas peraí, as igrejas têm lá os seus dogmas e doutrinas. não acho que tenham que ser obrigadas a ir contra eles pra permitir casamento homossexual, aborto e outras coisas que não aprovam. e realmente duvido que existam várias igrejas que casem homossexuais...

sim, a questão é paralela ao post, mas tu colocou e eu continuo sem entender o que é que deveria existir então.

Tigre disse...

O que deveria existir, para mim, é igualdade de direitos. Se o governo não pode regrar o casamento per se, já que isso caberia às igrejas, então o mesmo se diria de casamentos heterossexuais. Nenhum candidato falaria sobre "casamento ficar para cada igreja decidir" se estivesse discutindo algum conflito sobre casamento hetero. Ou seja, seja lá qual for o poder legal a esse respeito, eu acredito que o governo deveria dar o mesmo tratamento para os dois casos. Ficar com não-me-toques como "união legal" é dizer que não quer dar o mesmo franco apoio aos dois tipos de "união", hetero ou homo, o que é, para mim, fugir da raia, não "precisão conceitual".