Eu costumo achar um bom exemplo dos efeitos da falta de educação formal a completa incompetência da maioria dos criminosos para aplicar o simples conceito de público-alvo (adaptado à criminalidade, sim). Qualquer idiota que assalta ou sequestra alguém no meu bairro, por exemplo, tem uma enorme dificuldade em considerar que a vítima terá baixíssima probabilidade de render o lucro que uma pessoa assaltada em determinados bairros de Porto Alegre, considerando-se um assalto que custasse o mesmo esforço. O criminoso não considera nem a enorme probabilidade de não ter lucro nenhum. Na verdade, a própria habilidade de prever resultados está além da capacidade da grande maioria dos ladrões e assaltantes brasileiros, ainda que consideremos alguns dos mais ambiciosos.
Para os que têm a habilidade de julgar o que estão vendo, então há ainda o perigo das aparências, de modo que o mais adequado seria mesmo uma pesquisa a respeito do alvo, já que nunca se sabe quando a vítima será, inadvertidamente, um professor. E aí, meu ineficaz assaltante, às vezes vale menos que assaltar a si próprio. Foi o caso de uma colega minha, que me fez lembrar, aliás, uma crônica de Juremir Machado, publicada aqui, em que ele comentava sobre uma professora que, assaltada em sala de aula por um aluno, tinha apenas R$ 5,00 para entregar. Pois minha colega sofreu um sequestro relâmpago. Foi atacada porque tinha carro, ou seja, isso fez com que os caras achassem que a função renderia lucro. Levaram-na até o banco, onde ela foi intimidada a tirar tudo o que tinha naquela conta. Quanto veio? R$ 6,00. Mas ela tinha outro cartão. Foram até o outro banco. Quanto ali? R$ 30,00. Levaram o carro, mas por desforra, praticamente não tiraram nada que daria lucro, porque o automóvel não era lá um exemplo de luxo ou mesmo de manutenção.
Estudo, rapazes... estudo!
4 comentários:
estudar pra que, se os professores, que estudam tanto, tem só 36 reais na conta e um carro meia-boca?
(ironia mode: off)
É q os professores tentam viver do estudo. Não estou sendo tão radical em minha proposta à criminalidade rs
Então é só um questão de aprimorar o roubo, não a sociedade?
Da máxima "cada povo tem os políticos que merece", sempre entendi que o crime fosse um indicativo do nível de civilização de um país.
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