As pessoas com deficiência, em geral, passaram a ser chamadas há um tempo de especiais. Como não acredito em palavras mágicas desde pequeno, não me surpreendi que o efeito disso fosse o contrário do que queriam os politicamente corretos: em vez de aliviar o preconceito que sofriam essas pessoas, foi a palavra "especial" que se tornou pejorativa. O que eu não sabia é que "especial" é já o quarto termo na lista dos dejetos da "forma politicamente correta para se referir a deficientes". Atualmente, no caso do ensino, o termo politicamente correto é "alunos de inclusão". Ou talvez isso também agora seja preconceito, tornando-se o novo termo-tabu. Essa dificuldade de nomear, essa neurose de se evitar o tabu é a marca mais clássica de preconceito, aquela que vira a cara, que tapa a boca, que prefere indicar com os olhos ou com um gesto sutil em vez de nomear. É um exemplo de criatividade o quanto a postura politicamente correta consegue reinventar e reproduzir os preconceitos sempre desaprovando quem não compra sua visão mágica sobre a linguagem.
2 comentários:
já dizia o profeta: rótulos são pra geléias!
Haha. Eu tinha que conhecer esse filósofo, para citá-lo muito aqui!
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