Às vezes eu deixo a desejar na clareza, aqui, e realmente devo passar aos leitores coisas contrárias às minhas crenças e valores. Por exemplo, num post de muito tempo atrás, que não vou catar agora, eu convidava linguistas a comentarem determinado fenômeno que eu mostrava causar tilts na gramática normativa. Como pude comprovar, linguistas podiam entender que eu estava os confundindo com gramáticos. Puderam pensar isso porque eu achava totalmente implícito que eu não faria uma confusão dessas, tão implícito que não dei nenhuma indicação no texto de que eu não fazia tal crime. Na verdade o que eu queria era que comentassem o fenônemo do ponto de vista deles, tendo eu discutido a questão do ponto de vista da gramática normativa.
Hoje aconteceu de novo. No post logo abaixo, coloquei o título "Foda-se o mundo, EU tenho um cargo público". O "eu" em questão não sou eu, Tigre, porque não tenho um cargo público. Só que, como meu chefe é do Estado, por uma loucura administrativa, e como refiro no post que recebo ordens do Estado, sem explicar em nenhum momento que isso não me torna funcionário público, causei um mal-entendido tão feio que pensei em deletar o post. Primeiro eu explico a confusão, depois explico por que eu não deleto, nem mudo o título agora mesmo.
O "eu" se refere às pessoas que efetivamente fazem parte do Estado e que são, tecnicamente, meus chefes. Essas pessoas mandam o mundo se fuder (eu e meus colegas), dispondo do poder que detêm sobre nós de forma irresponsável, a meu ver, desrespeitando tudo o que fazemos para ter, com nossas aulas, um resultado construtivo e relevante. Eles não são totalmente incompetentes, nem todos são necessariamente incompetentes, mas eu estava irritado, pô!
Agora, não deleto o post anterior porque, quando o escrevi, na verdade eu já era um funcionário público e não sabia. Acontece que fui chamado em um concurso, mas não me avisaram. Fiquei sabendo no fim da tarde, bem depois de escrever o post. Portanto, não só meu texto poderia dar a entender que eu estava mandando o mundo se fuder por ser funcionário público (que eu acreditava não ser) quanto minha segurança de que essa leitura seria totalmente inválida era infundada, já que alguém poderia, antes de mim, saber que eu tinha sido chamado e associar o fato ao título sem eu nem suspeitar da coisa toda. Enfim, fica o post pelo acidente, para me lembrar de escrever apenas quando estiver concentrado, com a firme consciência de que a falta de contexto dos leitores e minha vontade de expressar algumas opiniões com certa força podem causar grandes manchas no blog...
Um comentário:
oh meu bem, mas o que importa é que agora tu é um funcionário público, e mudou de chefes, rsrsrs!
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