A educação pode ser vista desta forma: é a transformação das pessoas que sabem fazer filhos bem em pessoas que sabem não fazer filhos.
PS: "saber", aqui, vai muito além de "conhecimento", por favor.
Falando sobre tudo de linguagem que chamar a minha atenção: placas, conversas, citações... Deem uma chance lendo aí embaixo e vão sacar o foco.
quarta-feira, 30 de junho de 2010
Medindo palavras
"The first rule in kidnapping cases: 'always call the police'. The second rule in kidnapping cases: 'never call the police'. The truth is you a flip a coin either way."
Ainda me impressiona como é sempre politicamente incorreta uma a cada três frases de qualquer seriado ou filme dos anos 1980 para trás. Imaginem a revolta contra a "irresponsabilidade social" de se dizer uma coisa dessas na TV hoje. Ou, por outro lado, contraponha-se a essa frase as horas diárias de didatismo imbecilizante de uma novela de Manoel Carlos, infinitamente adequada à hipersensibilidade retórica atual, insultando a inteligência o mundo nos implícitos e pressupostos, a fim de "educar o povo brasileiro" no explícitos. E ainda fizeram propaganda, há pouco, dizendo que as novelas globais inventaram a pedagogia de folhetim! Não: a pedagogia de folhetim tanto é mais velha que a TV (como tento indicar pela expressão) quanto não se restringe mais a esta, mas invadiu e domina nossa forma cotidiana de falar de tal forma que só os canais retrô nos revelam. :)
Magnum
Ainda me impressiona como é sempre politicamente incorreta uma a cada três frases de qualquer seriado ou filme dos anos 1980 para trás. Imaginem a revolta contra a "irresponsabilidade social" de se dizer uma coisa dessas na TV hoje. Ou, por outro lado, contraponha-se a essa frase as horas diárias de didatismo imbecilizante de uma novela de Manoel Carlos, infinitamente adequada à hipersensibilidade retórica atual, insultando a inteligência o mundo nos implícitos e pressupostos, a fim de "educar o povo brasileiro" no explícitos. E ainda fizeram propaganda, há pouco, dizendo que as novelas globais inventaram a pedagogia de folhetim! Não: a pedagogia de folhetim tanto é mais velha que a TV (como tento indicar pela expressão) quanto não se restringe mais a esta, mas invadiu e domina nossa forma cotidiana de falar de tal forma que só os canais retrô nos revelam. :)
terça-feira, 29 de junho de 2010
Comprovação anti-alarmista
"A pintura foi morta algumas vezes no século XX. O século morreu antes dela."
Elyeser Szturm - UnB
CQC
"E se você, cidadão de São Bernardo do Campo, foi agredido pela polícia: Hospital de São Bernardo do Campo, sempre pertinho de você!"
Genial.
PS: Ok, as palavras iniciais são aproximadas, mas não quis esperar alguém postar no youtube para publicar aqui.
Genial.
PS: Ok, as palavras iniciais são aproximadas, mas não quis esperar alguém postar no youtube para publicar aqui.
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Do cinema para o dicionário (coloquial)
"To pull a dark knight" = ser um filme de inesperada qualidade que gera uma sequência de fantástica e inacreditável qualidade.
Bela expressão.
Bela expressão.
Pichação e registro
"Rebele-se! É a vez da juventude!"
É ou não o caso de se pedir que o pichador coloque a data em que escreveu a mensagem? Será que eles não sabem que, muitas vezes, seus escritos duram bastante? Não passou pela cabeça do pichador, nesse caso, que alguém poderia ver sua mensagem e não saber se é agora a vez da juventude ou se ela já passou, se a mensagem foi escrita há cinco anos, por exemplo? Fiquei perdido. Não sei se devo me rebelar ou se passei por um patrimônio histórico do vandalismo urbano. Bom, na verdade, nem sei se sou jovem conforme os conceitos do pichador. Talvez se devesse abandonar a forma telegráfica de sujar as ruas pichando-se logo tratados e manifestos, pelo bem da clareza, da didática e, claro, da Revolução!
domingo, 27 de junho de 2010
Nunca antes na história deste bairro
No penúltimo post, mencionei o assassinato de uma professora na saída da escola, fato ocorrido muito perto da minha casa. Para minha surpresa, fiquei sabendo pelo jornal que o tiro que ela recebeu foi na cabeça, não no tronco, como parecia para mim e para outras pessoas que passavam no momento (ela ficou meio consciente caída sobre o próprio corpo, com a cabeça escorada no volante, o que confundia de onde viera o sangue espalhado).
Não é o alvo do tiro que me surpreende, mas o fato de ter ficado sabendo disso pelo jornal. A morte virou capa do Diário Gaúcho (voltado às classes D e E, segundo eles próprios), dizem que apareceu no Correio do Povo também (apesar de que não pude olhar essa edição) e conseguiu ser noticiado no pé da primeira página da Zero Hora. Como, que eu lembre, já comentei aqui no blog, mortes no meu bairro só são noticiadas em bloco: perseguições que terminem por aqui, com mortos e feridos de ambos os lados, noite de ajuste de contas (em que uns 2 ou 3 vão em umas sete casas apagar seus donos, imagina-se, em geral, por quê), além, é claro, do saldo de mortes, "tantos assassinatos ocorreram neste ano apenas no Leopoldina [ou no Rubem Berta]."
Sabemos muito sobre o bairro pelo mero boca-a-boca, eficiente e vital. Não sei se é pela gravidade dos ocorridos ou dos alertas, mas nunca descobri que algo no bairro era boato ou lenda. Quando, por acaso, soube de uma prova cabal a respeito de uma dessas notícias, sempre descobria que o que eu ouvira era verdade ou que, de fato, a coisa tinha sido pior. Mesmo assim, zero no jornal. Parece que nem mesmo a ameaça ou a prisão de estupradores consegue virar notícia aqui.
Agora a professora ganha os jornais. Por quê? A mulher não tinha particular importância no bairro. Os assaltantes eram ex-alunos, mas não é dizer nada. Ou se estuda naquela escola ou numa outra mais adiante, se se depende do ensino público.
Minha namorada levantou a hipótese de a notícia ser resultado do espírito tradicionalmente caritativo que se imagina atrelado à profissão. Bem provável. Somo a isso o poder dessa notícia de ganhar sinergia com as matérias sobre violência na escola, apesar de que isso é uma distorção do ocorrido, pois, como falei, sua morte não teve a ver com a relação professor-aluno. Então este sensacionalismo (no sentido light) se subordina àquele mito, de que o professor é um mártir que sofre com o total descaso da sociedade, particularmente dos alunos. Ou seja, o que fez do assassinato notícia é pura aparência: os ex-alunos não a mataram como alunos atacando uma professora, mas como cidadãos desse bairro rico de uma cultura de violência; a professora não era uma santa como se quer sobre a profissão, mas uma pessoa que, por todas as curvas típicas, que envolvem muito seus interesses pessoais, foi trabalhar no ensino público; a morte se deu na saída da escola e não fala sobre a violência na escola. Mas, "when the myth becomes fact, print the myth", então, ainda que o mito possa apenas colorir o fato...
Ao que tudo indica, a santidade fictícia da ação pedagógica comprou espaço na mídia para uma violência que, por tradição, atinge apenas gente com quem ninguém se importa, no sentido mesmo de gente que não consegue nem evocar empatia humanista. Mas passa: mais um dia, mais um jornal, e a guerra continua.
Não é o alvo do tiro que me surpreende, mas o fato de ter ficado sabendo disso pelo jornal. A morte virou capa do Diário Gaúcho (voltado às classes D e E, segundo eles próprios), dizem que apareceu no Correio do Povo também (apesar de que não pude olhar essa edição) e conseguiu ser noticiado no pé da primeira página da Zero Hora. Como, que eu lembre, já comentei aqui no blog, mortes no meu bairro só são noticiadas em bloco: perseguições que terminem por aqui, com mortos e feridos de ambos os lados, noite de ajuste de contas (em que uns 2 ou 3 vão em umas sete casas apagar seus donos, imagina-se, em geral, por quê), além, é claro, do saldo de mortes, "tantos assassinatos ocorreram neste ano apenas no Leopoldina [ou no Rubem Berta]."
Sabemos muito sobre o bairro pelo mero boca-a-boca, eficiente e vital. Não sei se é pela gravidade dos ocorridos ou dos alertas, mas nunca descobri que algo no bairro era boato ou lenda. Quando, por acaso, soube de uma prova cabal a respeito de uma dessas notícias, sempre descobria que o que eu ouvira era verdade ou que, de fato, a coisa tinha sido pior. Mesmo assim, zero no jornal. Parece que nem mesmo a ameaça ou a prisão de estupradores consegue virar notícia aqui.
Agora a professora ganha os jornais. Por quê? A mulher não tinha particular importância no bairro. Os assaltantes eram ex-alunos, mas não é dizer nada. Ou se estuda naquela escola ou numa outra mais adiante, se se depende do ensino público.
Minha namorada levantou a hipótese de a notícia ser resultado do espírito tradicionalmente caritativo que se imagina atrelado à profissão. Bem provável. Somo a isso o poder dessa notícia de ganhar sinergia com as matérias sobre violência na escola, apesar de que isso é uma distorção do ocorrido, pois, como falei, sua morte não teve a ver com a relação professor-aluno. Então este sensacionalismo (no sentido light) se subordina àquele mito, de que o professor é um mártir que sofre com o total descaso da sociedade, particularmente dos alunos. Ou seja, o que fez do assassinato notícia é pura aparência: os ex-alunos não a mataram como alunos atacando uma professora, mas como cidadãos desse bairro rico de uma cultura de violência; a professora não era uma santa como se quer sobre a profissão, mas uma pessoa que, por todas as curvas típicas, que envolvem muito seus interesses pessoais, foi trabalhar no ensino público; a morte se deu na saída da escola e não fala sobre a violência na escola. Mas, "when the myth becomes fact, print the myth", então, ainda que o mito possa apenas colorir o fato...
Ao que tudo indica, a santidade fictícia da ação pedagógica comprou espaço na mídia para uma violência que, por tradição, atinge apenas gente com quem ninguém se importa, no sentido mesmo de gente que não consegue nem evocar empatia humanista. Mas passa: mais um dia, mais um jornal, e a guerra continua.
sábado, 26 de junho de 2010
Futebol-arte
Gana derrota EUA.
Vai ter cara de escapismo compensatório em todos os jornais.
Vai ter cara de escapismo compensatório em todos os jornais.
sexta-feira, 25 de junho de 2010
Sejamos realistas: é 80% de Aproveitamento!
Comentário de uma semana com tédio e assassinato:
"Podia ser pior" é uma avaliação conformista que pressupõe que a vida é para ser medida por baixo. Sejamos mais otimistas e positivos, ou muito, e digamos que um dia só é bom de verdade quando seu aproveitamento é de 100%, ou seja, quando tiramos dele o máximo que ele pode dar. Se não temos essa noção (a de medir o potencial de cada dia de forma realista), não somos otimistas, mas utopistas românticos - por favor, sejamos realistas.
Tudo que se aproxima do 100% é bom, ou seja, um dia realmente médio - "médio" como aquele casal de classe média do Veríssimo, que de tão classe média tinha 2 filhos e meio - vale 50% nessa escala. É um dia em que não ocorreu nada de muito bom, mas também nada de muito ruim, um dia em que aproveitamos as oportunidades apenas conforme os planos, o esperado ou o costume, tudo isso num dia que não anunciava nada demais. Que fique bem claro que penso o dia pelo dia. Ter um dia ótimo não é apagado do registro apenas porque o dia seguinte foi tão ótimo que fez o outro parecer um pouco pior. Se é pra roubar na conta (e, nas Humanas, não tem como não roubar na conta), que seja a nosso favor.
Agora, apliquemos a escala para que se observe como ela é útil e adequada mesmo em relação às menores coisas do dia-a-dia (postando sobre o cotidiano = dei aulas sobre crônicas durante a semana toda). Meçamos as "saídas para o trabalho".
Dois dos dias úteis (os que não têm por fim último corrigir textos ou ler para a tese) desta semana tiveram boas saídas para o trabalho. Saí no horário previsto, fiz o caminho previsto, com os cuidados previstos, com o resultado previsto. Tudo nos trinques e nada de espetacular. Ou seja, dois dias 50%. Considerando-se os cinco dias úteis desta semana como total, esses 1/2 aproveitamentos valiam, juntos, 1/5 da semana vencido. Os outros três dias úteis exigem apresentação especial.
Num dia saí mais cedo do que queria, um pouco só, mas isso valeu passar por um posto de saúde no horário em que ainda estava aberto. Tivemos já algum contato com esse posto para desenvolver determinados temas na escola. Ter passado ali cedo me deu a ideia de convidar uma assistente em particular a nos ajudar em nova questão, uma feira cuja organização estava nos dando muitos problemas. Passei ali, ela estava, queria ajudar e deu uma série de dicas sobre outros grupos que poderiam participar, conforme a minha explicação de nossas dificuldades, de modo que essa passada no posto me valeu a solução de um problema que todos os professores juntos não tinham conseguido solucionar e sobre o qual matutávamos havia muitos dias. Em termos de "saída para o trabalho", 100%.
Num outro dia, estava cansado, sentindo fortemente os sintomas de um gripe depois de dias DEMAIS de sintomas... No dia ventava ainda, frio! Não queria gastar dinheiro para ir de ônibus até a escola, mas também não queria caminhar até lá. Enfim, tive coragem, saí logo, sem amarração. Timing perfeito para encontrar uma carona após ter dado apenas cinco passos na rua! Muito timing! Quais são as chances de um encontro imprevisto e fortuito ser tão preciso? Sair um minuto antes ou depois de casa teria me suprimido a possibilidade de carona! 100%.
Hoje resolvi me atrasar. É sexta-feira, esteve chovendo todo o dia, os alunos deviam rarear... Azar: ia sair um pouco mais tarde e ir de ônibus. No fim, saí apenas cinco minutos mais tarde. E o que aconteceu quando eu estaria passando por trás de uma escola, caminho que leva à minha (e àquele posto que mencionei)? No momento em que eu estaria no caminho por trás da tal outra escola, dois caras armados abordaram a diretora desta, quando ela saía pelo portão, com seu carro. Não se sabe bem o que ocorreu (se foi tentativa de roubo ou não - não pareceu ser), mas eles deram um tiro nela e saíram correndo pelo caminho por trás da escola. Por ter pego o ônibus, eu só vi a confusão posterior, passando pela ambulância, que chegava no local. Nada de tiroteios, sustos ou perseguição. 100%!
Logo, cada dia superaproveitado sendo 1/5 de minha semana, os três somados aos dois dias médios valem 4/5 da semana, ou 80% de aproveitamento. Valeu! O fato de passar pelo assassinato de uma diretora na saída da escola é, como sabemos, apenas um acontecimento cotidiano. Sejamos realistas.
"Podia ser pior" é uma avaliação conformista que pressupõe que a vida é para ser medida por baixo. Sejamos mais otimistas e positivos, ou muito, e digamos que um dia só é bom de verdade quando seu aproveitamento é de 100%, ou seja, quando tiramos dele o máximo que ele pode dar. Se não temos essa noção (a de medir o potencial de cada dia de forma realista), não somos otimistas, mas utopistas românticos - por favor, sejamos realistas.
Tudo que se aproxima do 100% é bom, ou seja, um dia realmente médio - "médio" como aquele casal de classe média do Veríssimo, que de tão classe média tinha 2 filhos e meio - vale 50% nessa escala. É um dia em que não ocorreu nada de muito bom, mas também nada de muito ruim, um dia em que aproveitamos as oportunidades apenas conforme os planos, o esperado ou o costume, tudo isso num dia que não anunciava nada demais. Que fique bem claro que penso o dia pelo dia. Ter um dia ótimo não é apagado do registro apenas porque o dia seguinte foi tão ótimo que fez o outro parecer um pouco pior. Se é pra roubar na conta (e, nas Humanas, não tem como não roubar na conta), que seja a nosso favor.
Agora, apliquemos a escala para que se observe como ela é útil e adequada mesmo em relação às menores coisas do dia-a-dia (postando sobre o cotidiano = dei aulas sobre crônicas durante a semana toda). Meçamos as "saídas para o trabalho".
Dois dos dias úteis (os que não têm por fim último corrigir textos ou ler para a tese) desta semana tiveram boas saídas para o trabalho. Saí no horário previsto, fiz o caminho previsto, com os cuidados previstos, com o resultado previsto. Tudo nos trinques e nada de espetacular. Ou seja, dois dias 50%. Considerando-se os cinco dias úteis desta semana como total, esses 1/2 aproveitamentos valiam, juntos, 1/5 da semana vencido. Os outros três dias úteis exigem apresentação especial.
Num dia saí mais cedo do que queria, um pouco só, mas isso valeu passar por um posto de saúde no horário em que ainda estava aberto. Tivemos já algum contato com esse posto para desenvolver determinados temas na escola. Ter passado ali cedo me deu a ideia de convidar uma assistente em particular a nos ajudar em nova questão, uma feira cuja organização estava nos dando muitos problemas. Passei ali, ela estava, queria ajudar e deu uma série de dicas sobre outros grupos que poderiam participar, conforme a minha explicação de nossas dificuldades, de modo que essa passada no posto me valeu a solução de um problema que todos os professores juntos não tinham conseguido solucionar e sobre o qual matutávamos havia muitos dias. Em termos de "saída para o trabalho", 100%.
Num outro dia, estava cansado, sentindo fortemente os sintomas de um gripe depois de dias DEMAIS de sintomas... No dia ventava ainda, frio! Não queria gastar dinheiro para ir de ônibus até a escola, mas também não queria caminhar até lá. Enfim, tive coragem, saí logo, sem amarração. Timing perfeito para encontrar uma carona após ter dado apenas cinco passos na rua! Muito timing! Quais são as chances de um encontro imprevisto e fortuito ser tão preciso? Sair um minuto antes ou depois de casa teria me suprimido a possibilidade de carona! 100%.
Hoje resolvi me atrasar. É sexta-feira, esteve chovendo todo o dia, os alunos deviam rarear... Azar: ia sair um pouco mais tarde e ir de ônibus. No fim, saí apenas cinco minutos mais tarde. E o que aconteceu quando eu estaria passando por trás de uma escola, caminho que leva à minha (e àquele posto que mencionei)? No momento em que eu estaria no caminho por trás da tal outra escola, dois caras armados abordaram a diretora desta, quando ela saía pelo portão, com seu carro. Não se sabe bem o que ocorreu (se foi tentativa de roubo ou não - não pareceu ser), mas eles deram um tiro nela e saíram correndo pelo caminho por trás da escola. Por ter pego o ônibus, eu só vi a confusão posterior, passando pela ambulância, que chegava no local. Nada de tiroteios, sustos ou perseguição. 100%!
Logo, cada dia superaproveitado sendo 1/5 de minha semana, os três somados aos dois dias médios valem 4/5 da semana, ou 80% de aproveitamento. Valeu! O fato de passar pelo assassinato de uma diretora na saída da escola é, como sabemos, apenas um acontecimento cotidiano. Sejamos realistas.
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Cobaia de tentativa-e-erro.
- Eu nunca tive uma aula de redação.
- Ué, e de onde saiu isso aqui [segurando a redação corrigida pela professora]?
- Eu tenho que fazer redação. A professora pede que escreva uma redação sobre tal. Mas não sei como escrever. Nunca tive uma aula que fosse sobre como se deve fazer uma redação.
Meu aluno particular de Português, no momento climático de sua transformação em meu aluno de Redação.
- Ué, e de onde saiu isso aqui [segurando a redação corrigida pela professora]?
- Eu tenho que fazer redação. A professora pede que escreva uma redação sobre tal. Mas não sei como escrever. Nunca tive uma aula que fosse sobre como se deve fazer uma redação.
Meu aluno particular de Português, no momento climático de sua transformação em meu aluno de Redação.
Elogio do Clichê Sazonal
Aos berros:
A - Que nada!
B - Como não, véio?
A - Isso dá... dá o quê? Dá 20 mulhé por ano!
B - Então?
A - Tá doido, cara! Tu comeu o quê? Quatro esse ano?
B - Como, cara?
A - Quatro!
B - Como? Desde quando?
A - Desde o início do ano, ora!
B - Claro que não.
A - Teve aquela do viaduto. E... e...
B - A Betinha.
A - Tá, a do viaduto e a Betinha. Só.
B - Que nada, cara.
A - Como não, tu não agarra ninguém há quanto tempo?
B - Claro que agarro.
A - Tu nem sai com a galera faz tempo.
B - Eu saio sozinho.
A - Que sai sozinho? Tu não sai de casa mais.
B - Claro, meu! Eu saio sozinho. Pego as mulhé toda hora.
A [sorriso não convencido]
Se é para discutir a todo o volume, por que não falar da Copa?
A - Que nada!
B - Como não, véio?
A - Isso dá... dá o quê? Dá 20 mulhé por ano!
B - Então?
A - Tá doido, cara! Tu comeu o quê? Quatro esse ano?
B - Como, cara?
A - Quatro!
B - Como? Desde quando?
A - Desde o início do ano, ora!
B - Claro que não.
A - Teve aquela do viaduto. E... e...
B - A Betinha.
A - Tá, a do viaduto e a Betinha. Só.
B - Que nada, cara.
A - Como não, tu não agarra ninguém há quanto tempo?
B - Claro que agarro.
A - Tu nem sai com a galera faz tempo.
B - Eu saio sozinho.
A - Que sai sozinho? Tu não sai de casa mais.
B - Claro, meu! Eu saio sozinho. Pego as mulhé toda hora.
A [sorriso não convencido]
Se é para discutir a todo o volume, por que não falar da Copa?
quarta-feira, 23 de junho de 2010
Tiro pela culatra
Lembram aquela empurrada que deu o Obama para que Lula tentasse o acordo com Teerã, mencionando até a quantia de 1,2 mil quilos de urânio? Pois a carta e o contato EUA-Brasil não apareceu na mídia norte-americana, na TV nem no jornal, até que Robert Naiman, diretor em solo norte-americano da ONG Just Foreign Policy, acusasse todo mundo, em particular o Washington Post e o New York Times, de autocensurar a carta para repetirem tal e qual o discurso da Hillary (Irã passou a perna no ingênuo e infantil país "em desenvolvimento"). O acordo seria tramoia do Irã e não algo que poderia contribuir para abaixar os ânimos e permitir negociação, como Obama afirmou antes.
Alguns acham mesmo que os EUA empurraram Brasil e Turquia supondo que o acordo não sairia (e quase não saiu, se durou tudo o que dizem), o que reforçaria o discurso das sanções. Não sei... Mas, se foi, seria um bom caso de técnica infantil resultando em desastre. Desastre que realmente só aumentaria de tamanho se soubessem que o Obama tinha apoiado o companheiro.
Alguns acham mesmo que os EUA empurraram Brasil e Turquia supondo que o acordo não sairia (e quase não saiu, se durou tudo o que dizem), o que reforçaria o discurso das sanções. Não sei... Mas, se foi, seria um bom caso de técnica infantil resultando em desastre. Desastre que realmente só aumentaria de tamanho se soubessem que o Obama tinha apoiado o companheiro.
terça-feira, 22 de junho de 2010
Coca-Cola e a democracia
"... e descubra se você ganhou uma das milhares de bolas exclusivas."
É... trata-se de uma exclusividade... no mínimo... bastante relativa.
É... trata-se de uma exclusividade... no mínimo... bastante relativa.
Desaniversário
Como eu respeito meus apetites, quando quero deitar a ouvir música (o que não é comum), deito a ouvir música. Então entrei madrugada, que era pra aproveitar recuperando o sono e curando uma gripe, ligado em tudo que é música que me aparecia na cabeça. E eis que descubro um vídeo inusitado que tem a minha idade (quer dizer, exatos 11 meses mais novo que eu). Como não vou lembrar de guardar até o aníver, melhor postar agora, nem que seja pelo total estranhamento que provoca:
segunda-feira, 21 de junho de 2010
Dando valor às moças nas arquibancadas?
"E desde quando mulher bonita precisa de áudio?"
Datena
Datena
Copa Interdisciplinar
Viram o Jackie Chan apitando o jogo de Espanha e Honduras?
Ordem na casa!
Exercício de dissertação.
Anotação de um tópico para introdução:
Anotação desse tópico para desenvolver no texto:
Anotação sobre o tópico para a conclusão:
Anotação de um tópico para introdução:
"filhos e marido"
Anotação desse tópico para desenvolver no texto:
"meus filhos adoram jogar video-game e marido assistir TV"
Anotação sobre o tópico para a conclusão:
"meus filhos e marido sabem seus limites"
Lavar o símbolo lava o partido?
Foto: Karlos Geromy - Carta Capital
Quando Deus criou Adão, 21 amigos e uma bola de futebol, quis que o Maranhão fosse bem longe de Porto Alegre. Ainda bem! Mas a distância afeta nossa observação, então desculpem qualquer erro na história que vou contar, ocorrida por aquelas bandas nórdicas. Juntei informações de onde pude, mas também não fui me meter a jornalista investigativo, que esse blog não era pra me roubar tempo!
Ao pensar em deixar a presidência, Lula quis lucrar da extensão de sua influência em todo o Brasil e garantir a sequência do PT na presidência. Ele fez então um acordo, já bem comentado, com o PMDB: apoio do PT nos estados pelo apoio do PMDB a Dilma Rousseff para presidente. Como as pesquisas de opinião anteriores à (pré) campanha deixavam a situação de Serra aparentemente confortável, também esse acordo parecia desenhar um caminho seguro para a eleição de Dilma, mas, assim que as campanhas começaram, toda a dinâmica política nacional começou a perturbar a calmaria superficial. Caso exemplar das consequências de mais essa medida de governabilidade do Lula é a situação do Maranhão.
Lá, a Ação Camponesa Operária, que não parece nunca ter tido muita força no partido, conseguiu ganhar de raspão da Construindo um Novo Brasil numa votação para decidir se realmente os petistas maranhenses iam apoiar a candidata do PMDB naquele estado, ROSEANA SARNEY. A "AÇO" decidiu que o projeto nacional do Lula era uma afronta à história do PT, particularmente quando envolve a aliança com o clã Sarney. Nada que uma faca nas costas não resolvesse: o ex-deputado Washington Luís, chefiando os sarneysistas da CNB, publicou e comemorou a aliança do PT com a Roseana assim mesmo, com direito a tirar foto dela segurando a camiseta do Partido dos Trabalhadores - pelo jeito o esquema foi rápido e traiçoeiro, mas não muito bem produzido, então eles não tiveram tempo nem de conseguir uma camiseta que coubesse na magra e pequena Sarney. Em protesto, os petistas insultados deram um banho na estrela, da foto lá do início.
Um dos patriarcas do PT, Manoel da Conceição, que atua no movimento dos trabalhadores rurais desde 1950 e foi um dos cinco signatários na fundação da sigla, ficou particularmente revoltado com a situação. Manoel está em conflito político com a família Sarney há 34 anos, desde que o o atual presidente do Senado fora eleito governador do Maranhão (1966). Ele traiu a causa da Reforma Agrária (ou piorou a situação), pela qual Manoel acreditara que Sarney lutaria e motivo pelo qual lhe tinha apoiado. Estando o apoio a Roseana Sarney oficializado, Manoel fez greve de fome e de remédios (para a diabete). Resultado? Lá foi o senhor de 75 anos para o hospital, após dias vivendo de água. José Eduardo Dutra, presidente do PT, teve de acabar com o drama, claro, e acabou fazendo um acordo que racha o PT sem rachar: os sarneysistas vão apoiar a Roseana, os demais apoiarão a chapa PSB, PDT e PCdoB, cujo candidato é Flávio Dino.
Digamos que o PT já teve histórias mais sujas, os outros partidos idem, de modo que, se todo mundo resolvesse lavar o símbolo para atacar a sem-vergonhice, o Brasil terminava com a água do mundo. Agora, com todas as crises, das quais o Maranhão é um exemplo extremado (pela alusiva aliança PT-Sarney), a "governabilidade" do Lula passou de técnica eficiente para ganhar as eleições (sua primeira eleição) a compulsão. Como disse Manoel da Conceição, comentando os acordos pró-Dilma, tudo tem limite, e "tal limite é a nossa dignidade".
Ter de se apelar aqui a greve de fome (e a desfiliações do partido, como em Minas) lembra que só se fica sabendo de atitudes autoritárias do presidente dentro do partido, ainda que, com os não-petistas, como Sarney ou Ahmadinejad, Lula seja só diplomacia. Dá para imaginar como a Dilma inspira seguir essa linha? Claro que ela não teria o poder de mando do Lula dentro do partido, e todo mundo que perder com os acordos para a eleição dela vai cobrar caro, dê o plano certo ou não, mas não imagino ela dando uma coesão construtiva ao partido sem uma peacemaker (é metáfora, não estou falando que ela é terrorista).
Só para comentar o outro lado, não escrevi nada disso supondo que o Serra seja um candidato melhor. A capacidade de mandar gente poderosa à merda de vez em quando é fundamental para um chefe decente, e Serra não me convence de que seja capaz de fazer isso. Só vi o Serra-diplomático (excesso nocivo, como disse) por enquanto, não o Serra mesmo. Aliás, espero que o que eu vejo não seja o Serra mesmo.
domingo, 20 de junho de 2010
Só nos falta a igreja
Hoje o Dunga fez mais uma para ser odiado. Falou, na frente de um monte de repórteres (!), que cada Copa é diferente, até porque as equipes são diferentes e o trabalho a ser desenvolvido, portanto, também. Ora, ele está achando que há lógica e trabalho no futebol, quando toda a imprensa sabe que só há essencialismo e mágica.
Por que os jogadores agradeceriam a Deus por TODOS os lances positivos, se não fosse porque não há absolutamente mérito humano nas partidas? Como um torcedor poderia achar que um time é superior aos outros, se periodicamente os jogadores e técnicos trocam de clube, sem o conhecimento de que existe algo sobrenatural na camisa tal, no estádio tal, que transcende à lógica e ao olhar humano? Mas, mais grave ainda, como a imprensa poderia viver sem comentários como "Kaká fala em expulsão injusta; últimos vermelhos terminaram em título"?
Os vermelhos dos outros foram menos abençoados que os nossos em cinco Copas não por trabalho ou esforço, mas porque Deus é brasileiro, ou seja, gosta de futebol e escreve certo por linhas tortas.
Por que os jogadores agradeceriam a Deus por TODOS os lances positivos, se não fosse porque não há absolutamente mérito humano nas partidas? Como um torcedor poderia achar que um time é superior aos outros, se periodicamente os jogadores e técnicos trocam de clube, sem o conhecimento de que existe algo sobrenatural na camisa tal, no estádio tal, que transcende à lógica e ao olhar humano? Mas, mais grave ainda, como a imprensa poderia viver sem comentários como "Kaká fala em expulsão injusta; últimos vermelhos terminaram em título"?
Os vermelhos dos outros foram menos abençoados que os nossos em cinco Copas não por trabalho ou esforço, mas porque Deus é brasileiro, ou seja, gosta de futebol e escreve certo por linhas tortas.
Redescobrindo celebridades
A Geisy, da Uniban, (lembram?) ainda vive como famosa. Não sabia. Conforme a Época, ela aparece em programas de TV e faz "participações VIPs" (programa de luxo?) em festas. Além disso, lançou sua grife, claro: já tinha gente vendendo vestido curto com o epíteto de "estilo Geisy" e, tendo a marca, ela nem precisa gastar muito com tecido. Mas a motivação mesmo de ela ser citada na revista, e aqui, é que estão lançando uma biografia da guria!
Preciso de um livro dos récordes para saber se já lançaram a biografia de alguém com 21 anos de idade na história. Provavelmente sim, mas não é desculpa para se repetir a afronta. Só para brincar com o contexto, está saindo agora também uma biografia do Maradona! Ambos com a fama chefiada por escândalos, ok, mas convenhamos...
A "beleza" financiada pelos "fãs e amigos" quer ser atriz, é óbvio, e quase estuda para isso. Faz algumas aulas, "exceto quando tem compromissos mais importantes, como ir à depilação", comenta a jornalista da revista, com uma maldade que magoa meu ingênuo senso de respeito igual a todo indivíduo. Quanto a ter uma formação profissional (digamos que suas parcas aulas de teatro não prometem), alega que não a deixariam em paz enquanto o incidente da Uniba não for esquecido, a que a jornalista responde, no fim da matéria: "Quando esquecerem, estudar talvez seja a única alternativa". Que maldade...
Preciso de um livro dos récordes para saber se já lançaram a biografia de alguém com 21 anos de idade na história. Provavelmente sim, mas não é desculpa para se repetir a afronta. Só para brincar com o contexto, está saindo agora também uma biografia do Maradona! Ambos com a fama chefiada por escândalos, ok, mas convenhamos...
A "beleza" financiada pelos "fãs e amigos" quer ser atriz, é óbvio, e quase estuda para isso. Faz algumas aulas, "exceto quando tem compromissos mais importantes, como ir à depilação", comenta a jornalista da revista, com uma maldade que magoa meu ingênuo senso de respeito igual a todo indivíduo. Quanto a ter uma formação profissional (digamos que suas parcas aulas de teatro não prometem), alega que não a deixariam em paz enquanto o incidente da Uniba não for esquecido, a que a jornalista responde, no fim da matéria: "Quando esquecerem, estudar talvez seja a única alternativa". Que maldade...
sábado, 19 de junho de 2010
Mais um motivo para não ser empreendedor
Está muito além de mim trabalhar numa profissão que envolve olhar planos de negócios em busca da presença de lacunas...
Fazendo justiça
Eu falo certos palavrões com alguma pertinência e adequação. Ou seja, quase sempre que falo um, ele é aceito ou compreendido por contexto de modo que pouco passo pela situação de alguém chamar minha atenção ou reagir como se fosse algo muito forte para o momento. Mas às vezes recebo reações ao falar "porcaria"! Diversas vezes me chamaram a atenção como se "porcaria" fosse palavrão.
Desculpem-me, mas não é. Aproveitemos para lembrar de Forest Gump ("stupid is who stupid does") para ressaltar que "porcaria" vem do que faz o porco. Lembram do porco, o animal que vive em ambiente que não invejamos, que nos dá seu corpo em holocausto capitalista constante e de quem aproveitamos até a porcaria? Sinto muito, mas classificar "porcaria" como insulto é preconceito, especialmente se outras palavras terminadas em "ria" são assim classificadas apenas porque têm ligação pela raiz a determinado povo. Achar que podemos extrapolar insultos de animais, mas não gírias empáticas de povos humanos também é preconceito. Os outros animais não têm hoje mais direitos que nós?
Desculpem-me, mas não é. Aproveitemos para lembrar de Forest Gump ("stupid is who stupid does") para ressaltar que "porcaria" vem do que faz o porco. Lembram do porco, o animal que vive em ambiente que não invejamos, que nos dá seu corpo em holocausto capitalista constante e de quem aproveitamos até a porcaria? Sinto muito, mas classificar "porcaria" como insulto é preconceito, especialmente se outras palavras terminadas em "ria" são assim classificadas apenas porque têm ligação pela raiz a determinado povo. Achar que podemos extrapolar insultos de animais, mas não gírias empáticas de povos humanos também é preconceito. Os outros animais não têm hoje mais direitos que nós?
Diálogo, caminho da filosofia
- Como passa o tempo, né?!
- É que isso é tudo que ele faz...
- É que isso é tudo que ele faz...
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Classificando Robert Smith
"robert is unbelievably talented but hopelessly underrated"
Comentário no youtube, postado no clip de In Between Days por ichigogohankenpachi
:D
Comentário no youtube, postado no clip de In Between Days por ichigogohankenpachi
:D
Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal?
Saramago ixtá morto!
Terá ido para junto de Ricardo Reis e cia.?
Terá ido para junto de Ricardo Reis e cia.?
Vuvuzela sanitária
Na verdade, as abelhas são uma praga na África do Sul. Quem assiste aos jogos nota nitidamente que a zorra constante é um barulho para espantar o animal. O ser humano, de alguma forma, parece sobreviver ao zunido provocado, além de ser capaz de gritar e jogar futebol sob a assustadora poluição sonora.
Nada de Gaza: Irã é que é faixa!
É difícil imaginar muitos países em que a expressão da política seja tão personalista quanto no Brasil (excetuemos ditaduras, por favor). Desse quadro, o Lula sempre foi um exemplo máximo, em toda a sua retórica, e talvez isso tenha ligação com parte de seu apelo. Mesmo assim, comentar a votação de sanções na ONU com "Espero que o companheiro Ahmadinejad fique tranquilo" é demais!
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Eagle Eye ou A Espoliação Cultural e o Cético
Pensei várias vezes em dizer no blog, em algum lugar, que 95% do que publico aqui é deboche, ironia ou citação de caráter ridículo autoevidente - até porque já fui mal interpretado numas coisas um tanto chatas. Pensei em aproveitar e fazer aqui o contrário, dizendo que este post não é nada dessas coisas, nem é pra ser curto como demanda a preguiça do leitor médio de Internet. Quem procura o costumeiro aqui deveria ler de "Tri selado!" pra baixo.
Este texto é de fato uma reunião de comentários sobre a agressividade em momentos de luto, escrito porque não quis deixar que passasse batida a morte da minha sogra (mãe da namorada - quem me conhece e chegou a ler até aqui não precisa se assustar: não casei sem avisar), uma mulher com quem pude conviver de verdade apenas durante poucas horas. Publico, claro, para que seja lido, mas não com o mesmo convite irrestrito que a maioria dos outros textos do blog. Não se trata, por fim, de um momento de intimidade expresso na dor, portanto os abutres que incidentalmente tenham caído aqui podem alçar voo.
Acompanhei, em algumas horas mais de perto que em outras, suas últimas duas semanas de vida de modo particularmente atento, em especial se se considerar que nossa relação até então se resumia, basicamente, a um dia de convívio. Boa parte do que tenho a dizer não se refere a ela, portanto, com uma exceção: vítima de câncer, ela resistiu à morte até o último momento, suportando qualquer natureza de dor, sempre evocada pelos familiares e presentes como motivos para que ela aceitasse o fim que se aproximava e descansasse. Considero essa resistência também um tipo de agressividade, a vontade irrestrita e intransigente dos seres vivos para permanecerem vivos, que sempre me faz lembrar o constante esforço do corpo para simplesmente existir, mesmo em nossos momentos de mais desatenta saúde. Sempre me chama a atenção que nossas células ininterruptamente trabalhem (o que inclui, às vezes, a reprodução delas próprias), pois lembro que o conjunto de seu esforço resulta num ser geralmente preguiçoso e distraído (sei que a carapuça serve, mas não me refiro apenas aos seres humanos). Há uma ferocidade em nós (para mim atraente) que nos leva, conscientemente ou não, a agarrar a vida, seja ela com sentido ou sem, boa ou má, por todos os instantes que ainda pudermos. Talvez seja o caráter unívoco da resposta negativa que nos motive também conscientemente a reforçar essa vontade premente: viver é sempre uma riqueza de possibilidades (ainda que dúbias), enquanto sua negação é apenas o véu plenamente opaco da morte. No caso de um estado terminal, se já vamos para lá mesmo, por que não demorar um pouco mais aqui, não?
Enfim, pouco mais posso falar sobre a agressividade natural dela, apesar de ter-se asseverado à minha volta muitas vezes que ela era osso-duro com suas vontades. Menos mal, ela tinha obstinação carismática, até onde pude ver.
Quanto aos circundantes, as possibilidades de agressividade são milhares. Em primeiro lugar, é claro, há a revolta contra a impossibilidade de se alterar o destino fatal de um ente querido. Em segundo, o potencial, estranhamente rico, de se irritar com os outros visitantes ou companheiros que querem bem aquele que morre. A maior parte desse potencial parece desenvolver-se da mesma fonte que a primeira irritação: as pessoas ainda não aceitam que alguém querido morra, mas, frustrada a vontade de dominação a respeito do fato em si, a mesma vontade se volta aos espólios de memória a respeito do morto, o que vou chamar de espoliação cultural, sem saber se o termo já foi cunhado.
No caso da minha sogra, que trabalhou em postos de saúde, a espoliação cultural variava de quase imperceptíveis comentários de ex-pacientes até os pressupostos inconciliáveis das decisões feitas pelas amigas e irmãs da morta durante o funeral. O fenômeno manifestava-se já no hospital, quando seu estado era extremamente grave, e alguns comentários que tinham por pressuposto uma imagem dela feria (ou quase) a imagem que outra pessoa tinha. As esquivas eram naturais: a maioria lembrava que esse momento de dor excessiva não é chão em que se fundamentem julgamentos a respeito de ninguém, portanto as possíveis incomodações eram deixadas de lado, ou o esforço para tal existia. A religião, no entanto, parece perfeita para provocar esse tipo de choque, pois a mera pressuposição de que determinado ato litúrgico pode ser feito (ou sua realização ser efetivada sem que todos os parentes mais próximos sejam questionados a respeito) fere a noção ou o conhecimento que outros presentes têm a respeito da religiosidade da própria pessoa que morreu. Quando se está no funeral, aliás, a espoliação passa a correr solta, aproveitando-se de que o morto não pode mais frustrar cabalmente a imagem que cada um faz dele; o embate de memória está oficializado, dele nascendo, enfim, parte importante da racionalização que fará cada um aceitar o ocorrido.
Se a espoliação parasse por aí, no entanto, eu provavelmente não escreveria este post, mas a religião provoca uma inversão curiosa, quando muitas batalhas de ego e apego já foram travadas e o funeral já cansou bastante a todos. O clérigo que oficializa a cerimônia e fala, cita e reza, durante todo o processo final, age como se o morto fosse o resultado trágico e o espólio fossem os vivos, os entes queridos, todos que estão tristes pela morte. Não considero isso esperteza maldosa, nem sacanagem, nem característico de uma religião em particular. Estou dizendo que isso é próprio do ato de se oficializar uma morte religiosamente, e não estou afirmando de forma alguma que é algo errado. Não vamos simplificar para moralizar já que não estamos na TV. Mas o que o clérigo faz é reforçar uma inclinação já preparada anteriormente pelos próprios parentes e conhecidos em direção a uma ideologia em particular, a respeito da morte, claro, mas especialmente, e por meio disso, a respeito da vida, pois é para quem fica que ele fala.
Estritamente, separar "conteúdo" e "ideologia" é discutível, mas digamos, por força de expressão, que seu ato é tão mais ideológico quanto o conteúdo é redundante: tudo que ele vai dizer já foi expresso, de forma mais detalhada e tão repetitiva quanto um mantra, por quase todo mundo que visitou a pessoa no hospital ou no funeral. O sincretismo religioso brasileiro é ótimo para isso, pois garante que a religião do clérigo escolhido tenha sido bem coberta pela análise, no mínimo, daqueles que sofrem mais e daqueles que mais se preocupam com estes.
O cético, porém, sofre essa espoliação de forma diferenciada. Enquanto o brasileiro típico ginga no sincretismo para acomodar as asserções do oficiante, o cético sente todas as esperanças traçadas pelo clérigo desenharem o pós-vida maravilhoso que seu ente querido não terá. Todas as afirmações sobre "seguir vivendo", "estar melhor", "olhar por nós" etc. solificam a extrema e derradeira perda de quem parte. Ainda que essa perda não seja total, pela inevitável presença que será experimentada por força da memória, o cético ouve retumbar em si o vazio de palavras que acredita serem ocas e chora o que ainda pode por sofrer, mais uma vez, a mesma tortura que antecede por tantas horas ou dias o enterro em si.
Não só o cético chora, é claro, pois o discurso religioso tem aí, acredito, um valor maior que seu caráter aparente de consolo (como disse, todos os consolos que ele possa oferecer já foram expressos, com exceção do efeito retórico de eles serem pronunciados por alguém "desinteressado", alheio ao morto): a cerimônia religiosa permite que se chore ainda mais quando se tem conforto ao lado. Aceitando-se que a morte está consumada, o luto precisa ser vivido, e quanto mais dor fica no funeral (cheio de ombros dispostos), mais saudável é a volta de todos às suas vidas. O cético que chora, portanto, por um caminho torto, sofre uma catarse análoga à dos fiéis.
Ainda que pensando assim, foi nisso que encontrei minha agressividade em momento de luto. Tendo passado dias tentando apaziguar as manifestações de luto (de outrem) que buscavam se expressar pela agressividade (não creio que toda forma de extravasamento seja aceitável ou produtiva) e pensando que o clérigo fazia bem o seu papel, ainda assim não podia deixar de me irritar sempre que seus movimentos retóricos, pela negativa, faziam minha cética chorar.
Este texto é de fato uma reunião de comentários sobre a agressividade em momentos de luto, escrito porque não quis deixar que passasse batida a morte da minha sogra (mãe da namorada - quem me conhece e chegou a ler até aqui não precisa se assustar: não casei sem avisar), uma mulher com quem pude conviver de verdade apenas durante poucas horas. Publico, claro, para que seja lido, mas não com o mesmo convite irrestrito que a maioria dos outros textos do blog. Não se trata, por fim, de um momento de intimidade expresso na dor, portanto os abutres que incidentalmente tenham caído aqui podem alçar voo.
Acompanhei, em algumas horas mais de perto que em outras, suas últimas duas semanas de vida de modo particularmente atento, em especial se se considerar que nossa relação até então se resumia, basicamente, a um dia de convívio. Boa parte do que tenho a dizer não se refere a ela, portanto, com uma exceção: vítima de câncer, ela resistiu à morte até o último momento, suportando qualquer natureza de dor, sempre evocada pelos familiares e presentes como motivos para que ela aceitasse o fim que se aproximava e descansasse. Considero essa resistência também um tipo de agressividade, a vontade irrestrita e intransigente dos seres vivos para permanecerem vivos, que sempre me faz lembrar o constante esforço do corpo para simplesmente existir, mesmo em nossos momentos de mais desatenta saúde. Sempre me chama a atenção que nossas células ininterruptamente trabalhem (o que inclui, às vezes, a reprodução delas próprias), pois lembro que o conjunto de seu esforço resulta num ser geralmente preguiçoso e distraído (sei que a carapuça serve, mas não me refiro apenas aos seres humanos). Há uma ferocidade em nós (para mim atraente) que nos leva, conscientemente ou não, a agarrar a vida, seja ela com sentido ou sem, boa ou má, por todos os instantes que ainda pudermos. Talvez seja o caráter unívoco da resposta negativa que nos motive também conscientemente a reforçar essa vontade premente: viver é sempre uma riqueza de possibilidades (ainda que dúbias), enquanto sua negação é apenas o véu plenamente opaco da morte. No caso de um estado terminal, se já vamos para lá mesmo, por que não demorar um pouco mais aqui, não?
Enfim, pouco mais posso falar sobre a agressividade natural dela, apesar de ter-se asseverado à minha volta muitas vezes que ela era osso-duro com suas vontades. Menos mal, ela tinha obstinação carismática, até onde pude ver.
Quanto aos circundantes, as possibilidades de agressividade são milhares. Em primeiro lugar, é claro, há a revolta contra a impossibilidade de se alterar o destino fatal de um ente querido. Em segundo, o potencial, estranhamente rico, de se irritar com os outros visitantes ou companheiros que querem bem aquele que morre. A maior parte desse potencial parece desenvolver-se da mesma fonte que a primeira irritação: as pessoas ainda não aceitam que alguém querido morra, mas, frustrada a vontade de dominação a respeito do fato em si, a mesma vontade se volta aos espólios de memória a respeito do morto, o que vou chamar de espoliação cultural, sem saber se o termo já foi cunhado.
No caso da minha sogra, que trabalhou em postos de saúde, a espoliação cultural variava de quase imperceptíveis comentários de ex-pacientes até os pressupostos inconciliáveis das decisões feitas pelas amigas e irmãs da morta durante o funeral. O fenômeno manifestava-se já no hospital, quando seu estado era extremamente grave, e alguns comentários que tinham por pressuposto uma imagem dela feria (ou quase) a imagem que outra pessoa tinha. As esquivas eram naturais: a maioria lembrava que esse momento de dor excessiva não é chão em que se fundamentem julgamentos a respeito de ninguém, portanto as possíveis incomodações eram deixadas de lado, ou o esforço para tal existia. A religião, no entanto, parece perfeita para provocar esse tipo de choque, pois a mera pressuposição de que determinado ato litúrgico pode ser feito (ou sua realização ser efetivada sem que todos os parentes mais próximos sejam questionados a respeito) fere a noção ou o conhecimento que outros presentes têm a respeito da religiosidade da própria pessoa que morreu. Quando se está no funeral, aliás, a espoliação passa a correr solta, aproveitando-se de que o morto não pode mais frustrar cabalmente a imagem que cada um faz dele; o embate de memória está oficializado, dele nascendo, enfim, parte importante da racionalização que fará cada um aceitar o ocorrido.
Se a espoliação parasse por aí, no entanto, eu provavelmente não escreveria este post, mas a religião provoca uma inversão curiosa, quando muitas batalhas de ego e apego já foram travadas e o funeral já cansou bastante a todos. O clérigo que oficializa a cerimônia e fala, cita e reza, durante todo o processo final, age como se o morto fosse o resultado trágico e o espólio fossem os vivos, os entes queridos, todos que estão tristes pela morte. Não considero isso esperteza maldosa, nem sacanagem, nem característico de uma religião em particular. Estou dizendo que isso é próprio do ato de se oficializar uma morte religiosamente, e não estou afirmando de forma alguma que é algo errado. Não vamos simplificar para moralizar já que não estamos na TV. Mas o que o clérigo faz é reforçar uma inclinação já preparada anteriormente pelos próprios parentes e conhecidos em direção a uma ideologia em particular, a respeito da morte, claro, mas especialmente, e por meio disso, a respeito da vida, pois é para quem fica que ele fala.
Estritamente, separar "conteúdo" e "ideologia" é discutível, mas digamos, por força de expressão, que seu ato é tão mais ideológico quanto o conteúdo é redundante: tudo que ele vai dizer já foi expresso, de forma mais detalhada e tão repetitiva quanto um mantra, por quase todo mundo que visitou a pessoa no hospital ou no funeral. O sincretismo religioso brasileiro é ótimo para isso, pois garante que a religião do clérigo escolhido tenha sido bem coberta pela análise, no mínimo, daqueles que sofrem mais e daqueles que mais se preocupam com estes.
O cético, porém, sofre essa espoliação de forma diferenciada. Enquanto o brasileiro típico ginga no sincretismo para acomodar as asserções do oficiante, o cético sente todas as esperanças traçadas pelo clérigo desenharem o pós-vida maravilhoso que seu ente querido não terá. Todas as afirmações sobre "seguir vivendo", "estar melhor", "olhar por nós" etc. solificam a extrema e derradeira perda de quem parte. Ainda que essa perda não seja total, pela inevitável presença que será experimentada por força da memória, o cético ouve retumbar em si o vazio de palavras que acredita serem ocas e chora o que ainda pode por sofrer, mais uma vez, a mesma tortura que antecede por tantas horas ou dias o enterro em si.
Não só o cético chora, é claro, pois o discurso religioso tem aí, acredito, um valor maior que seu caráter aparente de consolo (como disse, todos os consolos que ele possa oferecer já foram expressos, com exceção do efeito retórico de eles serem pronunciados por alguém "desinteressado", alheio ao morto): a cerimônia religiosa permite que se chore ainda mais quando se tem conforto ao lado. Aceitando-se que a morte está consumada, o luto precisa ser vivido, e quanto mais dor fica no funeral (cheio de ombros dispostos), mais saudável é a volta de todos às suas vidas. O cético que chora, portanto, por um caminho torto, sofre uma catarse análoga à dos fiéis.
Ainda que pensando assim, foi nisso que encontrei minha agressividade em momento de luto. Tendo passado dias tentando apaziguar as manifestações de luto (de outrem) que buscavam se expressar pela agressividade (não creio que toda forma de extravasamento seja aceitável ou produtiva) e pensando que o clérigo fazia bem o seu papel, ainda assim não podia deixar de me irritar sempre que seus movimentos retóricos, pela negativa, faziam minha cética chorar.
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Tri selado!
Estive viajando e, quando volto à Internet, descubro que recebi meus segundo e terceiro selos, um deles totalmente original, criado pelo Clark de Em Metrópolis e Tudo não é relativo! Muchas gracias!
O segundo selo que recebi é tratado no post abaixo deste. O terceiro, meu assunto aqui, merece considerações especiais (além das "Muchas gracias!"). Em primeiro lugar, chama-se "Dirty Harry – Reaça! (ou simplesmente Dirty Harry)" (Clark, 2010) e vem em duas modalidades:
Bom... eu vou aceitar o "Politicamente Incorreto", ok? Mas há uma ótima explicação para este blog ter recebido o selo mesmo que seu autor não se reconheça como "reaça". Clark (2010) indicou o selo da seguinte forma: "Tigre, do blog Retórico Sincero (porque descobriu, recentemente, que ser reacionário é parte essencial da natureza gaúcha)." Isso, por sua vez, é uma referência a Sócrates (o do futebol), que, falando a respeito da seleção, não pôde deixar de expressar teorias essencialistas a respeito do Dunga e, por metonímia mágica, a respeito do povo gaúcho.
Ou seja, são os milagres da Copa: Dunga - escalação - Sócrates - The Guardian - deboche neste blog - referência em post seguinte ao mesmo deboche - referência de Clark aos deboches anteriores... ganho o selo "blog reaça!"
Mas Clark tem razão: não concordo com os "progressistas", como ele chama, e não aturo muito do politicamente correto que sobreviveu à primeira leva dessa motriz ideológica. Logo, aceito o selo e estampo no blog. Muito obrigado!
Ou seja, são os milagres da Copa: Dunga - escalação - Sócrates - The Guardian - deboche neste blog - referência em post seguinte ao mesmo deboche - referência de Clark aos deboches anteriores... ganho o selo "blog reaça!"
Mas Clark tem razão: não concordo com os "progressistas", como ele chama, e não aturo muito do politicamente correto que sobreviveu à primeira leva dessa motriz ideológica. Logo, aceito o selo e estampo no blog. Muito obrigado!
Sobre o segundo selo, veja post abaixo...
Segundo Selo (ou SS)
O primeiro dos dois novos selos recebidos é menos controverso:
Quem o recebe deve, claro, indicar outros. Infelizmente minha lista de indicados não mudou muito desde o selo de incentivo anterior, mas, como fiquei devendo aumentar a lista de indicados do primeiro selo para tentar chegar as 12 propostos, vou colocar aqui meus antigos indicados mais as novas aquisições:
Arquipera, por Bianca Pêra
Coisas da Vida
Dos Crimes, Bordados e Vaidades
Em Metrópolis
Here I Go Again
Homo Visualis
Nimias Cosas Mínimas
Ninfoblog
Sextasessao's Weblog
Tolkien Fun (ou nem tanto)
Tudo Não é Relativo
Quem o recebe deve, claro, indicar outros. Infelizmente minha lista de indicados não mudou muito desde o selo de incentivo anterior, mas, como fiquei devendo aumentar a lista de indicados do primeiro selo para tentar chegar as 12 propostos, vou colocar aqui meus antigos indicados mais as novas aquisições:
Arquipera, por Bianca Pêra
Coisas da Vida
Dos Crimes, Bordados e Vaidades
Em Metrópolis
Here I Go Again
Homo Visualis
Nimias Cosas Mínimas
Ninfoblog
Sextasessao's Weblog
Tolkien Fun (ou nem tanto)
Tudo Não é Relativo
quarta-feira, 16 de junho de 2010
Vendas on-line
Nem Mercado Aberto, nem Ponto Frio! Precinho camarada é no Minha Dona Vai pra Maryland... e quer me vender!
Que Mané Copa que nada!
- Bah, hoje vindo pra aula tava tudo tri quieto.
- Também: prenderam uns 20 ontem!
- Também: prenderam uns 20 ontem!
terça-feira, 15 de junho de 2010
Usando o discernimento, pra variar
Joey - It's like how Monica feels about light mayonnaise...
Monica - It's NOT mayonnaise!
Monica - It's NOT mayonnaise!
Hoje fui comer uma mariola (também carinhosamente chamada de tijolinho) quando vi o enorme "LIGHT" gravado na embalagem. Pô, me chamem de conservador... Bom, me chamem de conservador, sim. É o mais novo traço atribuído à herança dos pampas, logo manter a retranca ideológica é a melhor forma de eu garantir meu status de it-gaúcho.
Enfim, me chamem de conservador, mas doce é pra ser doce! Não é que não se justifiquem certas variações dos produtos alimentícios, mas por que TUDO tem que existir em sua versão sem açúcar, light, de soja, sem glúten e importada da China? Sei que não sou o primeiro, nem o segundo, nem o milésimo a comentar isso, mas às vezes cansa mesmo. Uma amiga minha, por exemplo, que precisa muito consumir bastante açúcar para se manter consciente e saudável, tem a maior dificuldade de encontrar as guloseimas de que precisa por receita médica, de tanto que o consumismo light se proliferou. Quem não quer comer açúcar pode simplesmente não comer coisas com açúcar. Descontando os casos patológicos, eu juro, não é difícil... não de verdade.
Limites pedagógico-administrativos
Terminei um assunto quando ainda faltavam 40 minutos para o recreio. Eu finalmente fechava uma matéria para poder começar a seguinte, mas não pude evitar um tom de "fechamento de tema". Um aluno bem do fundo esboçou o movimento esperançoso de fechar a mochila, entendendo que a aula terminava. Não querendo que seu sofrimento fosse excessivo, impedi que essa mal-fundada fé se desenvolvesse e disse imediatamente "A aula ainda não acabou", a que o aluno respondeu...
"Filho da..."
É claro que, depois da aula, eu pedi desculpas por lhe apresentar conteúdos de português, mas esclareci que fui justamente contratado como "professor de português". Além do mais, dói em mim também ter de seguir o horário, mas, expliquei, está no contrato...
"Filho da..."
É claro que, depois da aula, eu pedi desculpas por lhe apresentar conteúdos de português, mas esclareci que fui justamente contratado como "professor de português". Além do mais, dói em mim também ter de seguir o horário, mas, expliquei, está no contrato...
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Nossos candidatos, da esquerda para a direita.
O meio em que falamos é sempre uma prisão para tudo o que queremos expressar; infelizmente a política eleva essas restrições à quinta potência. Tudo está tão atado por todas as leis sociais de praxe MAIS a competição discursiva com todos os outros políticos do mundo que muitas vezes é de se sentir pena daquelas pessoas que resolveram viver de política. É claro que os salários, os horários e os desvios de dinheiro a que têm acesso logo nos fazem esquecer esse sentimento de pena, mas, ainda assim, tem-se facilmente um momento de empatia cristã quando políticos tentam vencer a corda-bamba estendida sempre que abrem a boca.
Na oficialização das candidaturas à presidência, por exemplo, tivemos exemplos vários dos candidatos. Presa entre a posição de seguidora de Lula e a crença solidificada de que toda eleição DEVE ser sobre mudança, Dilma refundou o oxímoro com a seguinte declaração: "O presidente Lula mudou o Brasil, e o Brasil, por essa mudança, quer seguir mudando. A continuidade que o Brasil deseja é a continuidade da mudança." Deve ser por isso que ela mudou pela milionésima vez de cabelo: porque tinha adorado o corte anterior, e o anterior, e aquele antes deste, e assim indefinidamente nos últimos 6 meses. Vaidade tem seu lugar na política, que o digam os senadores que já fizeram mais plásticas que ela, mas qualquer eleitor do PT corre o risco de não reconhecer a foto da candidata quando finalmente chegarmos às urnas. Está na hora de pedir mais ideias e menos cabeleireiros aos assessores de campanha.
Serra, trancado na mesma contradição, apenas sem o peso de unir mudança e a posição de Lula 2, foi mais comedido na oficialização. Tudo foi mais pacífico e light, afinal, o cara que mais precisa fazer barulho tem justamente de evitar esse caminho óbvio e se fazer de gostoso: não fazer barulho na esperança de isso ser um estardalhaço político. O candidato "mais intelectual", "menos guerrilheiro" e "mais carismático e seguro" resolveu pelo oxímoro de ir como se estivesse voltando. Afirmou, por exemplo, que tem vídeos de todos os dirigentes de partidos (mesmo do PT) elogiando suas ações em SP, mas isso "não vai ser usado em campanha".
Hmmm, desculpe, Sr. Candidato, mas dizer isso já é usar os vídeos em campanha, mesmo que por elipse... Ah, o Sr. sabe? E por que não larga essa postura idiota de tentar se passar por imbecil?
Serra aqui lembra aquela pose de carismática insegurança a respeito do significado de "déjà vu" quando fez cena frente ao Padim Ciço. É irritante como a ideia de que Lula e Dilma são atraentes às classes pobres (lidas como "burras e ignorantes") dita que Serra tente parecer ambas as coisas sempre que fala em público. É de se compreender a tática, no entanto. Se os últimos anos realmente firmaram a ditadura da ignorância, não é na hora de caçar votos que alguém vai querer mudar a situação, não? Pelo jeito, para ele continuidade vence mundança. Engraçado, se discurso valesse, teríamos novamente esquerda e direita clássicas no Brasil: Dilma braveja que quer mudar, seja o que for, Serra aceita tacitamente continuar, seja o que for.
Na oficialização das candidaturas à presidência, por exemplo, tivemos exemplos vários dos candidatos. Presa entre a posição de seguidora de Lula e a crença solidificada de que toda eleição DEVE ser sobre mudança, Dilma refundou o oxímoro com a seguinte declaração: "O presidente Lula mudou o Brasil, e o Brasil, por essa mudança, quer seguir mudando. A continuidade que o Brasil deseja é a continuidade da mudança." Deve ser por isso que ela mudou pela milionésima vez de cabelo: porque tinha adorado o corte anterior, e o anterior, e aquele antes deste, e assim indefinidamente nos últimos 6 meses. Vaidade tem seu lugar na política, que o digam os senadores que já fizeram mais plásticas que ela, mas qualquer eleitor do PT corre o risco de não reconhecer a foto da candidata quando finalmente chegarmos às urnas. Está na hora de pedir mais ideias e menos cabeleireiros aos assessores de campanha.
Serra, trancado na mesma contradição, apenas sem o peso de unir mudança e a posição de Lula 2, foi mais comedido na oficialização. Tudo foi mais pacífico e light, afinal, o cara que mais precisa fazer barulho tem justamente de evitar esse caminho óbvio e se fazer de gostoso: não fazer barulho na esperança de isso ser um estardalhaço político. O candidato "mais intelectual", "menos guerrilheiro" e "mais carismático e seguro" resolveu pelo oxímoro de ir como se estivesse voltando. Afirmou, por exemplo, que tem vídeos de todos os dirigentes de partidos (mesmo do PT) elogiando suas ações em SP, mas isso "não vai ser usado em campanha".
Hmmm, desculpe, Sr. Candidato, mas dizer isso já é usar os vídeos em campanha, mesmo que por elipse... Ah, o Sr. sabe? E por que não larga essa postura idiota de tentar se passar por imbecil?
Serra aqui lembra aquela pose de carismática insegurança a respeito do significado de "déjà vu" quando fez cena frente ao Padim Ciço. É irritante como a ideia de que Lula e Dilma são atraentes às classes pobres (lidas como "burras e ignorantes") dita que Serra tente parecer ambas as coisas sempre que fala em público. É de se compreender a tática, no entanto. Se os últimos anos realmente firmaram a ditadura da ignorância, não é na hora de caçar votos que alguém vai querer mudar a situação, não? Pelo jeito, para ele continuidade vence mundança. Engraçado, se discurso valesse, teríamos novamente esquerda e direita clássicas no Brasil: Dilma braveja que quer mudar, seja o que for, Serra aceita tacitamente continuar, seja o que for.
domingo, 13 de junho de 2010
Misspelling in the World Cup
"Dunga is a gaúcho – he is from the extreme south of Brazil – and they are the most reactionary Brazilians." - The Guardian
Dito pelo Sócrates! Pôxa, que a gente fez pra ele? Já sei, o Dunga e o Felipão não são de escalar quem ele quer...
Não esqueçamos da possibilidade de teoria conspiratória de CTG: ele disse "revolutionary", e os maldosos ingleses escreveram errado!
Dito pelo Sócrates! Pôxa, que a gente fez pra ele? Já sei, o Dunga e o Felipão não são de escalar quem ele quer...
Não esqueçamos da possibilidade de teoria conspiratória de CTG: ele disse "revolutionary", e os maldosos ingleses escreveram errado!
Futebol eloquente [14]
No "Pioneiro":
"Ao marcar contra o México na sexta-feira, o jogador Tshabalala, da África do Sul, abriu a contagem de gols da Copa do Mundo. Os emocionantes jogos do final de semana, entre os quais se destaca Inglaterra e Estados Unidos, certamente ampliarão o placar."
Genial!
PS: Não deixemos passar que Parreira, assim que teve o time em campo nesta Copa, não deixou de afirmar que "o empate é um bom resultado".
"Ao marcar contra o México na sexta-feira, o jogador Tshabalala, da África do Sul, abriu a contagem de gols da Copa do Mundo. Os emocionantes jogos do final de semana, entre os quais se destaca Inglaterra e Estados Unidos, certamente ampliarão o placar."
Genial!
PS: Não deixemos passar que Parreira, assim que teve o time em campo nesta Copa, não deixou de afirmar que "o empate é um bom resultado".
sábado, 12 de junho de 2010
No clima de Caxias
Manchete do nosso querido Pioneiro:
"Frio esgota opções de abrigo para os sem-teto"
Sem comentários!
"Frio esgota opções de abrigo para os sem-teto"
Sem comentários!
sexta-feira, 11 de junho de 2010
Conhece-te a ti mesmo, em 30 linhas e à caneta
Um aluno particular, que nunca tenta argumentar em suas redações argumentativas, foi meu alvo da incomodação pedagógica de hoje. Fiquei insistentemente problematizando o que ele dizia, sempre na postura de um sereno advogado do diabo, até que ele largou aquelas mesmices de redações adolescentes e atacou com suas opiniões sinceras e apaixonadas. O tema que ele manifestou com mais gana? "Serra é mais preparado que o Lula para governar um país".
Como queria que o rapaz argumentasse, continuei com as irritantes perguntas de "por quê?", "por quê?", "por quê?" seguidas de conclusões lógicas simplistas em cima do que ele dizia. A discussão, é óbvio, degringolou para o "porque não gosto do Lula e ponto"; mas, retomada daí, qual foi a conclusão que tirou de suas próprias ideias sobre presidência? "Nenhum dos dois está preparado, na verdade!" Não só isso, sua conclusão era a de que ambos estavam igualmente despreparados. Ele estava surpreso de concluir algo inesperado apenas seguindo logicamente suas próprias opiniões sem esquecer que falava de algo complexo.
Gostei do resultado, mas ficava quase ridículo pedir uma dissertação de alguém que descobre que pensa coisas diferentes do que acha que pensa.
PS: Na verdade ficava ridículo, mas o condicionamento do colégio ainda nubla sua mente. Felizmente sua frustração por não conseguir argumentar o que queria logo antes (Lula vs. Serra) também deu um baita gás para que refizesse uma dissertação do colégio tentando, dessa vez, defender bem sua opinião.
Como queria que o rapaz argumentasse, continuei com as irritantes perguntas de "por quê?", "por quê?", "por quê?" seguidas de conclusões lógicas simplistas em cima do que ele dizia. A discussão, é óbvio, degringolou para o "porque não gosto do Lula e ponto"; mas, retomada daí, qual foi a conclusão que tirou de suas próprias ideias sobre presidência? "Nenhum dos dois está preparado, na verdade!" Não só isso, sua conclusão era a de que ambos estavam igualmente despreparados. Ele estava surpreso de concluir algo inesperado apenas seguindo logicamente suas próprias opiniões sem esquecer que falava de algo complexo.
Gostei do resultado, mas ficava quase ridículo pedir uma dissertação de alguém que descobre que pensa coisas diferentes do que acha que pensa.
PS: Na verdade ficava ridículo, mas o condicionamento do colégio ainda nubla sua mente. Felizmente sua frustração por não conseguir argumentar o que queria logo antes (Lula vs. Serra) também deu um baita gás para que refizesse uma dissertação do colégio tentando, dessa vez, defender bem sua opinião.
Visual
Meu, que dificuldade escolher um novo design! Eu tinha minhas críticas ao anterior, mas tanto a falta de paciência quanto o carinho pelo layout original me impediam de tentar mudar.
Por isso mesmo, dei mil voltas para cair na releitura. Tentei manter as cores e a distribuição, trocando o geral mais porque senti o aumento do espaço de texto, o que muito me interessa. Torço para que o novo formato (mais uma manifestação de como o facebook afetou como esses caras pensam estética hoje em dia) agrade aos leitores e não se revele uma incomodação para os olhos.
Na verdade, a dúvida foi tanta que pensei mesmo em alternar de vez em quando... vamos ver.
Bom, apesar da digressão, entrei mesmo para postar, então, aí em cima, já vai a estreia do novo formato.
Por isso mesmo, dei mil voltas para cair na releitura. Tentei manter as cores e a distribuição, trocando o geral mais porque senti o aumento do espaço de texto, o que muito me interessa. Torço para que o novo formato (mais uma manifestação de como o facebook afetou como esses caras pensam estética hoje em dia) agrade aos leitores e não se revele uma incomodação para os olhos.
Na verdade, a dúvida foi tanta que pensei mesmo em alternar de vez em quando... vamos ver.
Bom, apesar da digressão, entrei mesmo para postar, então, aí em cima, já vai a estreia do novo formato.
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Prêmio "Argumentação"
"Porque eu nunca mais vou precisar escrever."
- aluna de ensino fundamental, reclamando de ter de fazer textos em aula, tenta prever seu futuro pós-formatura.
Futebol eloquente [13]
Sobre contratação prevista:
"Ele [Adílson] está 85% no Inter."
"Ele [Adílson] está 85% no Inter."
Quem quer informação?!
Cinquenta e três (seria o número exato, conforme uma notícia que vou malhar agora) sem-tetos invadiram a prefeitura velha ontem. Sua reclamação era boa, pelo pouco que a notícia informa: foram desalojados quando o PCC invadiu o prédio deles, em 2006. Vivem indefinida e provisoriamente em área da Fundação de Assistência Social e Cidadania, mas (além de isso obviamente não ser uma solução adequada) temem ser desalojados.
Não sei o porquê do temor de desalojamento especificamente agora, nem sei se é um sentimento específico do presente. Não sei por que nem como o PCC os desalojou, ou o que foi feito do prédio. O PCC continua lá, por acaso? É uma área que facilmente seria retomada pelos mesmos? Por quê? Por que acharam necessária uma invasão da prefeitura (apesar de que, para essa pergunta, eu imagino a resposta) e do que depende a solução do problema?
Mesmo sem responder nenhuma dessas perguntas, considerou-se nitidamente que a matéria deixava a desejar, de modo que uma boa parte do texto foi dedicada a uma sequência de vazios, tanto originais do jornalista quanto simples reproduções de afirmações políticas. Vejam que exercício de encher a folha com o nada:
"REIVINDAÇÕES SÃO JUSTAS, DIZ BUSATTO
"O secretário municipal de Coordenação Política e Governança Local [eternamente uma das funções que considero de nome mais engraçado], César Busatto, recebeu os líderes do movimento logo após a invasão e afirmou que as reivindicações são justas. 'As pessoas têm direitos e necessidades, e o governo tem que fazer o máximo para resolver essas situações', enfatizou.
"Busatto argumentou que cabe ao Executivo encontrar soluções para equacionar o déficit habitacional, dentro do que é possível ser feito. 'Não podemos prometer o que não podemos cumprir', frisou."
Uau!
Não sei o porquê do temor de desalojamento especificamente agora, nem sei se é um sentimento específico do presente. Não sei por que nem como o PCC os desalojou, ou o que foi feito do prédio. O PCC continua lá, por acaso? É uma área que facilmente seria retomada pelos mesmos? Por quê? Por que acharam necessária uma invasão da prefeitura (apesar de que, para essa pergunta, eu imagino a resposta) e do que depende a solução do problema?
Mesmo sem responder nenhuma dessas perguntas, considerou-se nitidamente que a matéria deixava a desejar, de modo que uma boa parte do texto foi dedicada a uma sequência de vazios, tanto originais do jornalista quanto simples reproduções de afirmações políticas. Vejam que exercício de encher a folha com o nada:
"REIVINDAÇÕES SÃO JUSTAS, DIZ BUSATTO
"O secretário municipal de Coordenação Política e Governança Local [eternamente uma das funções que considero de nome mais engraçado], César Busatto, recebeu os líderes do movimento logo após a invasão e afirmou que as reivindicações são justas. 'As pessoas têm direitos e necessidades, e o governo tem que fazer o máximo para resolver essas situações', enfatizou.
"Busatto argumentou que cabe ao Executivo encontrar soluções para equacionar o déficit habitacional, dentro do que é possível ser feito. 'Não podemos prometer o que não podemos cumprir', frisou."
Uau!
terça-feira, 8 de junho de 2010
"Desistindo" ou "Pedindo uma resposta à la House"
Fiquei sabendo que uma aluna abandonou os estudos porque um colega, conforme ela, atrapalhava demais a aula e não era tratado conforme as mesmas regras impostas aos outros. Senti uma pena de não estar ouvindo isso da boca da própria aluna, para poder lançar-lhe um violento "MAS CONTA OUTRA, TCHÊ"!
Ainda que esteja relativamente acostumado a ouvir desculpas das pessoas para não estudar, para não conseguir uma melhor formação ou um diploma (ainda que obviamente necessário, como o de ensino fundamental), chego quase a me surpreender com certas respostas. Mesmo que a situação pintada pela aluna fosse verdade (como será que todos os outros os colegas - que não abandonaram as aulas - aguentam uma situação tão escabrosa?!), de onde ela pode tirar que isso seria uma boa desculpa para se parar de estudar? "Porque UM aluno atrapalha, porque UM aluno é tratado de forma diferente, EU não devo receber meu diploma, o conhecimento ofertado até lá nem a bolsa do governo a que tenho direito se não falto às aulas..."
A coisa mais bizarra do conhecimento, particularmente na área de Humanas, é que ele não tem valor explícito. Só sabemos o quanto algo vale quando o aprendemos e vemos a diferença que ele promoveu na gente, em todos os aspectos de nossa relação com o mundo e com nós mesmos. Mesmo a escrita só ganha valor em muitas facetas quando já se é bem alfabetizado. Analfabetos em geral sabem defender o conhecimento das letras apenas com o quase mágico "é preciso saber escrever para se conseguir um emprego melhor". É fácil, portanto, que as pessoas que não valorizam o conhecimento o suficiente para ir atrás dele não façam ideia de como pensam as pessoas que foram atrás. Desculpas esfarrapadas dessas viram motivos oficiais de abandono dos estudos, e é a gente que precisa ouvir essas (e outras) como se escutasse algo sério, e não uma coisa que merecia ser respondida apenas pelo venenoso sarcasmo do House.
Ainda que esteja relativamente acostumado a ouvir desculpas das pessoas para não estudar, para não conseguir uma melhor formação ou um diploma (ainda que obviamente necessário, como o de ensino fundamental), chego quase a me surpreender com certas respostas. Mesmo que a situação pintada pela aluna fosse verdade (como será que todos os outros os colegas - que não abandonaram as aulas - aguentam uma situação tão escabrosa?!), de onde ela pode tirar que isso seria uma boa desculpa para se parar de estudar? "Porque UM aluno atrapalha, porque UM aluno é tratado de forma diferente, EU não devo receber meu diploma, o conhecimento ofertado até lá nem a bolsa do governo a que tenho direito se não falto às aulas..."
A coisa mais bizarra do conhecimento, particularmente na área de Humanas, é que ele não tem valor explícito. Só sabemos o quanto algo vale quando o aprendemos e vemos a diferença que ele promoveu na gente, em todos os aspectos de nossa relação com o mundo e com nós mesmos. Mesmo a escrita só ganha valor em muitas facetas quando já se é bem alfabetizado. Analfabetos em geral sabem defender o conhecimento das letras apenas com o quase mágico "é preciso saber escrever para se conseguir um emprego melhor". É fácil, portanto, que as pessoas que não valorizam o conhecimento o suficiente para ir atrás dele não façam ideia de como pensam as pessoas que foram atrás. Desculpas esfarrapadas dessas viram motivos oficiais de abandono dos estudos, e é a gente que precisa ouvir essas (e outras) como se escutasse algo sério, e não uma coisa que merecia ser respondida apenas pelo venenoso sarcasmo do House.
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sábado, 5 de junho de 2010
Quem se lembra dos Direitos Humanos?
(Discutindo portabilidade e conveniência)
- Arg! Esse laptop tinha que vir com um anão!
- Não! Um anão ocupa espaço!
- Arg! Esse laptop tinha que vir com um anão!
- Não! Um anão ocupa espaço!
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Antes da Copa, a encheção de saco
Toda Copa começa com a expectativa lá embaixo, e o técnico está sempre sofrendo críticas de TODOS, ok. Mas, mesmo não acompanhando futebol, eu lembro de motivos mais palpáveis em Copas anteriores. Essa campanha atual contra uma seleção que não faz ridículo há horas e tem ganhado já cansou.
As estrelas apanha-patrocínio estão em alta, claro. Esta é a "seleção de Kaká", o Robinho já foi mais de uma vez associado ao Pelé (onde?! como?!)... mas o conjunto, o grupo, não tem chance, e o Dunga já nem precisa ser mencionado: a crítica é a ele, todo o mundo sabe. Criado o contexto, toda manchete repete a má vontade enjoativa, como esta: "Com atuação discreta, Seleção goleia Zimbábue".
Discretamente golearam? É por isso que golearam: o goleiro não viu o ataque chegando? A bola entrou no gol em silêncio? Wilson perdeu a voz?
Por que não mudar de assunto até a Copa começar? Se PRECISAM falar a respeito, não podem achar mais documentários pra encher mursilha a respeito da África?
As estrelas apanha-patrocínio estão em alta, claro. Esta é a "seleção de Kaká", o Robinho já foi mais de uma vez associado ao Pelé (onde?! como?!)... mas o conjunto, o grupo, não tem chance, e o Dunga já nem precisa ser mencionado: a crítica é a ele, todo o mundo sabe. Criado o contexto, toda manchete repete a má vontade enjoativa, como esta: "Com atuação discreta, Seleção goleia Zimbábue".
Discretamente golearam? É por isso que golearam: o goleiro não viu o ataque chegando? A bola entrou no gol em silêncio? Wilson perdeu a voz?
Por que não mudar de assunto até a Copa começar? Se PRECISAM falar a respeito, não podem achar mais documentários pra encher mursilha a respeito da África?
Em ritmo de Dan Brown
Recebi um selo e não sabia muito o que fazer com ele, ainda que estivesse grato pelo elogio (é um selo de incentivo, o que acho elogioso). Acabei me convencendo de que a coisa era simples mesmo, então posto aqui conforme as recomendações exigidas. Só que as requisições iam até eu indicar 12 outros blogs interessantes. Não vivo na blogsfera tanto assim, mas consegui listar 9 (roubando: 2 são do mesmo blogger).
Enfim, aqui vai o primeiro símbolo que publico no Retórico, torcendo para logo ouvir mais teorias conspiratórias sobre coisas assim comunitárias de internet e o funcionamentos dos blogs.
Abaixo, todas as indicações que pude listar, após a lista de regras, que cumprirei em tempo hábil:
Enfim, aqui vai o primeiro símbolo que publico no Retórico, torcendo para logo ouvir mais teorias conspiratórias sobre coisas assim comunitárias de internet e o funcionamentos dos blogs.
Abaixo, todas as indicações que pude listar, após a lista de regras, que cumprirei em tempo hábil:
– Colocar o logo no seu blog ou no seu post.
– Passar o prêmio para outros 12 bloggers.
– Incluir o link dos indicados no post.
– Informar aos indicados sobre o prêmio, deixando comentários em seus blogs.
– E, finalmente, compartilhar o link com as pessoas de quem você recebeu esse prêmio.
– Passar o prêmio para outros 12 bloggers.
– Incluir o link dos indicados no post.
– Informar aos indicados sobre o prêmio, deixando comentários em seus blogs.
– E, finalmente, compartilhar o link com as pessoas de quem você recebeu esse prêmio.
Por interesse sortido (incluindo minha curiosidade por opiniões divergentes), minhas indicações são estas:
Arquipera, por Bianca Pêra
Coisas da Vida
Dos Crimes, Bordados e Vaidades
Em Metrópolis
Here I Go Again
Nimias Cosas Mínimas
Sextasessao's Weblog
Tolkien Fun (ou nem tanto)
Tudo Não é Relativo
Arquipera, por Bianca Pêra
Coisas da Vida
Dos Crimes, Bordados e Vaidades
Em Metrópolis
Here I Go Again
Nimias Cosas Mínimas
Sextasessao's Weblog
Tolkien Fun (ou nem tanto)
Tudo Não é Relativo
Paz
Como seria a narrativa da versão "exagerada" à qual o autor se refere?
"Contrariamente a uma ideia-feita, os teutônicos não exterminaram a população prussiana. A conquista foi rude e sangrenta; os massacres e as expulsões foram numerosos; muitas conversões foram forçadas. Tudo isso é exato, mas não é necessário exagerar. (...)
"A Paz de Christburg de 7 de fevereiro de 1249 fixava as regras de coexistência entre teutônicos e populações prussianas... batizadas, é claro! (...) Naturalmente, as revoltas dos anos 1260-74, duramente reprimidas, acarretaram seu lote de expulsões e confiscos de bens, mas os princípios de Christburg não foram questionados. Eles conferiam uma estrutura jurídica que, uma vez concretizada a submissão e estabelecida a paz, permitia a integração das populações ao sistema teutônico. (...)
"A população teria passado de 170000 habitantes em 1200 para 550000 em 1410.
"Porém, no século XV, a crise chegou à Prússia. A guerra dos Treze Anos com a Polônia e a Lituânia foi devastadora: 80% das aldeias da Prússia desapareceram então."
Alain Demurger - "Os Cavaleiros de Cristo"
PS: O livro fala sobre as ordens militares-religiosas. Seu título não é um jogo de palavras nem uma ironia que pretende acusar cristãos de crimes contra a humanidade.
"Contrariamente a uma ideia-feita, os teutônicos não exterminaram a população prussiana. A conquista foi rude e sangrenta; os massacres e as expulsões foram numerosos; muitas conversões foram forçadas. Tudo isso é exato, mas não é necessário exagerar. (...)
"A Paz de Christburg de 7 de fevereiro de 1249 fixava as regras de coexistência entre teutônicos e populações prussianas... batizadas, é claro! (...) Naturalmente, as revoltas dos anos 1260-74, duramente reprimidas, acarretaram seu lote de expulsões e confiscos de bens, mas os princípios de Christburg não foram questionados. Eles conferiam uma estrutura jurídica que, uma vez concretizada a submissão e estabelecida a paz, permitia a integração das populações ao sistema teutônico. (...)
"A população teria passado de 170000 habitantes em 1200 para 550000 em 1410.
"Porém, no século XV, a crise chegou à Prússia. A guerra dos Treze Anos com a Polônia e a Lituânia foi devastadora: 80% das aldeias da Prússia desapareceram então."
Alain Demurger - "Os Cavaleiros de Cristo"
PS: O livro fala sobre as ordens militares-religiosas. Seu título não é um jogo de palavras nem uma ironia que pretende acusar cristãos de crimes contra a humanidade.
Notícia revolucionária
O MST apóia oficialmente a Dilma.
Por que certas coisas são noticiadas oficialmente? Essa ganha do infalível "ontem fez a temperatura que sentiste na tua cidade, e houve as intempéries que percebeste por qualquer janela". Tá sobrando tinta?
Por que certas coisas são noticiadas oficialmente? Essa ganha do infalível "ontem fez a temperatura que sentiste na tua cidade, e houve as intempéries que percebeste por qualquer janela". Tá sobrando tinta?
terça-feira, 1 de junho de 2010
Corta-e-cola geográfico
Brasil, Argentina, Turquia, países árabes (sempre genéricos?), palestinos e a União Europeia manifestaram sua indignação com a abordagem a tiros (ou que respondeu com tiros - a apurar) dos barcos que iam pra Gaza.
Ok, mas como dão essa notícia assim, aliando Brasil e Turquia com a Argentina e com países europeus, sem nem noticiar que voltamos a fazer parte do Ocidente de ontem pra hoje?! Ou os europeus vieram nos acompanhar no Leste? Será que é possível discordar de certos países de nosso hemisfério sem ser recortado e jogado do outro lado do mapa?
Ok, mas como dão essa notícia assim, aliando Brasil e Turquia com a Argentina e com países europeus, sem nem noticiar que voltamos a fazer parte do Ocidente de ontem pra hoje?! Ou os europeus vieram nos acompanhar no Leste? Será que é possível discordar de certos países de nosso hemisfério sem ser recortado e jogado do outro lado do mapa?
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