Fiquei sabendo que uma aluna abandonou os estudos porque um colega, conforme ela, atrapalhava demais a aula e não era tratado conforme as mesmas regras impostas aos outros. Senti uma pena de não estar ouvindo isso da boca da própria aluna, para poder lançar-lhe um violento "MAS CONTA OUTRA, TCHÊ"!
Ainda que esteja relativamente acostumado a ouvir desculpas das pessoas para não estudar, para não conseguir uma melhor formação ou um diploma (ainda que obviamente necessário, como o de ensino fundamental), chego quase a me surpreender com certas respostas. Mesmo que a situação pintada pela aluna fosse verdade (como será que todos os outros os colegas - que não abandonaram as aulas - aguentam uma situação tão escabrosa?!), de onde ela pode tirar que isso seria uma boa desculpa para se parar de estudar? "Porque UM aluno atrapalha, porque UM aluno é tratado de forma diferente, EU não devo receber meu diploma, o conhecimento ofertado até lá nem a bolsa do governo a que tenho direito se não falto às aulas..."
A coisa mais bizarra do conhecimento, particularmente na área de Humanas, é que ele não tem valor explícito. Só sabemos o quanto algo vale quando o aprendemos e vemos a diferença que ele promoveu na gente, em todos os aspectos de nossa relação com o mundo e com nós mesmos. Mesmo a escrita só ganha valor em muitas facetas quando já se é bem alfabetizado. Analfabetos em geral sabem defender o conhecimento das letras apenas com o quase mágico "é preciso saber escrever para se conseguir um emprego melhor". É fácil, portanto, que as pessoas que não valorizam o conhecimento o suficiente para ir atrás dele não façam ideia de como pensam as pessoas que foram atrás. Desculpas esfarrapadas dessas viram motivos oficiais de abandono dos estudos, e é a gente que precisa ouvir essas (e outras) como se escutasse algo sério, e não uma coisa que merecia ser respondida apenas pelo venenoso sarcasmo do House.
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