Que ignorância achar que "greve remunerada" é um conceito estapafúrdio, quando é a base mesma do direito de greve. Que ignorância achar que isso sustenta qualquer pessoa que "não queira trabalhar", que poderia automaticamente entrar em greve e receber seu salário. Que ignorância achar que a remuneração do grevista é automática, sem critério algum. Que ignorância não saber que o salário, se sustenta o trabalhador em greve, será integralmente descontado se o mesmo trabalhador não pagar por cada dia de greve depois, situação única da profissão de professor, (justamente esses "vagabundos" trabalham por todos os dias em que ganham salário, diferente de qualquer outra classe que possa fazer greve)!
Que ignorância achar que a maioria dos professores (pior: que todos!) em greve estão na classe A!!!!!
Que ignorância achar que os professores querem automática e necessariamente mais impostos, ou que isso é a única forma de se resolver os problemas dos institutos federais. Que ignorância achar que os professores querem unicamente melhores salários, ou mesmo que isso resuma a maior parte de suas reinvidações (que tal começar pelos prédios de aula literalmente desmoronando?). Que ignorância acreditar que os professores em greve não trazem outras formas de contribuição para suas faculdades ou institutos quando não estão em greve. Aliás, que ignorância não saber que vários deles seguem contribuindo para o investimento nos institutos e faculdades federais, bem como diretamente a seus alunos, durante a greve. Que ignorância crer numa dicotomia professor/funcionário público, assumindo ainda que a única forma de ser funcionário público é aquele senso comum de se atirar nas cordas e que a única forma de ser professor é o clássico mártir ético, que resolve de mãos nuas as incompetências de toda a estrutura que deveria lhe sustentar e que, contraditoriamente, só segue em pé por seus singulares esforços. Que ignorância achar adequado, benéfico ou aceitável reincidir nesses preconceitos e reforçá-los sem, pelo visto, o menor conhecimento de causa, sem nada saber sobre professores, aparentemente, para além dos lugares comuns de debates de esquina.
Quanta ignorância vinda de um sociológo, que andou estudando que sociedade para resumir dessa forma o quadro atual e aceitar tais clichês do senso comum como conceitos para um texto de jornal?
Quanta ignorância selada pelas únicas palavras sábias escritas na página: "Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal.
Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas
brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do
pensamento contemporâneo."
É preciso muita diversidade para caber tanta ignorância.
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