"A escola é o último lugar para o jovem não se tornar um marginal"
A ideia é mais ou menos essa, mas foi resumida numa frase semelhante, que infelizmente não consegui encontrar na internet para citar aqui. De qualquer forma, o espírito da coisa é esse. Recentemente a vi citada para uma plateia de professores. Todos aqueles que não estavam apaixonados pelos clichês falados pela palestrante (e que estavam perto de mim, pelo menos) nitidamente se sentiam desconfortáveis com a ideia.
O problema, pelo jeito, não seria por constatar algo supostamente falso. O problema mesmo é que, se a afirmação for correta, a escola tem uma gigantesca responsabilidade... a mais. É uma daquelas situações clássicas ("das Humanas" eu ia dizer, mas nas Exatas isso também é verdade...) em que uma afirmação sobre a realidade é negada não por constatar uma falsidade, mas porque, como uma performativa, a consequência da frase é complicar ainda mais a vida da gente, então é melhor negar a proposição como ato, sem nem mesmo entrar no mérito de ela ser verdadeira ou não. Posto de outra forma: não se questiona a veracidade de uma afirmação que, se verdadeira, exige mais da gente.
Infelizmente, uma verdade não deixa de ser verdade apenas porque nos é desconfortável confrontá-la. Classicamente, aliás, uma verdade ignorada é exponencialmente mais perigosa que uma verdade enfrentada, pois continuamos combatendo as consequências dela como se fossem causadas por outros motivos, portanto atiramos para todos os lados, apenas com a garantia de nunca mirar no alvo real.
A ideia pode ser complicada, ou verdadeira apenas em alguns casos, mas a solução ainda é assumir que isso pode ser verdade e se analisar realmente o quanto a ideia funciona, não ignorar o que se constata para seguir com a cabeça enfiada na terra.
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