quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

"Humano"

Um ser humano é carinhoso, compreensivo, ético, um pouco relativista, usa o bom senso (seja lá o que isso for), gosta de crianças, especialmente dos próprios filhos, respeita as instituições legítimas e resolve os problemas das "ilegítimas", entre tantas outras qualidades. Ao menos, é o que uso do adjetivo "humano" parece indicar. Juro que esse uso tem me perseguido de uma formação profissional em janeiro aos últimos comentários em dezembro sobre o ano que vem aí. Aliás, isso é significativo: que "humano" possa querer dizer qualidades que um ano possa ter. Muita gente desejou aos quatro ventos um 2012 mais humano. Ora, o que isso quer dizer afinal?

Para muito além da incomodação universal com o termo jurídico "pessoa humana", esse adjetivo está fora do lugar em absolutamente todo contexto em que é usado! Um professor deve ser muito humano... ora, seria ele canino, equino, carvalhal? E ser humano não inclui defeitos? Um professor desrespeitoso, impaciente, arrogante, orgulhoso, vaidoso, autoritário... não é humano? Parece-me que a espécie humana indicaria, por média, antes o contrário.

E a ética? Esta eu adoro: uma ética humana! Conhecem a ética dos mosquitos? Mais ainda, a associação implítica entre "humanidade" e ética. Só humanos podem ser éticos, mas não há nada garantido que um ser humano seja ético como nós entedemos a palavra, como nós queremos que o outro se porte.

Não entendo mesmo como se pode achar ainda que o uso do bom senso ou um certo relativismo sejam características humanas, no sentido extremamente elogioso. Pessoas firmes em seus ideias, fanáticas até, não nos caracterizam muito bem? 

E o que é o bom senso? Tecnicamente, é a capacidade de bem julgar de acordo com uma norma compartilhada socialmente, mas não explícita, que obedece uma lógica capaz de adequar a regra universal ao caso particular, calibrando o uso de qualquer lei. No entanto, numa comunidade bastante individualista (não estou xingando), multicultural (como tanto se quer) e aberta a comunidades de diferentes cantos do mundo, não vejo esse norma com que "pessoas com bom senso" concordem. Não vejo como bater ou não bater, punir ou não punir, aliviar uma lei ou aplicá-la sejam casos de bom senso, de julgamento pessoal de acordo com uma norma implícita e pré-estabelecida que permita que um sujeito "humanamente" julgue o que é adequado de acordo com os outros "humanos" que não estão ali presentes.

O uso da palavra "humano" assim positiva, libertária e universal me parece tanto uma falta de vocabulário e de definição ética (de modo que as pessoas não sabem nem o que querem dos outros, mas têm a sensação de lembrar de uma certa norma que todos pareciam ou deveriam obedecer há muito tempo e que de alguma forma vem sendo esquecida, ainda que pareça, em seu íntimo, que deveria ser algo essencial a todo ser humano); ou obstinação a não se ver que justamente essa essência humana carrega também todo o oposto do que se quer ver nela. Um 2012 mais humano pode muito bem ser um ano com mais bolsas quebrando, mais guerras, mais fome, mais manipulação política, mais corrupção, mais exploração, mais maldade, mais crueldade, enfim, mais destruição em todos os sentidos que se possa imaginar. 

Tanto a vítima quanto o executor do atentado são humanos. Não estamos fugindo de nada alheio a nós. Ser humano pode ser um elogio, mas é simultaneamente um insulto, e não há nada pacífico em se supor qual lado pesa mais. Por isso mesmo, é quase sempre um adjetivo inútil, costumando vir acompanhado pela qualificação daquilo que a pessoa acha que é "humano" e pelo silêncio de todas as nossas características que, em desserviço geral, querem tanto esquecer debaixo do tapete.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Hiprocrisia: você quer uma pra viver?

Nunca achei um bom argumento para a tese de que as tradições não ganhem parte de seu valor só por serem tradições, costumes. O nosso cérebro, me parece bastante claro, adora uma rotina simbólica, certas exigências um tanto quanto espirituais para serem encontradas no dia-a-dia conforme seja lá qual cultura nos formou (não uso nem cultura aqui no sentido amplo, mas de etiqueta, seja de moda, de profissão, de festas e feriados...).

Isso vai, é óbvio, muito além de se dar Feliz Natal a qualquer Zé Mané que se deteste, mas digamos que isso podia passar. Sei lá, talvez a hipocrisia seja aceitável em pequenas doses? No entanto, as pessoas podem brigar um ano inteiro, se xingar sempre que possível, disputar em decisões quase de vida ou morte, literalmente, e ainda assim quererem uma da outra mensagens de paz e fraternidade no ano novo... Nem se trata de uma exigência de civilidade ou honra entre competidores. Antes fosse! Falo aqui dos cumprimentos mais batidos e banais, vazios na própria expressão.

Não entendo. Quando nunca mais quero ver uma pessoa na frente, não faço nenhuma questão que essa pessoa gaste ainda dois minutos a mais na minha frente me desejando qualquer coisa, boa ou não. Por que se reclama quando alguém não é hipócrita, não fica nos paparicando com mentiras antes de sumir da frente? Infelizmente, só consigo ver aí preguiça mental, ou uma crença absoluta no "poder" das palavras, em que os desejos de bons anos tenham mesmo a capacidade fantástica de atrair bons acontecimentos do "Universo". 

Espero apenas que nunca suponham isso tudo de mim. Quem não quiser me ver pela frente, por favor, exponha o seu caso (para me dar uma chance de reverter a falta) ou não demore: suma logo. Afinal, não há forma melhor de garantir um ano feliz do que começar a evitar todas as pessoas indesejadas o mais rápido possível, não?

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A educação que assusta

Eu ia fazer um post sobre a questão da repetência de ano, sobre o sistema que faz com que um aluno passe ou não. Descobri, ao escrever o texto, que tenho medo de publicar tudo que está envolvido nesse processo. Meus textos não costumam ir longe, mas, como os tweeto, às vezes são retweetados, e não sei onde eles vão parar. 

Falar a verdade sobre a educação pública é sempre falar mal de muita gente. Tenho certeza de que essas pessoas se sentem totalmente seguras a respeito de que se publique sua hipocrisia e incompetência, mas também acredito que, às vezes, certas informações podem rolar por aí na hora errada. Também sei da importância do sistema de retaliações para a manutenção da engrenagem propriamente política da educação, ou seja, de suas secretarias. Só posso supor que situação seja semelhante em seu Ministério.

O fato é que o movimento dos alunos entre os anos da escola envolve tantas questões logísticas, geográficas e burocráticas que a aprendizagem não poderia estar mais distante do foco que o governo tem nas crianças que dependem deles para aprender sobre o sistema de nossa sociedade, estejamos falando de conhecimento científico e artístico ou da linguagem dessa sociedade, incluindo aí a educação, a ética, o respeito, até mesmo o controle do corpo de acordo com aqueles valores que bem conhecemos, já que irritantemente repetidos pelo Fautão, pelas heroínas da novela das 8 e por candidatos federais.

Mas, como a questão aqui é contar ou não contar, isso mais me faz pensar muito no quanto não temos jornalismo. Tantas e tantas matérias sobre educação ao longo do ano, em todos os estados, e ninguém toca em mais que a ponta da superfície do começo do problema (preferindo em geral gastar tempo e tinta na velha "É culpa dos professores?"). Se soubessem, a maioria dos pais usaria a escola literalmente como uma creche (o que já tentam, só não precisariam mais lutar contra um discurso que lhes resiste) ou os tiraria simplesmente de lá. No momento, o Bolsa Família já não motiva tanta gente a ir. Com o conhecimento da verdade, ninguém mesmo acharia que o Bolsa seria motivo para matricular o filho, mandá-lo para lá toda manhã, em vez de arranjar formas para a criança, direta ou indiretamente, aumentar a renda da família e - seria o ponto de vista deles, e quem poderia negá-lo? - aprender uma profissão (por pior que esta fosse aos olhos de todos que recebem mais que um salário mínimo).

domingo, 18 de dezembro de 2011

Fantasia

"Não lhe disse há pouco que o senhor via as coisas através de um vidro de cor? É o óculo da fantasia, óculo brilhante, mas mentiroso, que transtorna o aspecto do panorama social, e que lhe faz vê-lo pior do que é, para dar-lhe um remédio melhor do que pode ser."

Clara, na peça Desencantos, de Machado de Assis.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Brasil sem leis

O Brasil não tem lei para políticos nem para os não-políticos, também conhecido como "povo". A diferença está na forma como a lei não existe para cada grupo. 

Como ela não existe para políticos é um tanto mais literal, mas a especificidade dessa falha está em não afetar o ganha-pão, a atividade profissional. Ou seja, mesmo que a atividade policial atinja um político, sua função, no sentido amplo, sua vida política, não sofrerá com isso, apenas seu salário será um pouco mais fraco e incerto por, no máximo, 2 anos.

Já para o povo a questão é um pouco diferente. A lei pode nascer esquizofrênica ou tornar-se assim. Explico: as proibições contra as drogas têm nuances estranhas, não previstas no código, e, conforme se discute a lei sobre alguma droga, mais nuances se criam, de modo que maconha, crack, extrasy e heroína são ilícitas, mas nenhuma delas recebe o mesmo tratamento de mídia, público-consumidor, polícia e política. Se o cerco aumenta contra a maconha, a tranquilidade dos usuários para falarem do consumo e usarem na frente de qualquer um só fazem aumentar. Se o cerco contra o crack aumenta, a campanha atinge todas as escolas do país, sem deixar, é claro, de ser criticada, porque levada adiante por meios de comunicação. Estes, como se diz, interessados no combate a essa droga porque filhos da classe mais alta estão sendo muito afetados, justificam certo cinismo de todo sujeito com "espírito crítico", ou seja, aquela pessoa que não pode aceitar nada que seja apoiado pela "PIG".

No caso do povo, no entanto, é de se entender. Falta à ilegalidade da maconha suficiente apoio popular. Não estou dizendo que a maioria dos brasileiros seja a favor de sua legalidade (não sei), mas não é realmente algo que atraia a atenção de tanta gente, e quem quer sua legalização o quer com muita vontade. Poucos (proporcionalmente) são tão entusiastas de que a lei fique como está. Talvez não seja uma questão que atraia tanto seu interesse, talvez drogas mais pesadas sejam reconhecidas como ameaças mais graves à saúde, talvez o tráfico cause tanto dano que qualquer suposta cura para o problema seja preferível. "Se a cachaça faz o mal que faz, mas não provoca a violência cotidiana na vizinhança e nas escolas, por que não colocar a maconha no mesmo saco do álcool?"

Por um motivo ou outro, as leis da nossa sociedade não a representam, não a defendem, como que não vêm dela, verdadeiramente. Os políticos no Brasil são, para a experiência de gente demais, uma casta, à qual até se pode ascender, mas que torna qualquer pessoa (palhaço, jogador de futebol ou celebridade em geral) tão inatingível e desconectado do "mundo real" quanto qualquer "doutor".

A maconha é um caso progressivo. Outras leis são esquizofrênicas de nascimento, como a proibição de que se bata em filhos. É verdade que a obrigatoriedade do cinto de segurança e a proibição de fumo em lugar fechado nasceram para "criar uma realidade", como que para "impor uma educação". Ambas vingaram, me parece, mas poucos brasileiros reconheciam "não usar cintos" ou "fumar em espaço público fechado" como afirmações de valor e identidade. A educação dos filhos é diferente. Bater, de alguma forma, com alguma força, é reconhecido como valor, parece-me que pela maioria da população. Existem, novamente, matizes. Tem gente que espanca "porque pode" (quando está bêbado, por exemplo), gente que dá surra "para o filho aprender" e gente que acha que uma palmada aqui ou ali pode ser fundamental, desde que algo isolado, para casos extremos.

De qualquer forma, pouca gente parece considerar que deva se controlar em seus "princípios" de educação infantil porque um fulano rico e corrupto (supõe-se, imediatamente) assinou uma folha em Brasília. O que a casta distante dos políticos tem a ver com a educação do seu filho? Virá o Estado lhe dar o apoio, a educação, a saúde, a segurança de que sua criança precisa? Irá o fulaninho instrumentalizar o posto de saúde e trazer médicos e enfermeiros? De onde agora essa história de que políticos se importam com as crianças do Brasil?

E a coisa toda acaba no velho problema: como eles vão saber? Conselho tutelar? Este não dá conta dos problemas que lhe chegam já agora e mesmo assim não deixa de perder pessoal e alcance. A lei servirá para quê? Punir os extremos? Separar crianças que já viviam isoladas e mal tratadas a ponto de chegar no seletivo conselho? Será uma lei com nuances não ditas, que atacará a surra absurda sem ver a violência, como se ataca (algum) tráfico ignorando o consumo? Uma lei desacreditada pelo povo, sem sustentação pública? Para quê? Para quem?

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Perdido na livraria

Existem duas livrarias por estas bandas: a Cultura e a Internet. No entanto, sem pouso para meu corpo num dia em que todas as ideias úteis eram travadas por acidentes do destino, me vi forçado a "não fazer nada" em algum lugar, de modo que entrei numa outra livraria, por que estava passando. Não era qualquer livraria, é verdade. Tratava-se de uma em que eu lembrava de ter tido boas surpresas, até sua adaptação mais recente, talvez em resposta à proximidade da Cultura, terminar de destruí-la. 

Apesar do pessimismo, ainda fiquei impressionado. A literatura estrangeira não está meramente tomada por bestsellers/filmes, até mesmo os bestsellers tradicionais pegaram cacoetes daqueles, como capas inultimente brilhosas, cores sem nenhuma variedade (a volta de um amante, a vida de um espião e os melindres de um vampiro inseguro, pelo jeito, merecem o mesmo tratamento gráfico) e frases de efeito que... bem, talvez isso tenha sido mais influência dos clássicos nos modernos. A prateleira de "Literatura Brasileira" não tem apenas livros desinteressantes ou de culinária, estão lá também livros de piada (não de crônicas, de piada), manuais de vestibular disfarçados e, dominando o conjunto, biografias! O livro do Boni, aliás, tem grande destaque.

A grande surpresa foram mesmo as histórias em quadrinhos! Lá não havia apenas super-heróis, mas clássicos da literatura, da ópera, histórias originais (de humor, tragédia ou o que se quisesse) sobre história de império chinês, grandes heróis de diferentes culturas, dramas cotidianos modernos. Tudo, diga-se de passagem, com arte variada e interessante. A sessão de histórias em quadrinhos era a prateleira mais interessante e rica da loja. Logo ao lado, aliás, da grande sessão de Arte, que acabou me levando a escolher um livro sobre a obra do Dali e sentar para curtir um pouco. Um tanto a mais de estímulo intelectual e prazer do que geralmente meu dia encontra, é verdade, o que talvez indique que fui um pouco injusto no começo do post, falando sobre essa livraria, mas devo dizer que as histórias em quadrinhos e a arte não me diminuíram a incomodação com a parte sobre literatura estrangeira e brasileira. Entenderia uma variedade com certo foco em vendas, mas piadas, biografia (o que menos havia, algo como 30%, era literatura) e SÓ bestsellers na estrangeira? Tinha um Tolstoi lá no meio, é verdade. Pequeno e mirrado. Pobre, o que pode ser irônico, mas com certeza muito injustiçado.

É urgente que sejam criadas as sessões "Livros que Recontam Filmes" e "Coisas Escritas no Brasil". Se não querem literatura, assumam! O público, pelo jeito, nem vai notar a ausência.

Dica de crítica

Para quem quiser descascar Foucault e Derrida, particularmente o efeito que eles tiveram em algumas áreas da cultura e da formação intelectual, recomendo Mario Vargas Llosa, escritos relacionados e a palestra no Fronteiras do Pensamento. Infelizmente não achei o vídeo inteiro para postar aqui.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Shhh

Há uns dias (quando pensei em escrever este post) acordei lá pelas 4h e muito da manhã. Já tinha me levantado umas 3 vezes e podia arcar com certo sono naquele dia, então desisti de dormir e resolvi sair da cama de vez. Afinal, podia curtir outros climas antes de ter de ir trabalhar, e com certeza não me atrasaria...
Quando levantei, estranhei o barulho que o movimento do lençol fez. Acontece que era meramente isso, o barulho do lençol. O que havia de diferente era o extremo silêncio da madrugada. Parecia que James Cameron tinha gravado um som de lençol em altíssima qualidade e colocado num cinema com uma nitidez injustificável por qualquer roteiro. Minha atenção voltou-se direto para a rua, que é movimentada em proporção à maioria das ruas, em qualquer horário. Logo veio um caminhão. Claro, o barulho. Depois o silêncio, e um carro...
Mesmo que minha rua nunca durma (e tenha horários de engarrafamento larguíssimos), era possível curtir um silêncio único, entre um carro e outro. De repente me pareceu muito violento que alguém sempre deva estar acordado. Entendo que se vire a noite, sempre adorei, e entendo que festas cheguem às madrugadas muitas vezes, mas sempre alguém dever estar acordado me pareceu uma violência estranha, como que a todos nós. E nossa raça sempre fazendo barulho!
Será que em alguma época, desde que há homo sapiens, já estivemos todos em silêncio? Não me importa que outras raças sejam ou não barulhentas, afinal eu não posso experimentar o ponto de vista deles, nem nossa empatia por eles chega às raias do que pode a entre humanos. Quero saber de nós.

Uma teoria bastante apoiada afirma que fomos reduzidos a baixíssimo número, quando ainda vivíamos só na África, antes de nossos ancestrais se multiplicarem de novo e conquistarem os continentes dos outros homo qualquer coisa. Talvez, se fôssemos poucos, numa região tão curta que fosse possível todos experimentarem a noite pelo menos por algumas horas em comum, acuados por precaução, com cuidado contra predadores e inimigos em potencial, talvez então tenhamos ficado todos em silêncio, por algumas horas, ou alguns minutos. 
Desde então, o barulho! Centenas de milhares de anos de barulho...

O caminho mais distante até o interessado

É engraçado como algumas palavras enganam as pessoas. Depois de ser cunhada como "nome" de algo (por exemplo, uma "arma"), a palavra parece que passa a perna em todo o mundo, indicando que seu sentido usual indica também o único "uso" que tal objeto pode ter. Uma "arma" serve para ferir, mas isso não quer dizer que ela não possa servir de peso de papel, digamos. No entanto a associação quase não é feita, como se o substantivo comum escolhido determinasse de forma absoluta a finalidade.

É como a palavra "comunicação" e a palavra "meio". Ainda que esta seja entendida pela maioria da população como "ferramenta", e aquela, mais ou menos,  como "ato de enviar uma mensagem", não quer dizer que qualquer pessoa afim de mandar uma mensagem para alguém devesse escolher, preferencialmente, os "meios de comunicação". A menos que queira falar com o maior número de pessoas possível e tenha boa quantidade de dinheiro para financiar tal mensagem muitas vezes na programação. 

Agora, quando a companhia elétrica quer tirar a energia da minha casa por horas para uma manutenção que diz respeito apenas aos moradores de poucas quadras, "utilizar os meios de comunicação" é uma forma muito menos prática e eficiente de nos deixar informados a respeito do que outra forma, de nome imprevisto, mas de finalidade mais precisa: o correio! Caso contrário, eu (e quem sabe quantos mais), que passei trabalhando o que pude e não fiquei vendo TV ou ouvindo rádio, sou pego absolutamente de surpresa e perco todo um turno que poderia ser muito produtivo. Pior ainda, ao reclamar por não ter sido avisado, preciso ouvir a resposta idiota:

- Nós noticiamos pelos meios de comunicação.

Só faltou comunicar!

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Depois de Deus, a Bolsa - para todos os problemas

Neste post eu havia dito que a mentalidade de "bolsas" era endêmica no país, e se acreditava que garantir apoio financeiro do Estado para qualquer coisa resolveria todos os problemas, em todas as áreas. Nunca achei que alguma opinião postada neste blog seria tão comprovada quanto agora, aqui.

Física no cotidiano

Manchete: "Planeta com características semelhantes às da Terra descoberto a anos luz de distância."

Onde achavam que iam encontrar? Dobrando a esquina?

domingo, 4 de dezembro de 2011

3 Formas de Amar ou Assim Caminha a Humanidade

Para quem achou que o post era sobre o filme com o mesmo 
primeiro título deste post, uma pequena lembrança.

O adolescente roots gosta da guria e, em resposta à sua ânsia, rouba estojo, incomoda, puxa cabelo, dá beliscão... de preferência no horário da aula, quando ela mais estiver querendo prestar atenção. Estudar é uma ideia alienígena para ele, e a possibilidade de atrair alguém pelo cérebro soa-lhe tão compreensível quanto "oração subordinada substantiva completiva nominal". Ele também é referido como "o burro" ou "o chato (burro)".

O adolescente roots gosta da guria, mas tem medo de chegar. Varia entre um amor platônico, uma amizade que queria ser colorida e a simples desistência. Paralelamente, até mesmo por interesse, estuda e presta atenção à maioria das aulas. Também referido como "o nerd" ou "o CDF".

O adolescente roots gosta da guria, mas sente a diferença entre seu próprio avanço-padrão na escola e o quanto ela estuda, passa nas provas e se aproxima de conquistar um diploma. Seja qual este for, pelo simples caminhar da vida acadêmica, a guria sairá de seu alcance caso ele fique para trás. O sujeito passa então a estudar, talvez até conseguindo ajuda com ela, e termina melhorando as notas e ficando com a guria, avançando nos dois fronts simultaneamente. Também referido como "o que tomou jeito na vida, não se sabe bem por quê".