Eu ia fazer um post sobre a questão da repetência de ano, sobre o sistema que faz com que um aluno passe ou não. Descobri, ao escrever o texto, que tenho medo de publicar tudo que está envolvido nesse processo. Meus textos não costumam ir longe, mas, como os tweeto, às vezes são retweetados, e não sei onde eles vão parar.
Falar a verdade sobre a educação pública é sempre falar mal de muita gente. Tenho certeza de que essas pessoas se sentem totalmente seguras a respeito de que se publique sua hipocrisia e incompetência, mas também acredito que, às vezes, certas informações podem rolar por aí na hora errada. Também sei da importância do sistema de retaliações para a manutenção da engrenagem propriamente política da educação, ou seja, de suas secretarias. Só posso supor que situação seja semelhante em seu Ministério.
O fato é que o movimento dos alunos entre os anos da escola envolve tantas questões logísticas, geográficas e burocráticas que a aprendizagem não poderia estar mais distante do foco que o governo tem nas crianças que dependem deles para aprender sobre o sistema de nossa sociedade, estejamos falando de conhecimento científico e artístico ou da linguagem dessa sociedade, incluindo aí a educação, a ética, o respeito, até mesmo o controle do corpo de acordo com aqueles valores que bem conhecemos, já que irritantemente repetidos pelo Fautão, pelas heroínas da novela das 8 e por candidatos federais.
Mas, como a questão aqui é contar ou não contar, isso mais me faz pensar muito no quanto não temos jornalismo. Tantas e tantas matérias sobre educação ao longo do ano, em todos os estados, e ninguém toca em mais que a ponta da superfície do começo do problema (preferindo em geral gastar tempo e tinta na velha "É culpa dos professores?"). Se soubessem, a maioria dos pais usaria a escola literalmente como uma creche (o que já tentam, só não precisariam mais lutar contra um discurso que lhes resiste) ou os tiraria simplesmente de lá. No momento, o Bolsa Família já não motiva tanta gente a ir. Com o conhecimento da verdade, ninguém mesmo acharia que o Bolsa seria motivo para matricular o filho, mandá-lo para lá toda manhã, em vez de arranjar formas para a criança, direta ou indiretamente, aumentar a renda da família e - seria o ponto de vista deles, e quem poderia negá-lo? - aprender uma profissão (por pior que esta fosse aos olhos de todos que recebem mais que um salário mínimo).
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