quinta-feira, 31 de março de 2011

Época mijando na capa

A capa da Revista Época deste mês mostra um cachorro na frente de um prato vegetariano e, após indicar o vegetarianismo como extremo dos luxos com que alguns animais são tratados, põe a pergunta: "Bicho de estimação virou gente?"

Não é disso que vou falar, mas não deixo passar o problema de "por que o vegetarianismo seria essa barreira entre 'animalidade' e 'humanidade'?" Sem pensar muito, já citaria os animais irem a psicólogos como escolha mais óbvia, se fosse para tentar marcar essa estranha barreira entre "nós" e "eles". Quero crer que o vegetarianismo foi escolhido porque é a última moda e eles resolveram que iam fazer uma matéria de capa sobre luxos com animais agora; o motivo da sincronicidade é o meu escolhido.

Agora, o que eu queria comentar mesmo era que esse tipo de capa grita que quem as decide é o pessoal do marketing. Sem diálogo com editores ou jornalistas. Não, precisa ser uma escolha pura e soberana do departamento de marketing. E isso porque revistas como a Época se querem de notícias, e sob nenhum ângulo essa capa é sobre uma notícia

A matéria de capa apela a duas áreas fundamentais, que vou chamar aqui amadora e genericamente de sociologia e ciência. Pensando-se na primeira, o status dos animais de gente rica na sociedade não é notícia. O vislumbre que ele nos dá de determinada situação de pessoas endinheiras é tema para debate sociológico, mas não vai ser decidido na revista, além de dar pano para manga em discussões de fôlego que não vão ser atingidas pelo jornalista ali, por melhor que escreva ou se informe a respeito. Ou seja, não aconteceu nada para ser contado, algo que tenha valor em si de notícia (o que aconteceu ou acontece é um fenômeno prolongado ainda indefinido). Agora, donos de cachorro fornecerem pratos vegetarianos para seus animais seria notícia, mas não é relevante para sê-lo. Não sem um determinado contexto que o justifique, e o contexto de "ser um novo fenômeno sem explicação clara" não é um contexto.

Agora, se pensarmos na ciência, podemos expandir o problema para realmente todas as capas "científicas" de revistas de notícias. A matéria não fala sobre uma novidade na ciência, mas na relação entre humanos e animais (e novidade superficial, porque é mais do mesmo, de fato). Ou seja, a participação de qualquer cientista justificando o comportamento humano ou animal nesse caso não vai trazer novidades nem sobre um nem sobre o outro. Não vai se acrescentar informação científica significativa, a não ser alguma anedota sobre alguma descoberta pontual que, como acabo de indicar, é uma anedota. Não se trata de uma grande informação relevante para a humanidade ou para a sociedade, tanto que não foi essa informação, mas a picuinha sobre os cuidados "excessivos" com bichos de estimação que ganhou a capa.

Ou seja, a matéria só pode acumular conhecimento batido, talvez anedotas, e não vai informar nada sólido a respeito do problema central: relações de superestima entre animais e humanos.

E isso é a matéria de capa! A matéria de capa?! A matéria de capa.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Seven Words #2 - O Retorno da Censura

Na década de 1970, George Carlin criou um sketch em seu stand-up em que ele falava sobre 7 palavras que não se podia falar na TV (shit, piss, fuck, cunt, cocksucker, motherfucker, tits). O assunto nasceu de uma provocação e se desenvolveu como um deboche "contracultural" dos limites que se impõem à expressão individual e das hipocrisias de certos padrões superficiais de vigilância moralista.

Ironicamente, já no século XXI, Carlin chegou a comparecer a um programa de TV em que a palavra "fuck" não seria censurada.

Por outro lado, eis que agora eu penso em rever o vídeo, não sei bem o porquê, e o youtube categorizou o vídeo sob censura! Eu preciso logar no site e assumir que quero ver o vídeo, sem me insultar, para poder assistir a um deboche sobre a censura dos anos 1970!!!! Pobre Carlin. Mas muito, muito mais pobres de nós.

PS: Fora o ridículo de que trancam um link e 20 outros surgem... Ai, paciência!

Serra Pegador



Linkado em Risadaria. Se puder, amplie a imagem; vale o close.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Eis que de repente tenho herdeiros, ainda que não tenha posses

"O Sr. tá pegando a Sora Tal, né, Sor?"

Grosseiro, porém sincero, o aluno não estava tentando puramente comprovar suas opiniões sobre o mundo, experimentando construtivamente o conhecimento prévio pelo acesso à figura do professor... O que ele queria saber era, mais precisamente, as consequências para ele desse suposto fato.

Explico: a dita professora é adotada como mãe por um número bastante grande de alunos, e este que assim me abordava no meio da aula (lá na frente, mas sendo escutado por 1/5 da turma no máximo, naquela situação) era um de seus filhos "mais velhos", ou seja, que há mais tempo se auto-adotara como filho dela (além disso, o aluno já está numa adolescência bem avançada). Ou seja, eu "pegar" a dita professora faria dele (e de muitos outros) meu filho. Eis aí a questão a ser posta, daí sua interpelação.

Agora, por que eu estaria "pegando" a professora...? Porque temos trabalhado bastante em dupla (regozijai-vos, pedagogos da interdisciplinariedade - ela é professora de História). Conforme os alunos, os professores andam sempre em duplas. Como, por diversos motivos, ela fez dupla comigo muitas vezes em trabalhos e funções recentes, além de sermos muito amigos (e ela ser responsável pela biblioteca no turno inverso), só podemos ser um casal.

Por muito menos, sou considerado irmão da estagiária da escola (curiosamente, estudante de História), então, pelo menos, as conclusões errôneas e apressadas a respeito da minha relação com aquela professora indicam algum avanço lógico. Sonho que, até o Ensino Médio, continuem avançando na Lógica, mas muito!

quarta-feira, 23 de março de 2011

Retomando meu dicionário

Coloco aqui uma ideia implicada de forma irônica em recente conversa. Ela é ridícula, mas merece ser citada, nem que seja para lembrarmos quando nossa defesa da democracia se torna tão distorcida que acaba tendo exatamente isto como implícito:

"Democracia é um sistema em que todos são iguais. Só é possível defender a democracia, portanto, pela ausência completa de critérios."

terça-feira, 22 de março de 2011

A perigosa inocência infantil

Eu realmente gostaria que todas as discussões tivessem FAQs e itens informativos a serem obrigatoriamente lidos antes de a pessoa se meter na conversa, como se oferece na maioria dos (bons) fóruns internéticos.

Pensem neste exemplo rápido: pessoas que discutem educação, mas falam sobre as escolas pelo que lembram de quando estudaram lá. Ora, será que ninguém indicou a esses sujeitos que entendemos o mundo de forma diversa quando somos crianças em relação a quando somos adultos? Quando passei no Vestibular, fui na minha primeira escola, de onde tinha saído com 9 anos, e descobri (mais ou menos conforme imaginava) que um lugar em que costumava sentar para jogar bafo era na verdade um degrau muito pequeno, no qual eu não podia, com 16 anos, sentar de forma confortável. Será que tão poucas pessoas passaram por experiências parecidas, ou são capazes de extrapolar, dessa experiência simples, que há importantes diferenças de ponto de vista entre uma criança e um adulto, e que isso não pára no ângulo de visão que nossa altura nos permite?

Ou essas pessoas realmente ainda pensam como quando eram crianças, e aplicam sua imaturidade decantada para julgar tanto educação quanto trânsito ou política? Bom, pensando bem, esta opção parece a mais provável.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Hipócrita para o teu próprio bem

Nunca tinha visto Glee até hoje. O primeiro episódio a que assisti foi "Blame It on the Alcohol", um dos dois que me foram indicados numa discussão recente a respeito de escola. Bom, apesar de ter entendido o porquê da fama do seriado, o que me chamou a atenção é algo que dificilmente deve justificar a preferência da maioria de seus fãs: a relação entre a escola e o moralismo que geralmente se quer encarnar nela está particularmente bem representada. 

Parece que um encaixe mal feito entre escola e "sociedade" (situação que caracteriza a instituição, pelo jeito, no mínimo desde os anos 1970) cria uma pressão constante para que não apenas tratemos de assuntos morais com os alunos, mas que cheguemos ao extremo de sermos hipócritas. A maioria dos professores (que conheço) tenta resistir, mas o ataque ou a pressão para que atinjamos a hipocrisia na sala de aula é tão variada e vem de tantos lados que às vezes não vemos saída em determinadas conversas com alunos a não ser ceder e declarar um moralismo simplista e exagerado que não poderíamos, em sã consciência, aplicar a nós mesmos.

Na verdade, essa hipocrisia me parece herança antiga; o que se estabeleceu por aqui mais ou menos nos anos 1970, provavelmente só ganhando peso significativo no seu fim, foi nossa visão de escola aderir a uma verdade bastante difundida no resto da cultura brasileira: não existem posições de autoridade monolítica (nas instituições brasileiras) - o que eu acho bom, aliás. Mas isso faz com que mesmo o mais passivo ser humano seja um aluno com mínimo senso crítico (pelo menos) quando o assunto é "afirmações de professores". O que acontece é que essa nossa fraqueza momentânea, esse ceder à hipocrisia que nos é exigida, vem nos atazanar no futuro, quando descoberta pelo estudante (e, mais cedo ou mais tarde, será). - É possível também que ele ou ela nos largue de mão de vez e nem venha nos cobrar por nossas palavras, o que é pior ainda, claro.

Enfim, há uma coisa estranha entre valores que a sociedade prega sem praticar e as cobranças e fantasias do senso comum (que governa, é claro, muitos professores, pedagogos e diretores ou vices) a respeito de como acreditamos querer educar as "crianças". O episódio do Glee em questão pega o problema do álcool e cria a situação ridícula (no sentido de cômica, além de absolutamente veraz) de adultos (que bebem, dã) querendo que os alunos encontrem uma música (!) para assustar toda a escola a respeito do consumo de álcool, a ser apresentada numa assembleia da escola. É claro que as bobagens de pessoas alcoolizadas e as mentiras que se contam cotidianamente sobre ou para o "controle" do uso de drogas em escolas figuram no roteiro. A série pode ter um aspecto de ficção em todos os detalhes, mas a estrutura e o tema são incrivelmente relevantes e complexos, o que foi uma muito grata surpresa.

Porque nenhum critério é universal

É verdade que nossas salas de aula, em geral, seguem a mesma estrutura desde sua criação, mas o mesmo pode se dizer sobre o sexo.

sábado, 19 de março de 2011

Compartilhando conhecimento acadêmico-sagrado

Livre-se do Exu Tranca Tese!

Educação e egocentrismo

Um charuto é artefato raro, ainda mais de se ver no ônibus. Ainda mais se o sujeito o sustenta na boca sem que esteja, pelo menos, aceso. Agora, pior ainda é quando o cara, que chamou a nossa atenção pelo jeito estranho, completado com chave de ouro pelo charuto na boca, reconhece a gente e vem conversar!

Eu absolutamente não lembrava do cara, mas ele deu indícios rapidamente que comprovavam a veracidade de seu protesto de me conhecer. Ok. Bom, o cara também só falava, ele não dialogava. Ou seja, ainda que eu não lembrasse dele, isso não fez muita diferença. 

Seu automatismo linguístico me permitiu observar de forma mais detalhada que ele parecia estar vestido de forma absolutamente oposta à minha. Aparentemente estávamos próximos, ele de sapato, calça jeans e camisa, eu de sapatênis, calça de sarja e camisa polo. Mas, de alguma forma, éramos o exato oposto um do outro. Ele nitidamente fruto da escola em que nos formamos (de onde ele lembrava de mim), eu... bom, não sei o que parecia para ele, mas tinha plena consciência naquele momento de não expressar fisicamente ter me formado lá. Além disso, acabei falando, num milésimo que tive para dizer algo, que tinha feito Letras... aí, já viu!

Bem no fim da "conversa", ele disse que ia para os EUA, queria estudar lá. Conforme ele, formação é algo muito importante e a educação no Brasil "não dá". Fiquei olhando para ele e pensando "Estudo, vá lá, mas 'formação'? Tu não é meio velho para isso?" É claro que isso se pôs assim para mim porque ele se referia propriamente à formação universitária como aquilo que inicia nossas carreiras, mas a escolha da palavra também me encucou, porque há uns dois anos ando às voltas com a ideia humanista de formação pela educação e os traços culturais que herdamos de certos ideais daqueles tempos. Pareceu-me particularmente estranho, ainda por cima, um sujeito que não sabia escutar dizer estar interessado em aprender algo de fontes humanas, como professores. Mas, tomara, não nos veremos mais, e ficará apenas a imagem estranha de um estranho com cigarro na boca passando na roleta e me reconhecendo.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Nunca? No que indica a escola, brasileiro desiste "a priori"!

Muitos alunos, MUITOS, em diversas pesquisas NACIONAIS, reclamam do custo-benefício da escola. Ou seja, de que não entendem o que ganham com o esforço que fazem.

Pequeno comentário: a enorme maioria dos alunos não estuda, não na escola, muito menos em casa. Pelos motivos que forem, a maioria dos alunos não se esforçam para aprender a matéria. É claro que podem render mais quando a aula é de alguma forma atraente, ou quando gostam muito de determinado professor por quaisquer motivos que não listaria aqui, mas exatamente porque, nesses casos, sentem que estão fazendo pouco esforço. Quando uma porcentagem tão grande de alunos reclama dos "esforços" que fazem, não estão reclamando de acordar em determinado horário, chegar na escola no horário previsto, ficar sentado tempo suficiente para não chamar a atenção como aqueles que efetivamente são expulsos de sala ou têm seus responsáveis chamados na escola?

Deixando de apelar para os casos extremos, de pessoas que têm realmente dificuldades para cumprir essas coisas por ótimos motivos (pessoas biológica ou geograficamente quase impedidas de ir à escola, que aliás geralmente não são quem reclama do "esforço de estudar"), como é que não se comenta que esses esforços "sobre-humanos" são exatamente os mesmos que adultos (!) levantariam se fossem forçados a ir à escola?

Esforçar-se não é algo que nos isenta, na cabeça brasileira, de ter resultado, de fazer o tal esforço render?

A questão na educação é rica em detalhes e pormenores, mas me permitam focar neste que se agiganta e é tão pouco comentado: o que oficialmente consideramos o mínimo dos mínimos na escola (prestar atenção, fazer tema...) é considerado pelos alunos seriamente como MUITO esforço. Quão em desacordo a cultura cotidiana e a da escola precisam estar para a contrariedade mesmo de adolescentes acostumados à escola desde pequenos ser tamanha?

É óbvio que muita gente (adulta) tenta viver direito e bem. Mas a boa vontade desses na luta (de vida ou morte) do cotidiano isenta todo o senso comum brasileiro de valorizar o conhecimento que a escola pode passar (ou de ajudar a mudar a escola, se ela está assim tão dissonante do que se espera, supostamente, dela)?

domingo, 13 de março de 2011

Essa gente que tromba

Tem gente que tromba porque é forte, tem gente que tromba porque é fraco. Umas trombam porque são gostosas, outras porque são feias. Alguns porque grandes, outros porque pequenos, ou porque são magros, ou porque são gordos, porque são ricos ou porque são pobres, porque são altos ou porque são baixos, porque são desastrados ou porque não se importam, porque são vaidosos ou porque se odeiam, porque são brancos ou porque são negros, porque são homens ou porque são mulheres, porque são crianças ou porque são velhos...

Só alguns trobam "porque trombam, e daí?" Estes, da raça honesta da espécie Trombadora, são, como os das raças honestas das outras espécies humanas, espécimens raros.

sábado, 12 de março de 2011

Pequena nota à ignorância

Uma das definições que mais gosto de Nietzsche é que "o ser humano é o animal doente", particularmente porque ela complementa sem conflito a de Aristóteles que também curto muito, "o ser humano é o animal político" (lato sensu).

Agora, eu não sabia a história dessa crítica do Niti. Ou, se ele também não soubesse, o que é pouco provável, que a tal ideia de nossa doença intrínseca tinha antecedentes notórios na Alemanha. Novalis havia dito que era a doença da existência que nos separava de plantas e animais. Goethe, em crítica a isso, em parte, havia chamado a arte romântica de "poesia de hospital". Bem, já que, a partir do século XIX, somos todos românticos, as duas afirmações dão um passado e um contexto muito relevantes para a frase pejorativíssima do bigodudo.

A ideia era pejorativa para Goethe como para Nietzsche, apesar de que este a ampliava para toda a raça e, tecnicamente, falava de algo que podia estar inscrito no "inconsciente" de Novalis (para Nietzsche), mas não ia no sentido que Goethe parece ter querido indicar. Nietzsche creditava nossa doença ao alicerce construído pelos monoteísmos para a moral social, ou seja, à cultura de todos nós. 

Não sei se a história é mais longa ainda. Veremos, afinal, com outra máxima que valorizo: vivendo e aprendendo.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Autogratulação lexical e os bons sentimentos

Dizem sempre que "empatia" etimologicamente quer dizer "sofrer com", mas foi uma liberdade poética formar essa palavra, né? A gente "sofre com" alguém? Claro que certos acontecimentos muito violentos podem nos provocar a sensação de "sofrer com", quase que exclusivamente se vemos um sofrimento muito próximo de nós, mas é justamente essa sensação que é curiosa: sentimos que "sentimos com" a outra pessoa. Sabemos que não sentimos o mesmo que o outro, nem mesmo em escala menor. Nosso sentimento é outro, exatamente esse "outro" é chamado de empatia, porque lamentamos e dor alheia em parte sofrendo pela pessoa, mas um sentimento distinto e de escala tão diferente, que me pergunto se não podíamos ter encontrado outro termo. Imaginem, literalmente, "sofrer com" uma criança que perdeu o braço numa mina terrestre.

Essa busca de um termo verdadeiramente preciso implicaria, claro, que fôssemos menos autocondescendentes. Como muito já se repetiu, gostamos de sofrer pelos outros, porque é "bonito", "humano" (ou cristão, para alguns). Empatia, geralmente considerado um termo preciso ou direto, é na verdade uma catacrese (uma metáfora para a qual não temos termo não-figurado, como "pé da mesa"), uma figura de linguagem que usamos quando nos condoemos. Como "condoer"... nossos termos empáticos estão cercados de exageros elogiosos aos nossos próprios sentimentos "nobres" - outro autoelogio.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Bloqueio aéreo e as âncoras do "destino manifesto"

Em relação à Líbia, a exigência de muitos norte-americanos, incluindo pessoal diretamente envolvido com Direitos Humanos, jornalistas e políticos, é que os EUA imponham um bloqueio aéreo. Contra isso, argumentam os opositores que tal bloqueio envolveria alguns problemas, como desbaratar a defesa anti-aérea de Khadafi e, principalmente, correr o risco de não decidir o conflito. Nesse caso, a coisa escalaria lentamente para uma invasão terrestre, ou ocupação de determinadas áreas, o que seria muito custoso e ainda mais arriscado para a imagem dos EUA na região do que a própria intervenção aérea.

Contra esses argumentos, os defensores do bloqueio dizem que ele precisaria ser só efetuado na área amiga, já que a ideia é evitar bombardeios, não bombardear o que não foi dominado, de modo que não haveria ameaça anti-aérea (e que, se precisassem enfrentá-la, seria ridículo opor a força militar da Líbia a uma intervenção americana, mais ainda se com a ajuda de Arábia Saudita, Egito e Tunísia, possíveis aliados - só para citar os mais otimistas). Fora isso, um ataque aéreo poderia acabar rapidamente com a transmissão da TV e do rádio do governo, atrapalhando de forma substancial a ação de Khadafi. Não bastasse tudo isso, destaca-se que a própria população da Líbia pede por ajuda internacional já há algum tempo, e não fazer nada, nessa situação, seria o mesmo que fazer "a coisa errada", pois é óbvio que os EUA podem intervir e que já se meteram na região quando não deviam, por que não se meter agora? Sobra ainda a questão óbvia: se Khadafi ganhar, que vão fazer - voltar atrás e aceitar sua existência política internacional ou ter de arcar com um ataque direto?

Bom, nos argumentos contra a invasão, especialmente se feitos por pessoas que não estão ligadas ao governo diretamente, pode-se perceber claramente o medo deixado pelo Afeganistão. Não pelo país, mas pela "Guerra contra o Terror". Lá também as coisas escalaram da forma mais ridícula possível, erros e desonestidades do governo vieram à tona tarde demais, e acabou que a economia dos EUA (bem como sua auto-estima) não parece ter conseguido se recuperar. O governo ponderado do Obama parece dar bem o tom de todos que analisam problemas políticos e econômicos por lá com exceção dos radicais de um lado ou de outro, e esses mesmos não parecem ser contados na hora de se decidir por alguma ação. A própria Sarah Palin, talvez a entusiasta mais escutada no país, aparentemente é, em 80% das vezes, ouvida por diversão e considerada louca varrida ou meramente ignorante.

O medo de tornar a Líbia seu novo Afeganistão e entrar numa situação diplomática e econômica da qual nem o absurdo poder acumulado pelo país possa servir para que fique com o nariz acima da superfície marca a fala ressabiada numa discussão em que todos parecem concordar que o motivo ideológico e moral para intervenção não poderia ser mais claro. Agora que os EUA podiam, de forma imprevista e inédita no Oriente Médio, intervir de acordo com seus sonhos mais selvagens de pátria da liberdade e da democracia, as irresponsabilidades e incompetências do passado lhes aterrorizam também como raras vezes lhes aconteceu.

Agora decidiram por ir mais aos poucos e pediram (ou mandaram) que a Arábia Saudita armasse os rebeldes. A situação toda só faz reforçar que as consequências de uma decisão política internacional ecoam indeterminadamente (como talvez devessem reaprender aqui no Brasil) e que, para quem tinha dúvida, com Bush, merda pouca é bobagem.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Ignorância

É uma reclamação comum (pelo menos entre geeks) que a Física do colégio termina, na melhor das hipóteses, no século XIX. Tem me parecido, no entanto, que isso é de estranhar apenas no século XXI (porque a discrepância é gigante demais). Fazia sentido no século XX, ou, no mínimo, representava um padrão bem comum: quando o assunto é conhecimento partilhado, estamos sempre um século atrás. 

A coisa é pior quando o tema é ideologia e sociedade: as mentes mais brilhantes, ou em posição mais poderosa, também estão sempre correndo atrás da carroça. No século XX, as táticas eram oitocentistas demais para prever os resultados dos combates das guerras mundiais. As máquinas de guerra tinham evoluído para além do que se compreendia na teoria militar. Nenhum contemporâneo parecia ter muito o que dizer a respeito da destruição causada. Não parecia nem mesmo entrar na cabeça de ninguém o quanto nossa imodesta raça tinha destruído, em sua paisagem e em si própria. Nem entremos no resultado da bomba atômica ou da ida à Lua.

No século XIX, o progresso tecnológico virava quase que imediatamente religião. A "intelectualidade" vivia embebida pela autoimagem de Prometeu enquanto cavava a própria cova. No XVIII, ninguém previra realmente a Rev. Francesa tal como se desenvolveu, ou suas consequências mundiais. A Independência Americana (até onde eu sei) era um prenúncio bizarro de um dito futuro de liberdade, sem que ninguém tivesse entendido o presente.

Quase nenhum ser humano sabe explicar como funciona o ipad. Mas nenhum parece saber explicar as revoluções árabes, o estágio-Obama dos EUA, o Islã ou mesmo o futebol no caso do Brasil. Os que tentam, o fazem a posteriori. Mentes individuais levam nossa técnica adiante, mas nem indivíduos nem grupos conseguem dizer para onde vamos. É verdade que, em muitos sentidos, o discurso funda a realidade que busca descrever, mas isso acontece em grande parte porque, na ignorância real do que está acontecendo, nosso instinto é puxar a brasa para o nosso assado, torcendo que a verdade seja a nossa verdade.

Não é só a Terra que viaja por inércia, sem rumo, no vácuo. Nós herdamos sua cegueira.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Outro se deu o trabalho!

Estou impressionado com a capacidade de resumo imagético de algumas pessoas.

Arrogância e fragilidade

Existem pouco barulhos mais arrogantes, egocêntricos e egoístas que uma buzina. Penso, particularmente, na buzina de carros. É estranho um barulho pressupor que se é o centro do mundo, mas a buzina o faz como nada. 

Em oposição, a tosse (penso aqui na tossida do doente, não na ocorrência passageira ou no mero engasgo) é um barulho geralmente contido, ensimesmado. Formado de dentro para fora, obviamente, parece ser formado de fora para dentro. Muitas vezes, quanto mais alta, mais expressa fraqueza.

Seu confronto com a buzina é um tanto estranho. A tosse, barulho de si para si, deixa o barulho da buzina ainda mais irritante.

Enfim, coisas que penso morando quase de frente para um hospital, numa rua movimentada, vendo o desrespeito diário.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Pedagogia modernérrima para trabalhar textos

ou "Eu não falar su língua"

- Eu trabalho com texto. Sempre com texto.
- Hm. Como assim?
- Dou o texto e depois... trabalha, né? Vê classe gramatical, vê as palavras.
- Hmmm... ... ... Mas como vai começar... com as turmas da série X?
- Revisando artigos, pronomes...
- ... Com texto?
- Não, exercícios. Primeiro só exercícios... Depois entrar mais aprofundado em advérbios, dar uma explicada melhor no conceito.
- Hm.
- Aí fazer exercícios, só exercícios nisso. Depois vou indo, até numeral, que eles pensam que é de Matemática, mas digo "Não, numeral vocês vão trabalhar comigo". E assim por diante, e assim até o fim do ano. Às vezes dá pra entrar em oração e frase.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Ciclismo e domínio linguístico

O Uol publicou fotos da passeata organizada pelo Massa Crítica e colocou embaixo um "resumo" da situação. Ei-lo:

"Ciclistas protestam em Porto Alegre contra o bancário Ricardo Neis, 47, responsável pelo atropelamento de várias pessoas na sexta-feira durante um passeio ciclístico chamado "Massa Crítica", que defende o uso de bicicletas no trânsito; Neis foi internado em clínica psiquiátrica nesta terça-feira."

Este me parece um caso curioso em que as duas informações mais relevantes estão equivocadas, e ambas, juntas, formam ainda um terceiro equívoco. Resumo ruim, hein?

O protesto não foi contra o bancário. É claro que ele foi aludido criticamente em alguns cartazes e o  local do acidente foi indicado na passeata, mas esta expressava claramente ideais bem antigos do movimento. Pelo que pude ver, e gostaria que alguém com informações diretas do Massa Crítica me corrigisse se estou enganado, o acidente foi o estopim para uma manifestação muito maior do que a usual reforçando as críticas que o movimento sempre fez. Os principais cartazes indicavam mensagens no mesmo sentido que as duas expressões gritadas pela multidão: "Mais amor, menor motor" e "Bicicleta! - Um carro a menos!"; ou seja, a mensagem da passeata era a de um "trânsito mais humano", como o Massa Crítica gostar de pôr.

Além disso, o atropelador não foi internado, ele se internou. Daí o equívoco que as duas informações erradas causam: o resumo como um todo dá a entender que as reclamações ou acusações do grupo e dos simpatizantes tiveram relação com uma internação imposta ao acusado. Aliás, como não há indicativo temporal na primeira parte, pode parecer que a passeata ocorreu antes da internação, tendo relação direta com ela. Na verdade, não! O atropelador se internou alegando sofrer com o assédio gerado pelo caso, incluindo as ameaças internéticas contra a sua pessoa, ameaças estas combatidas pelo próprio Massa Crítica.

Depois eu digo para os meus alunos que saber resumir é importante, e eles não me acreditam. Estou pronto para usar esse resumo do Uol em aula...

quarta-feira, 2 de março de 2011

Paladinos da Língua

Um chato chamado Marcos Bagno transformou há algum tempo um problema real em bandeira militante -moralista. Bem por isso ele é chato, aliás: porque tornou algo que é atualmente tanto intuitivo quanto embasado em pesquisa num esquema com regrinhas postas de forma simplificada e com linguajar "combativo". Ou seja, traduziu a questão em bandeira política no sentido mais superficial e repetitivo da coisa. E desde então ele só disse isso, ou ao menos só isso mereceu grande destaque. 

Bom, por mais chato que ele seja, a bandeira é legítima, ou pelo menos a informação que lhe dá base: (1) existe a Norma Culta, uma forma de falar, errada conforme a gramática normativa, que é característica da classe alta (como categoria bem ampla, que inclui quase todo o mundo que estuda em escolas particulares, por exemplo); (2) apesar de errada, essa forma é considerada correta por tal classe - que conhece a gramática tão mal quanto qualquer ser vivo - já que todos eles, incluindo o pessoal que fala na TV, comete mais ou menos os mesmos "erros" ou tem mais ou menos os mesmos "vícios de linguagem"; (3) essa forma é considerada a correta pelo senso comum, de tal modo que muitas dessas pessoas acreditam piamente que falam "correto" (i.e., iludem-se que falam conforme a gramática, o que é um segundo erro porque ela não tem a função de descrever a forma correta de falar); (4) esse falar "correto" é usado para ridicularizar o que dizem pessoas que não compartilham da mesma Norma Culta (ou seja, em geral pessoas mais pobres, falantes de dialetos diferentes...), invalidando-os politicamente - as pessoas ficam sem dignidade para falar pública ou politicamente por falarem diferente da classe social mais alta, sofrendo assim o chamado "preconceito linguístico". Elas são tratadas como burras e inválidas socialmente porque sua forma de falar indicaria pior formação escolar ou pobreza, ambos podendo denotar burrice ou ignorância quase plena.

Simplificando: gente que fala errado e tem mais formação e/ou dinheiro se entende, além de dominar meios culturais e políticos há mais tempo. Quando gente de fora desse grupo quer se meter no bolo, são calados politicamente já pela forma como falam. "Não podem ter nada a dizer" porque cometem erros diferentes daqueles que cometem os que estão há mais tempo por cima.

Bom, esquerdistas e pobres são aliados comuns: os primeiros querem mudar os problemas do mundo (independente do que identifiquem como problemas) para ontem, assim como os últimos precisam mudar os problemas do mundo para ontem! Se a esquerda quer MESMO o bem dos pobres não interessa para essa questão: o discurso deles se afina muito facilmente. Por isso mesmo, muita gente pobre vem aliada à dita esquerda brasileira há muito tempo, e vários deles chegaram a cargos políticos de bastante destaque recentemente. Só a terrível asneira brasileira chamada de CCs já potencializou muito esse movimento.

Resultado? A esquerda passou a sofrer muito mais o chamado preconceito linguístico. E não estou falando isso porque acho que se deva escrever de qualquer forma, ou que estudo não tenha valor. Acredito que meu blog indica claramente que dou bola para a linguagem (apesar de não da forma mágica que os fetichistas do corretismo dão). O que aconteceu foi que a brincadeira de chamar a esquerda de progreçista, que podia passar uma vez ou outra, em certos contextos, passou a ser (1) generalizada e (2) centro da discussão. Não é questão mais hoje se Lula valoriza a educação ou a cultura. Não é mais o debate se o ensino melhorou ou não com o governo do PT. Agora o problema é que um sociólogo escreveu uma coisa com Z, um ministro fez uma citação errada e o diabo a quatro - amigos, os textos da direita, para todos os lados, têm erros gramaticais dos mais variados, INCLUINDO problemas ortográficos em palavras bem comuns, como "fase" ou "desce", para não entrar em problemas sintáticos. 

É óbvio que o Tiririca ajudou a situação a se agravar. Votado por 1.353.820 eleitores, mas respeitado por 4,5 pessoas, o sujeito vira notícia sempre que abre a boca. Mas o foco que se está dando para a forma do que é dito deixou há muito de considerar, ou mesmo mencionar, o que é dito. Mais ainda, toda bobagem dita pela esquerda passou a ser indicada como "bobagem" por erros ortográficos propositais da direita, indicando nesse combo como "eles" são ignorantes, burros, desnecessários ou até perigosos com sua "imbecilidade infecciosa", pronta a "tomar o Brasil" - tudo isso por uma indicação gramatical. Ou seja, depois de Marcos Bagno ter sofrido chacota a ponto de ser esquecido, temo dizer que agora parece merecer um revival. O que a direita (da micropolítica do dia-a-dia) tem cotidianamente feito basicamente é dizer que a esquerda fala errado e que isso é suficiente para descartar completamente o que tenha a dizer, é voltar a usar a forma de falar como estigma social e político. Aliás, mais do que isso, a direita (cotidiana) tem feito o esforço de incluir TODA a esquerda naquela esquerda que não veio da classe alta e naquela que tem pouco ou nenhum estudo, e com isso tem aplicado o preconceito linguístico para a esquerda toda.  Um professor universitário comete um erro de português?! "SOCORRO! ACUDAM! PARA O MUNDO QUE EU QUERO DESCER!" Por favor...

Indigna de falar, ignorante por essência e intrinsicamente burra, a esquerda seria hoje uma trepadeira de cargos que compra votos com Bolsa Família e ri de quem estuda e trabalha - ah, sim, e que quer que o mundo todo seja gay e aborte (observe-se quanta mistura numa mesma suposta bandeira). Só que, empobrecendo a crítica que faz à esquerda, a direita se invalida também. Quando só o que tem a dizer são simplismos preconceituosos e mal informados, a direita não se apresenta como opção em relação à esquerda (mantendo aqui a oposição esquerda-direita porque é nela que vive a oposição ao governo petista). 

Um ateu contrário ao ateísmo militante comentou numa palestra que esses ateus militantes em parte desrespeitavam a religião porque nunca tinham sido confrontados por uma teologia que estivesse à altura de uma análise crítica. Conhecendo só uma religião burra e mesquinha, não era difícil para eles descartar tudo como baboseira, charlatanismo e ilusão. Algo muito semelhante ocorre hoje na política brasileira. Se os petistas tendem a governar o povo como se tratassem com crianças, completamente despreocupados com o que dizem (confortáveis demais no poder há já algum tempo) e preparados para tentar impor suas vontades sempre que a oposição deixar, esta tende a ser igualmente burra na resposta, não passando da primeira linha do que o governo tenha a dizer e discutindo antes a vírgula que a frase, antes a escorregada lexical que o texto. De comentário engraçado no bar, o purismo linguístico virou argumento de ciência política.

Estudar e melhorar é importante, mas purismos histéricos como "estão maculando a língua nacional/portuguesa/brasileira" são asneiras que só servem para desmerecer, para o leitor ou ouvinte, aquilo que esses supostos paladinos da língua não têm a capacidade (ou a vontade) de discutir objetivamente. A questão é, em Norma Culta ou não, vocês, leitores, têm algo MELHOR a dizer? Vocês são capazes de colocar isso em prática? Vocês têm algo a acrescentar? Vocês conseguem separar o joio do trigo das medidas governamentais ou oposicionistas e apoiar o que presta dentro do que não presta, ou distorcer o que não presta (no papel) em algo que presta (no mundo real)? Vocês conseguem diferenciar ideais, partidos, coalizões e indivíduos do sistema em que se inserem? Vocês conseguem ver que o mundo é complexo, e que não é porque o PT e a "oposição" nos tratam como crianças que nossas mentes precisam funcionar nesse nível intelectual?

terça-feira, 1 de março de 2011

Twitter Id

Mal entrei hoje no bar da faculdade e um garçom, que há séculos não me encontrava (porque há muito eu não ia no campus), levantou a mão fazendo um V com dois dedos e me cumprimentou com "E aí, Tigrão?" Não se trata de termo genérico, "Tigrão" era meu apelido na faculdade. Não era pelo funk Bonde do Tigrão, um ano mais jovem que meu apelido, mas por uma referência pontual de uma colega ao Tigrão do Ursinho Puff.

O garçom em questão é um patrimônio cultural para todo mundo que frequenta aquele bar. Além disso, é uma das poucas pessoas da faculdade que ainda posso encontrar ao vivo e a cores, de modo que é um dos raros seres humanos ainda responsável pela sobrevivência de meu apelido. Pareceu-me, por isso, que eu deveria ceder a algo que pensei logo que fiz a conta no Twitter e referir lá também o querido apelido. Tinha deixado Retórico Sincero porque o fiz vindo do blog, mas me parece que meu apelido merecia tratamento mais carinhoso.

Usarei lá, como aqui, o diminutivo de Tigrão: Tigre - obviamente, como tigrezinho ou tigrinho são os diminutivos quando Tigre é a forma neutra... No Twitter, no entato, surgiria a questão de, querendo colocar um segundo nome, ter de escolher entre Sincero ou Retórico. Quero dizer, seria ou Tigre Retórico, ou Tigre Sincero. A segunda opção me parece meio convencida e também inútil. Em certo sentido, não se esperaria de um tigre que não fosse sincero. Além disso, enfatizar a sinceridade traria a questão de quem não é sincero, ou de que eu seria sincero como uma postura moral "neste mundo sem sinceridade"... Enfim, levantaria pressupostos desnecessários.

Já Tigre Retórico dá um atributo menos esperado de tigres, encaixa bem com a foto que escolhi lá e destaca o que interessa para mim no blog. Aqui, como lá, sou sincero quando quero, mas a forma de escrever algo sempre me chama a atenção. É este o nick apropriado, portanto, e, se a conexão permitir, assim que terminar de digitar este texto irei lá e mudarei de nick. À bientôt!