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Muitas vezes, jornalistas, editores e outras pessoas ligadas às decisões de um jornal (televisivo ou não) entendem sua função social como a de educar, ou, pelo menos, pensam que isso é muito de sua responsabilidade profissional. Vários facilmente levam isso ao extremo. Como educar é algo fortemente associado a crianças, acreditam que o ato tem de ser feito de forma infantiloide. Certos representantes da categoria, porém, já pensam de forma infantil, de modo que acreditam não apenas que tratar as pessoas como crianças é natural e adequado, mas também que o resto do mundo concorda e faz o mesmo movimento. Para esses, todos os seres bem-intencionados falam com o público como quem se dirige ao sobrinho de 6 anos, o que termina por formar, com a imprensa, o complô da infantilização mundial.
Recentemente, o jornal Pioneiro, de Caxias, pegou para cúmplice os Beatles e "educou" sobre o trânsito usando o atropelamento de uma criança e de sua mãe como mote. Elas não usaram a faixa de segurança, apesar de a banda inglesa ter dado o exemplo na capa de Abbey Road!
"Se a mãe e a filha de 4 meses [a filha tem culpa também?] tivessem feito como Ringo, Paul..." não teriam sido atropeladas; deveríamos "fazer como os moços de Liverpool indicam"! Ou seja, a capa do LP dos Beatles tem por finalidade a educação pública, essa atitude é muito atual e os caxienses deveriam ir buscar, na Inglaterra de 1969, a forma como se deve atravessar ruas. Deixemos para trás a péssima relação que pedestres descuidados necessariamente têm com os violentos e bruscos motoristas da cidade e culpemos pelo acidente a falta de música pop antiga nas rádios regionais.
5 comentários:
Sim, sim... mães e crianças de 4 anos deviam fazer TUDO os que os quatro rapazes faziam...
Aproveitando o post, vou ouvir Number 1... rs
hehehe. Detalhe: 4 meses, não 4 anos! Melhor ainda...
Ah, considerando que os caxienses não são muito afeitos às regras de trânsito, provavelmente diria o jornalista que a criança já antecipava um comportamento que certamente apresentaria no futuro.
Ou seja: educar pra quê?!
De fato. Ingênuo da minha parte perguntar se a criança teria culpa para o repórter.
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