As eleições reencarnarão uma oposição tipicamente representada por FHC x Lula, o que traz de volta a discussão sobre estatização e privatização (ela se apresenta mesmo com essa simplificação, mas a estatização propriamente não parece ser mais proposta). A capa da nova Exame, "Os tentáculos do Estado", justamente entra no assunto, e sua postura não poderia ser mais classicamente "empresária": a discussão é apresentada nas piores cores, como ameaça pesada e estagnante, contra a qual as pessoas devem se defender. Há aquele mínimo pé-atrás contra tanta paranoia, logo recuperada em paranoia sim.
Como minha postura é classicamente avessa ao marketing, em geral as defesas por uma postura me convencem mais de tomar a contrária, e é exatamente o caso dessa Exame. Se os empresários estão se armando assim contra potenciais planos de governo de Dilma, talvez ela tenha algo, sim, a propor que seja interessante para mim. Afinal, com certeza o público e os produtores da Exame não se enquadram no mesmo quadro social que eu, seja ideológico, econômico ou eleitoral. Nossos interesses raramente são os mesmos, e eu sei o que é uma empresa tirar todo o proveito possível de seus contratos sem nenhuma consideração pela lei. A única forma de combater esse tipo de situação depende de um Estado que se intromete sem ficar plenamente do lado deles. Se isso precisa vir acompanhado de taxações questionáveis e intervenções dúbias, me é preferível discutir essas intromissões caso a caso a passar a régua e simplesmente deixar os donos de empresas numa situação confortável e descansada. Se o público da Exame está tranquilo num determinado quadro político, infelizmente, é porque eu não estou.
Um comentário:
Se o marketing a favor de algo te faz tender à posição contrária, você devia ter lido a Carta [da] Capital da mesma semana. Aí você ficaria completamente em cima do muro... rs
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